As emissões contínuas e
crescentes de gases de efeito estufa (GEE) estão provocando mudanças climáticas
desastrosas não só para toda a humanidade, mas também para todos os seres vivos
do Planeta.
São, cada vez, mais notórios
os sinais de caos climático e ambiental, como os furacões, tufões e ciclones
que atingiram diversas partes do mundo em 2018 (Jebi no Japão, Mangkhut na
Filipinas e China, Florence e Michael nos EUA, etc.), as ondas de calor que sufocam as pessoas, as queimadas que
destruíram casas e vegetações na Europa e principalmente na Califórnia, secas
que provocaram fome em diversas partes do mundo, enchentes que destruíram
propriedades, plantações e custaram a vida de milhares de pessoas, etc.
Acontecimentos assim acontecem periodicamente em distintos territórios do
globo.
Porém, o que está ruim tende
a piorar. Em um futuro não muito distante, os desastres não virão um de cada
vez e um em cada local. Em vez disso, poderá ocorrer, simultaneamente, uma
cascata de catástrofes, algumas graduais, outras abruptas, mas todas agravadas
e potencializadas pelo aquecimento global e pela degradação dos ecossistemas.
Artigo de Camilo Mora et.
al., “Broad threat to humanity from cumulative climate hazards intensified by
greenhouse gas emissions”, publicado na prestigiosa revista Nature climate change
(19/11/2018), mostra que as mudanças climáticas trarão múltiplos desastres de
uma só vez. “Enfrentar essas mudanças climáticas será como entrar em uma briga
com Mike Tyson, Schwarzenegger, Stallone e Jackie Chan – tudo ao mesmo tempo”,
disse o principal autor do estudo, que descreve os inúmeros impactos que devem
atingir a civilização nos próximos anos.
No total, os pesquisadores
identificaram 467 maneiras distintas em que a sociedade já está sendo impactada
pelo aumento dos extremos climáticos e, em seguida, expuseram como essas
ameaças provavelmente se acumularão umas nas outras nas próximas décadas (ver
gráfico acima). Se algo não for feito para reduzir drasticamente as emissões de
gases do efeito estufa, em vez de lidar com um único grande risco de cada vez,
as pessoas em todo o mundo podem ser forçadas a lidar com três a seis ao mesmo
tempo.
Para chegar a essa conclusão,
a equipe de 23 cientistas analisou mais de 3.000 artigos científicos revisados
por pares. Eles examinaram o impacto na saúde humana, suprimentos de alimentos,
água, economia, infraestrutura e segurança de múltiplos fatores, incluindo
aumento de temperatura, seca, ondas de calor, incêndios florestais,
precipitações, inundações, tempestades poderosas, aumento do nível do mar e
mudanças na cobertura da terra. química do oceano.
A Universidade do Havaí em
Manoa, onde vários dos cientistas estão baseados, chamou o trabalho de “uma das
avaliações mais abrangentes de como a humanidade está sendo impactada pela
simultânea ocorrência de múltiplos riscos climáticos fortalecidos pelo aumento
das emissões de gases do efeito estufa”. Enquanto a maioria dos estudos se
concentra em uma ou duas ameaças da mudança climática, este artigo agrega os
impactos e mostra como as ameaças não são isoladas, mas sim uma sobre a outra.
Mas a despeito das boas
intenções do Acordo de Paris, assinado
em 2015, e das Conferências das Partes (COPs), as emissões globais estão
aumentando e os compromissos dos países estão sendo insuficientes para atingir
os objetivos acordados na capital francesa. Está cada vez mais difícil alcançar
a trajetória de decrescimento das emissões de GEE, como mostrou o Relatório de Emissões de 2018, apresentado
no final de novembro pela ONU Meio Ambiente.
Isto reforça as conclusões do
estudo de Camilo Mora et. al. (19/11/2018), quando afirma que até 2100 a
população mundial ficará exposta, especialmente algumas áreas costeiras, até
seis perigos ambientais simultâneos. Isto quer dizer, também, que o
desenvolvimento sustentável está se tornando um oximoro e o tripé da
sustentabilidade virou um trilema.
Casa danificada após a passagem
do furacão Michael em 10/10/18, no estado da Flórida em USA.
Em vez de aumentar a
resiliência das populações, a humanidade está ficando cada vez mais exposta à
múltiplos riscos e se mantendo cada vez mais vulnerável. (ecodebate)
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