Temos muitas razões para
lembrar da importância do Dia Mundial da Água, instituído pela ONU em 22 de
março de 1992. Algumas delas, como a quantidade de água potável
no planeta ou a porcentagem de água do corpo do ser humano, são dados que
acabamos aprendendo na escola, porém, muitas vezes esquecemos ou não ligamos.
Mas quando falta água ou quando é demasiado o montante, vide as enchentes desta
época no sudeste do país, vira tema de jornais, noticiários e redes sociais. E
o mais interessante é que, rapidamente, todos viram especialistas sobre o tema
e defendem ou atacam.
Um dos 17 Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, estabelecido em 2015, como um “sonho”
comum dos seres humanos deste planeta, é o ODS número 6, que é sobre “Água
Potável e Saneamento”. Neste ODS 6 (https://nacoesunidas.org/pos2015/ods6) o
objetivo é assegurar a disponibilidade e a gestão sustentável da água e
saneamento para todos. E quebra em mais metas, como até 2030 alcançar o acesso
universal e equitativo a água potável e segura para todos. E tem uma meta
muito instigante, que é apoiar e fortalecer a participação das comunidades
locais para melhorar a gestão da água e saneamento. São seis metas neste
objetivo e dois subtópicos.
Porém, com toda esta clareza,
muitos especialistas na área hídrica batalhando para mostrar a importância
deste bem essencial aos seres humanos, congressos, discussões, por que ainda,
segundo a página da ONU (https://nacoesunidas.org/acao/agua/),
milhões de toneladas de esgoto tratado inadequadamente e resíduos agrícolas e
industriais são despejados nas águas de todo o mundo?
Grandes empresas acabam não
gerenciando os seus riscos ambientais e poluindo rios e mares com os seus
produtos ou subprodutos do seu processo produtivo como vemos no Brasil e no
mundo. Dois terços da população mundial em 2017 vivem em áreas que passam pela
escassez de água pelo menos um mês por ano. Relatórios sobre estes dados
são feitos anualmente como o Relatório Mundial das Nações Unidas sobre o
Desenvolvimento dos Recursos Hídricos (World Water Development Report – WWDR) (http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/natural-sciences/environment/wwdr/).
Então, o problema não é a falta de pesquisas, dados ou alertas de especialistas
e estudiosos.
desde janeiro de 1997,
conhecida como Lei das Águas que instituiu a Política Nacional de Recursos
Hídricos (PNRH). Ela coloca que a água é considerada um bem de domínio público
e um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Esta gestão da água
deve proporcionar os seus vários usos de forma descentralizada e participativa.
E tem que contar com a participação do Poder Público, dos usuários e da
comunidade. E se tiver uma situação de escassez o uso prioritário é para o
consumo humano e para a dessedentação de animais. E o segundo artigo da
Lei é mais bacana: “Assegurar a disponibilidade de água de qualidade às
gerações presentes e futuras, promover uma utilização racional e integrada dos
recursos hídricos e a prevenção e defesa contra eventos hidrológicos (chuvas,
secas e enchentes), sejam eles naturais, sejam decorrentes do mau uso dos
recursos naturais”.
Pois é, estamos assegurados,
mas para que isso aconteça temos que estar cientes e cobrar dos governantes, ou
seja, educar as pessoas para este conhecimento. Um conhecimento essencial para
a nossa sobrevivência, lembrando mais uma vez que a água é uma das bases da
nossa vida.
As empresas sabem disso muito
bem, principalmente, para que seus negócios continuem, tenham perenidade e se
sustentem. As empresas de bebidas alcoólicas e não alcoólicas, por exemplo,
dependem da água como o seu insumo principal. A agricultura e a pecuária
dependem deste recurso para trabalhar e produzir. A mineração, as montadoras,
os megacomputadores dos bancos e muitas outras empresas dependem da energia que
vem da água das hidrelétricas, nossa maior matriz. Ou seja, a água é essencial
na nossa cadeia produtiva e no PIB do país. Tenho um grande amigo professor que
sempre dizia que, na verdade, não exportamos grãos, cana, carne, minério de
ferro ou qualquer outro insumo para os outros países. Na verdade, exportamos
água em forma de carne, grãos, minério de ferro, etc. Os nossos principais
negócios dependem diretamente ou indiretamente da água.
A água é um dos pilares da
economia brasileira e só continuaremos tendo esta abundância se cuidarmos das
nossas fontes, não poluirmos e tudo o que geralmente se aprende na escola (de
novo). Mas precisamos sair do conceito e das leis escritas e passarmos para a
ação, cobrança e fiscalização. E isso é trabalho do governo, da sociedade
e das empresas. Se não fizermos isso urgente não conseguiremos “assegurar a
disponibilidade de água de qualidade às gerações presentes e futuras”.
(ecodebate)
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