Aumento da temperatura do Atlântico e redução do uso
de aerossóis foram relacionadas à violenta temporada de furacões de 2017.
Furacão
Florence
O
furacão Florence mal foi embora, e agora é a vez do Rosa provocar ventos de até
220 km/h e causar turbulência no litoral do Pacífico nos Estados Unidos e
México. Uma equipe de pesquisadores comprovou que o aumento dos fenómenos
extremos tem mais da mão humana do que se imaginava.
Para
chegar à conclusão, eles analisaram a catastrófica temporada de furacões que
atingiu o Atlântico no ano passado, deixando três mil mortos e US$ 250 bilhões
de prejuízo, e foi classificada como a sétima temporada mais ativa desde que os
registros começaram em 1851. Foram 17 tempestades nomeadas, sendo seus grandes
furacões.
No
estudo publicado na revista Science, Hiroyuki
Murakami, pesquisador da Universidade de Princeton, e seus colegas usaram modelos
de computador de alta resolução para analisar as tempestades que ocorreram
entre 1º de julho e 30 de novembro.
Eles
observaram diversos fatores que poderiam ter causado tanta turbulência na
atmosfera. Sempre suspeita, La Niña, um fenômeno em que a temperatura da água
esfria no Pacífico, foi inocentada dessa vez. O problema estava do outro
lado, no Atlântico mesmo.
Em
2017, as águas esquentaram acima da média dos oceanos do planeta, o que
provocou uma temporada tão intensa. Embora isso possa ser o resultado da
variabilidade natural da estação, "também é possível que o aquecimento
global induzido pelo efeito estufa possa ter causado o surgimento da
pronunciada maior atividade de furacões", escreveram os pesquisadores.
A
equipe também realizou experimentos de simulação usando modelos climáticos para
observar como a intensidade do furacão mudaria com o tempo. Os resultados
mostraram que o aumento das temperaturas globais e a diminuição do uso de
aerossóis (após a descoberta do buraco na camada de ozônio) levarão a um maior
número de grandes furacões.
“Descobrimos
que os principais furacões ativos do ano passado foram causados devido ao efeito combinado da variabilidade natural e da força antropogênica (diminuição de aerossóis e aumento de gases
de efeito estufa)”, disse Murakami à Newsweek. “Embora a estimativa das contribuições
de cada componente seja difícil, o impacto do forçamento antropogênico não pode
ser negligenciado ”.
Um estudo anterior havia demonstrado
que os aerossóis interagem com as nuvens e as deixam mais brilhantes e
próximas, isso acaba limitando a incidência solar, limita o aquecimento do
oceano, o que modifica o padrão de circulação na atmosfera de modo que acaba
suprimindo os furacões no hemisfério norte. Com a redução dos aerossóis, devido
ao dano na camada de ozônio, os furacões ganham força.
"O
que podemos dizer do nosso estudo é que o aumento da força antropogênica
aumenta a frequência de furacões intensos", contou Murakami. “Portanto, é
possível que a força antropogênica contribua para o surgimento do furacão
Florence.”
Segundo
ele, a tendência é piorar. “Como os dados fiáveis de ciclones tropicais observados em longo prazo são limitados antes da
era dos satélites, é difícil argumentar se a
tendência positiva de furacões intensos nos últimos anos se deve a
forças antropogênicas”,
pondera.
“A
taxa projetada de aumento de furacões intensos pelo modelo climático também é
lenta e o aumento de furacões intensos será mais significativo no final deste
século, juntamente com algumas variações causadas pela variabilidade natural”,
finalizou Murakami na Newsweek. (globo)
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