Uma
plataforma de petróleo destruída pelo furacão Ivan, em 2004, segue vazando em
silêncio há 14 anos.
Imagem
aérea de uma mancha de óleo no Golfo do México, tomada em 28/04/2018.
Uma
explosão na sonda petrolífera Deepwater Horizon em 2010 deu início ao que ficou
conhecido como o maior desastre ambiental dos EUA, com o vazamento de 4,9
milhões de barris de petróleo (quase 800 milhões de litros) nas águas do Golfo
do México. A tragédia chamou a atenção de ambientalistas do mundo todo, que
passaram a avaliar os danos para a região. No processo, viram que aquele não
era o único vazamento, conforme revela o jornal
Washington Post.
Descobriram
que a 19 quilômetros da costa da Louisiana, outra plataforma estava vazando
óleo constantemente. Algo entre 50 mil e 100 mil litros todos os dias desde
2004, quando o furacão Ivan afundou a plataforma de produção de petróleo da
Taylor Energy.
Mas,
ao contrário da Deepwater Horizon, quando o vazamento foi contido em alguns meses,
a da Taylor nunca chamou tanta atenção e até hoje, 14 anos depois, contamina as
águas do Golfo do México, levando muitos a acreditarem que esse sim é o maior
desastre ambiental da história dos EUA.
De
acordo com o jornal
Washington Post, o vazamento da Taylor Energy é amplamente desconhecido fora da
Louisiana por causa do esforço da empresa em mantê-lo secreto na esperança de
proteger sua reputação. A empresa afirma não haver provas de que algum dos
poços está vazando.
No
mês passado, o Departamento de Justiça apresentou uma análise independente
mostrando que o derramamento foi muito maior do que o de um a 55 barris por dia
que o Centro Nacional de Resposta da Guarda Costeira dos EUA (NRC) alegou,
usando dados fornecidos pela companhia petrolífera.
O
autor da análise, Oscar Garcia-Pineda, consultor de geociências especializado
em sensoriamento remoto de vazamento de óleo, disse que houve vários casos em
que o NRC relatou estimativas baixas nos mesmos dias em que encontrava camadas
pesadas de petróleo no campo. "Há evidências abundantes que apoiam o fato
de que esses relatórios do NRC estão incorretos", escreveu.
Mas
não fica por aí. O Golfo é uma das regiões mais ricas e produtivas de petróleo
e gás do mundo, que deve render mais de 600 milhões de barris somente este ano,
quase 20% da produção total de petróleo dos EUA. Outros 40 bilhões de barris
ficam no subsolo, esperando para serem recuperados, dizem analistas do governo.
Cerca
de 2 mil plataformas estão nas águas da Louisiana. Quase 2 mil outras estão
fora da costa de seus vizinhos, Texas e Mississippi. Além disso, são mais de 80
mil quilômetros de oleodutos ativos e inativos transportando petróleo e
minerais para a costa.
Para
cada mil poços, há uma média de 20 descargas descontroladas de petróleo a cada
ano. Um incêndio ocorre a cada três dias, em média, e centenas de trabalhadores
são feridos anualmente. Em média, 330.000 galões de petróleo bruto são
despejados a cada ano na Louisiana a partir de plataformas marítimas e tanques
de petróleo em terra, de acordo com uma agência estatal que os monitora.
Enquanto
isso, O presidente Donald Trump está propondo a expansão de arrendamentos para
a indústria de petróleo e gás, com o potencial de abrir quase toda a plataforma
continental externa para perfuração offshore. Isso inclui a costa do Atlântico,
onde a perfuração não acontece a mais de meio século e onde os furacões atingem
com o dobro da regularidade que no Golfo.
A
tendência é que a camada de óleo com as cores do arco-íris que se estende por
quilômetros entre a floresta de plataformas chegue ainda mais longe. (globo)
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