Uso da água deve aumentar 24%
até 2030, conclui estudo da ANA.
Demanda por usinas
termelétricas tende a aumentar pelo aumento da participação da fonte na matriz
elétrica.
Estudo lançado pela Agência
Nacional de Águas prevê aumento de 24% no uso da água para diferentes
finalidades até 2030, passando de 2,083 milhões de litros por segundo para mais
de 2,5 milhões de litros por segundo em 11 anos. Um dos destaques do Manual de
Usos Consuntivos da Água no Brasil é a estimativa de uso no resfriamento de
usinas termelétricas, que representa atualmente 3,8% das retiradas de água e
tem se tornado cada vez mais relevante, pelo crescimento da participação da
geração térmica na matriz elétrica brasileira.
O crescimento do consumo nos
próximos anos é esperado em todas as atividades, à exceção do consumo rural,
pela redução esperada da população no campo. O maior volume de água atualmente
vai para a irrigação, responsável por 52% da retirada total; seguida do
abastecimento urbano, com 23,8%; da indústria de transformação, com 9,1% e do
abastecimento animal, com 8%. Em quinto lugar estão as termelétricas, que
representam mais que o abastecimento rural (1,7%) e a mineração (1,6%) juntos.
Esses dados não consideram a evaporação líquida
em reservatórios artificiais vinculados a usinas hidrelétricas, açudes e outros
tipos de instalações. A evaporação líquida dos reservatórios em 2017 ficou em
669,1 mil litros por segundo, quantidade 35% maior que os 496,2 mil litros por
segundo retirado para abastecimento urbano. A quantidade de água que evapora
dos reservatórios só não é maior que a usada na irrigação.
Termelétricas
Nas últimas décadas, de
acordo com o levantamento da ANA, a retirada de água cresceu aproximadamente
80%. Entre os grandes usuários estão usinas térmicas que aumentaram sua
participação na matriz elétrica a partir dos anos 2000. Além do crescimento
motivado pela segurança que essas usinas representam para o sistema, elas tem
ampliado seu espaço pelas dificuldades que o regime hidrológico tem imposto às
hidrelétricas nos últimos anos.
“A inclusão dessa categoria
de uso representa um desafio e, ao mesmo tempo, uma possibilidade para melhor
caracterizar o uso dos recursos hídricos no território nacional”, afirma o
manual. Dados de 2017 mostram que as maiores retiradas para uso no resfriamento
de térmicas aconteceram naquele ano no Rio de Janeiro (21% da demanda total),
Santa Catarina (13%), São Paulo (11%), Pará (9%), Maranhão (9%) e Pernambuco
(8%), que somam 72% do total.
As usinas nucleares de Angra I e Angra II
utilizam água do mar no sistema de resfriamento. O levantamento mostra que em
torno de 100 UTEs demandam grandes volumes de águas em seus processos. Apesar
disso, o consumo médio é baixo e equivale a 3% da retirada, já que a maior parte
das instalações que usam água tem sistemas de resfriamento de circulação
aberta, onde quase toda a água retorna ao corpo hídrico. Existem térmicas, no
entanto, com sistemas de resfriamentos com torres úmidas onde o consumo é
superior a 70% da água retirada.
‘Tinha de usar só a metade do
que a gente precisava’.
A agência reguladora prevê
que com a entrada em operação de novas térmicas e a continuidade das que estão
ativas, a demanda média deve alcançar 93,7 m³/s em 2021, e conclui que “os
cenários futuros de uso da água pelas térmicas podem ser altamente afetados
pelas condições hidrológicas”. (canalenergia)
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