Degelo
cria processo que impulsiona o derretimento que, nas últimas duas décadas, foi
33% maior que a média do século 20.
Rachaduras no gelo da
Groenlândia são mais preocupantes do que imaginavam os cientistas.
Que a Groenlândia está
derretendo já não é nenhuma novidade. Os cientistas já descobriram que a perda da massa de gelo está mudando
até o eixo da Terra, mas nenhum estudo tinha dado conta de medir a
velocidade com que o aquecimento da temperatura está transformando em água
parte da ilha congelada - até agora.
"O derretimento não está
apenas aumentando - está acelerando", diz o principal autor do estudo publicado
no periódico Nature, Luke Trusel, glaciologista da Rowan University em
Glassboro, Nova Jersey. "E isso é uma preocupação fundamental para o
futuro".
Pesquisas anteriores
mostraram um recorde de degelo em partes da Groenlândia, mas a análise mais recente
inclui a primeira estimativa do escoamento histórico em toda a camada de gelo.
Os resultados mostram que a taxa de escoamento nas últimas duas décadas foi 33%
maior que a média do século 20 e 50% maior do que na era pré-industrial.
Para chegar à conclusão, a
equipe de Trusel fez diversas perfurações de mais de 140 metros na camada de
gelo no centro-oeste da Groenlândia em 2014 e 2015. Os pesquisadores compararam
os dados da camada de gelo e informações mais antigas da mesma área, com
observações de derretimento por satélite na Groenlândia, e estimativas de
derretimento e escoamento de um modelo climático regional.
A borda aquosa de uma geleira
no oeste da Groenlândia.
As descobertas reforçam um
estudo publicado em março que descobriu que a Groenlândia Ocidental está
derretendo mais rápido atualmente do que em pelo menos 450 anos. "O que
este papel faz bem é expandir esse registro para toda a camada de gelo",
diz Erich Osterberg, climatologista do Dartmouth College, em Hanover, New
Hampshire, e coautor do estudo publicado em março.
Ciclo vicioso
O relatório de Trusel também
sugere que o aquecimento está alterando a estrutura superior da camada de gelo.
Descongelar e recongelar cria um ciclo vicioso: a neve brilhante é substituída
por manchas escuras de gelo que absorvem mais calor do Sol, aquecendo ainda
mais a Groenlândia.
O ciclo de derretimento e
congelamento também torna o gelo menos permeável, e a água escoa para o oceano
em vez de escorregar para dentro da camada de gelo. “O efeito geral é que o
derretimento gera ainda mais derretimento e escorrimento”, diz Trusel.
O volume de água da
Groenlândia que escoou para o oceano atingiu um pico de 350 anos em 2012,
quando a camada de gelo liberou cerca de 600 gigatoneladas de água no oceano -
o suficiente para encher 240 milhões de piscinas olímpicas. Globalmente, os
níveis médios do mar aumentaram cerca de 3,5 milímetros por ano desde 2005. A Groenlândia é agora o segundo
maior contribuinte para esse aumento, representando cerca de 22% do
total, de acordo com a análise mais recente do Programa Mundial de Investigação
Climática. E esse número deve aumentar. (globo)
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