Poluição
do ar em SP cai pela metade com greve de caminhoneiros, diz instituto.
Com
diminuição do tráfego, dois pontos da capital paulista registraram 50% de
melhora na qualidade do ar. Instituto da USP estuda impactos na saúde.
Compare a visão da poluição em
São Paulo nesta quarta-feira (30/05/18) com a quarta-feira da semana passada
(23/05/18).
A
diminuição do tráfego de veículos na capital paulista devido à greve dos
caminhoneiros fez com que a poluição do ar caísse pela metade, segundo
levantamento realizado pelo Instituto de Estudos Avançados da Universidade de
São Paulo (IEA-USP). Os dados são preliminares.
Na
comparação dos sete primeiros dias da greve com a semana anterior, a qualidade
do ar melhorou em 50% em dois pontos de medição da Companhia Ambiental do
Estado de São Paulo (CETESB) - no Ibirapuera (Zona Sul) e Cerqueira César
(região central).
“Isso é
uma observação que ainda vamos desenvolver em estudo, mas o fato é que a cidade
conseguiu registar dias com qualidade do ar dentro do padrão considerado bom
pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que é uma exceção”, afirma o médico
patologista Paulo Saldiva, diretor do IEA.
A
CETESB mantém 30 pontos de monitoramento na Região Metropolitana de São Paulo.
Saldiva afirma que os dois pontos foram escolhidos como amostra porque dão um
panorama sobre tipos diferentes de poluentes: os primários (que saem
diretamente dos escapamentos) e os secundários (que são formados após reações
químicas).
Saldiva
afirma que o estudo pretende relacionar as reduções das emissões com os
impactos na saúde, medindo os índices de internações e mortes, por exemplo. O
objetivo é propor políticas públicas que priorizem um transporte mais moderno e
eficiente.
“Se
investirmos no transporte elétrico ou com combustível menos poluente, carros
compartilhados ao invés dos pessoais, São Paulo conseguirá ter uma qualidade do
ar melhor. Além de perderem menos tempo, as pessoas adoeceriam menos, gerando
menos custos para o sistema de saúde”, diz.
"Os
governantes se preocupam no custo de implantação das alternativas, mas esquecem
de avaliar como é caro manter esse sistema baseado no diesel. Estamos amarrando
toda nossa estrutura a um combustível sujo sobre o qual não temos nem controle
do preço”, afirma o médico.
O que diz a CETESB
A
Cetesb afirma que houve, de fato, uma melhora na qualidade do ar nos últimos
dias. Mas diz que não é possível mensurar a quantidade exata de poluentes que
deixaram de ser emitidos na capital por conta da greve.
Qualidade
do ar nas estações de medição da Região Metropolitana de São Paulo
Dias
|
Boa
|
Moderada
|
Ruim
|
Muito ruim
|
Péssima
|
Estações ausentes
|
2ª feira (21)
|
27
|
|
|
|
|
3
|
3ª feira (22)
|
13
|
14
|
1
|
|
|
2
|
4ª feira (23)
|
10
|
17
|
2
|
|
|
1
|
5ª feira (24)
|
22
|
6
|
1
|
|
|
1
|
6ª feira (25)
|
28
|
1
|
1
|
|
|
1
|
sábado (26)
|
28
|
1
|
|
|
|
1
|
domingo (27)
|
28
|
1
|
|
|
|
1
|
2ª feira (28)
|
29
|
0
|
|
|
|
1
|
3ª feira (29)
|
29
|
0
|
|
|
|
1
|
“É possível dizer que a queda no trânsito
refletiu diretamente na qualidade do ar, porque eram muito menos fontes de
emissão. Na segunda (28) e na terça (29) todos os pontos de medição na capital
tiveram qualidade boa. Isso não é comum durante a semana”, afirma Maria Lúcia
Guardani, técnica da divisão de Qualidade do Ar da companhia.
“Mas é
importante lembrar que a medição da qualidade depende de muitos fatores, entre
eles os meteorológicos. No fim de semana tivemos uma condição climática
considerada favorável, com mais ventos que ajudaram na dispersão dos poluentes.
Isso contribuiu para a qualidade boa. Na semana passada, além do trânsito mais
intenso por causa da liberação do rodízio, a falta de vento e chuva dificultou
ainda mais a dispersão dos poluentes”, diz.
Mapa mostra qualidade do ar boa
em toda Região Metropolitana de São Paulo em 30/05/18. (g1)
Nenhum comentário:
Postar um comentário