O
grupo BRICS reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e tem certo
protagonismo no cenário internacional. Parece que o atual governo brasileiro
não deve dar muita importância para este bloco econômico e político (a 11ª
Cúpula do BRICS será realizada no Brasil, em 2019, com Bolsonaro como
anfitrião).
Mas
o termo BRIC (soa como tijolo em inglês) não foi invento por nenhum esquerdista
globalista, mas sim pelo economista Jim O’ Neill, do banco de investimento
Goldman Sachs, em 2001, com o objetivo de orientar as empresas e os
investidores mundiais sobre as oportunidades de negócios nos grandes países
“emergentes” do globo: Brasil, Rússia, Índia, China. Estes quatro países estão
entre aqueles da comunidade internacional com maior território ou maior
população. O termo fez sucesso e para adquirir um caráter mais amplo, em um
segundo momento, foi incluída a África do Sul (South África) e o termo BRIC
ganhou mais uma letra, se transformando em BRICS.
Em
termos demográficos, o grupo BRICS é uma potência, especialmente porque inclui
os 2 países mais populosos do mundo. Em 1950, o BRICS possuía uma população
total de 1,1 bilhão de habitantes (China = 554 milhões, Índia = 376 milhões,
Rússia = 103 milhões, Brasil = 53 milhões e África do Sul = 13 milhões). Isto
representava 43,4% da população mundial de 2,5 bilhões de habitantes, conforme
mostra o gráfico acima. Em 2018, a população total do BRICS passou para 3,18
bilhões de habitantes (China = 1,42 bilhão, Índia = 1,35 bilhão, Rússia = 144
milhões, Brasil = 211 milhões e África do Sul = 57 milhões).
No
conjunto o BRICS representava 41,7% dos 7,6 bilhões de habitantes globais em
2018. Para 2100, a população total do BRICS deve se reduzir para 2,9 bilhões de
habitantes (China = 1 bilhão, Índia = 1,52 bilhão, Rússia = 124 milhões, Brasil
= 190 milhões e África do Sul = 76 milhões). No conjunto o BRICS deve
representar 26,2% dos 11,2 bilhões de habitantes da Terra, no final do atual
século, conforme a projeção populacional média da Divisão de População da ONU.
O
pico absoluto da população do BRICS acontecerá em 2045 com o volume de 3,47
bilhões de habitantes. Mas, em termos relativos, o pico da participação da
população do BRICS, que foi de aproximadamente 44,5% do total da população
mundial, já aconteceu no período entre 1975 e 1995. Ou seja, a população dos 5
países do grupo BRICS vai continuar crescendo em termos absolutos até 2045, mas
em termos percentuais já está diminuindo do patamar mais elevado de 44,5% na
última década do século passado e deve ficar em 26,2% no final do atual século.
A
população em idade ativa (PIA) do BRICS, em 1950, era de 670 milhões e
representava 43,5% dos 1,54 bilhão de pessoas em idade ativa (15-64 anos) no
mundo, conforme mostra o gráfico abaixo. Este número, em termos absolutos,
subiu durante toda a segunda metade do século passado e deve atingiu o pico em
2030, com 2,29 bilhões de pessoas entre 15 e 64 anos. A partir daí, a PIA vai
diminuir e deve ficar em 1,67 bilhão de pessoas no final do atual século. Mas
em termos relativos, a PIA do BRICS atingiu o cume no período 1980 a 2005, com
um percentual de cerca de 44,6%, mas já está diminuindo e deve ficar em 25% em
2100. Ou seja, o potencial de pessoas produtivas do BRICS, em relação à força
de trabalho global, deve cair de quase 45% em 2005 para um quarto no final do
século.
O gráfico abaixo mostra que os 44,5% da PIA do BRICS em relação à PIA
global está bem acima do percentual do território do BRICS em relação à área
terrestre do mundo. O país mais extenso é a Rússia, com 17,1 milhões de km2. Em
seguida vem a China com 9,6 milhões de km2, o Brasil com 8,5 milhões
de km2, a Índia com 3,3 milhões de km2 e a África do Sul
com 1,2 milhão de km2. Em 2100, o percentual da PIA de 25% em
relação à PIA global vai ficar mais próxima dos 26,7% do território do BRICS em
relação ao território terrestre do Planeta.
Um
dos fatores que contribuem para o sucesso produtivo do grupo BRICS é a
existência de um bônus demográfico. Nota-se, pelo gráfico abaixo, que a Razão
de Dependência do BRICS subiu entre 1950 e 1965, mas começou a cair a partir de
então e atingiu o nível mais baixo em 2015, com 44,4% de pessoas dependentes
para cada 100 pessoas em idade de trabalhar. Neste mesmo período a percentagem
da PIA passou de menos de 60% para o cume de 69,3% em 2015.
Portanto,
o auge do bônus demográfico já aconteceu para o BRICS e a partir de 2015 a
janela de oportunidade começou a se fechar. Mas o quadro demográfico vai
continuar ainda favorável até 2030, quando a PIA chega ao seu auge em termos
absolutos. Entre 2030 e 2060 a janela demográfica vai se fechar totalmente, já
que em 2060 a percentagem da PIA de 61,2% será menor do que o percentual da
razão de dependência de 63,3%. Nas últimas quatro décadas do século o quadro
demográfico do BRICS vai ficar muito desfavorável.
Ou
seja, o BRICS tem até 2030 para avançar no aproveitamento do bônus demográfico.
Terá dificuldades para aproveitar o período seguinte até 2060 e terá um cenário
difícil com o grande envelhecimento populacional e indicadores demográficos
desafiadores nas décadas derradeiras do século XXI.
Evidentemente,
a demografia não é destino. O grupo BRICS já caminha para o fim do 1º bônus
demográfico, mas poderá aproveitar um segundo bônus se elevar as taxas de
investimento e poupança (como tem feito a China).
O
mundo está passando por grandes transformações econômicas e também ambientais.
Há esperança na área de ciência e tecnologia e grande preocupação na área
ecológica. É preciso articular estas tendências gerais com a dinâmica
demográfica para garantir alta qualidade de vida com um meio ambiente
sustentável. (ecodebate)
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