Manejo sustentável das
florestas permite sua conservação, garantindo o combate às mudanças climáticas
e à poluição do ar.
Manejo sustentável de
florestas é ferramenta fundamental no combate às mudanças climáticas
No manejo florestal
tradicional, as árvores ainda são vistas principalmente como fonte de madeira.
Todos os outros produtos derivados de terras arborizadas — como mel, cogumelos,
líquen, pequenos frutos, plantas medicinais e aromáticas, bem como quaisquer
outros produtos extraídos de florestas para uso humano — são considerados de
importância secundária.
No entanto, os recursos
florestais não madeireiros trazem amplos benefícios para milhões de famílias no
mundo todo, tanto em termos de subsistência como de renda. Além disso, o manejo
sustentável das florestas permite sua conservação, garantindo o combate às
mudanças climáticas e à poluição do ar. Leia o relato completo da ONU Meio
Ambiente.
Mata fechada na Amazônia peruana.
A colheita de cogumelos
selvagens na Europa Oriental é mais do que uma tradição, é um evento social.
Todos os anos, no fim do verão e início do outono, milhares de pessoas
percorrem a floresta procurando as maiores e mais perfeitas espécimes.
Elas levam os filhos para
indicar quais cogumelos são comestíveis e quais são venenosos, quais estão
maduros e quais devem ser deixados por mais uma semana, transmitindo
ensinamentos de gerações passadas e cuidando das florestas.
À noite, as famílias
compartilham sua colheita ao redor de pratos com deliciosas iguarias fritas.
Juntas, celebram seu amor pelas florestas, conversando sobre os melhores
lugares e relembrando os animais ou pássaros que avistaram ao longo do caminho.
As florestas estão entre os
tesouros mais valiosos do planeta: fornecem energia a partir da madeira, ajudam
na regulação da água, na proteção do solo e na conservação da biodiversidade.
No entanto, no manejo
florestal tradicional, as árvores ainda são vistas principalmente como fonte de
madeira. Todos os outros produtos derivados de terras arborizadas — como mel,
cogumelos, líquen, pequenos frutos, plantas medicinais e aromáticas, bem como
quaisquer outros produtos extraídos de florestas para uso humano — são
considerados de importância secundária.
Os recursos florestais não
madeireiros, no entanto, trazem amplos benefícios para milhões de famílias,
tanto em termos de subsistência como de renda. Esses subprodutos transformam-se
em alimentos e itens de uso diário, como cosméticos ou remédios. A proteção do
meio ambiente passa a ser considerada, portanto, uma necessidade vital.
A
Bulgária, cujas florestas cobrem mais de um terço de sua área terrestre, é um
dos pontos de maior biodiversidade da Europa. Ursos marrons, linces e lobos
podem ser encontrados em suas florestas, que também abrigam centenas de
espécies de aves, bem como uma grande variedade de tipos de árvores, incluindo
faias, pinheiros, abetos e carvalhos.
O país tem uma longa tradição
de práticas de manejo florestal. Programas de monitoramento em grande escala
estão em vigor e as comunidades locais são conhecidas por manter um olhar
atento sobre o ambiente natural. Juntos, esses fatores permitiram que as
autoridades nacionais aproveitassem ao máximo sua biodiversidade.
Mais de 90% da colheita anual
de ervas silvestres e cultivadas são vendidos como matéria-prima para Alemanha,
Itália, França e Estados Unidos, tornando a Bulgária um dos principais
fornecedores mundiais neste setor. Ao ganhar experiência na proteção e uso
sustentável de produtos florestais não madeireiros, o país se tornou modelo
para outras nações dos Bálcãs.
Nos últimos doze anos, a
Bulgária recebeu 335,3 milhões de dólares em financiamento da União Europeia
para projetos de conservação. Essas iniciativas foram implementadas pelo
Ministério do Meio Ambiente e da Água, por parques nacionais e naturais,
municípios e organizações sem fins lucrativos. Os recursos permitiram que o
país ampliasse ainda mais seus programas ambientais e assegurasse que seus
recursos florestais continuassem sendo utilizados de maneira sustentável.
No entanto, Miroslav
Kalugerov, diretor do Serviço de Proteção da Natureza da Bulgária no Ministério
do Meio Ambiente e da Água, sabe por experiência que receber dinheiro para
proteção ambiental não leva necessariamente ao sucesso. Ele afirma que, embora
o acesso a informações abrangentes seja vital para o bom gerenciamento de
qualquer recurso natural, é apenas um primeiro passo em direção às soluções
ambientais.
“Sem dados, a conservação da
natureza é caótica, os objetivos podem não ser cumpridos e a conservação de
produtos florestais não madeireiros é impossível”, diz Miroslav.
A Macedônia do Norte é um
exemplo disso. Apesar de exibir características similares à Bulgária em termos
de recursos naturais, o país ainda precisa aproveitar todo o potencial dos
produtos e serviços que suas florestas têm a oferecer. A falta de legislação
adequada e de capacidade para identificar e monitorar o status de espécies de
importância econômica para o país são em grande parte a razão disso.
Comunidades indígenas
conseguiram reverter histórico de perseguição e criaram modelo que explora
floresta de forma sustentável.
Para remediar a situação, a
ONU Meio Ambiente, o Ministério do Meio Ambiente e Planejamento Físico da
Macedônia do Norte e a Fundação Connecting Natural Values and People organizaram
uma visita de estudo à Bulgária para compartilhar experiências sobre como
preservar e administrar de maneira viável os produtos florestais não
madeireiros. Essa iniciativa fazia parte de um projeto maior – Conseguindo a
Conservação da Biodiversidade por meio da Criação e do Gerenciamento Efetivo de
Áreas Protegidas e Integrando a Biodiversidade ao Planejamento do Uso da Terra
– financiado pelo Fundo Global para o Meio Ambiente.
“A união das forças de
diferentes autoridades nacionais e locais, instituições, cidadãos e empresas
através de diferentes atividades do projeto contribuirá para a proteção e uso
sustentável dos produtos não madeireiros na Macedônia do Norte”, diz Iskra
Stojanova, coordenador de projetos da ONU Meio Ambiente.
Cerca de 80% da população do
mundo em desenvolvimento usa esses produtos para as necessidades de saúde e
nutricionais, observa Anela Stavrevska-Panajotova, coordenadora do projeto na
Fundação Connecting Natural Values and People. As práticas e habilidades
aprendidas com os especialistas búlgaros são cruciais para trabalhar na
identificação de produtos florestais não madeireiros e testes-piloto na
Macedônia do Norte.
Educar os executivos e o
setor empresarial como um todo sobre o uso sustentável dos recursos florestais
é uma solução econômica para lidar com as mudanças climáticas. O uso
sustentável de recursos ajuda a melhorar o estado das florestas e habitats e,
por extensão, assegura a segurança econômica e alimentar das comunidades
locais.
Além disso, as florestas
atuam como sumidouros de carbono e podem remover poluentes da atmosfera, o que
as torna ferramenta altamente versátil para combater a poluição do ar e mitigar
as mudanças climáticas. Todos os anos, elas absorvem um terço do dióxido de
carbono liberado pela queima de combustíveis fósseis em todo o mundo.
Melhorar
a qualidade do ar continua a ser uma das prioridades para os Bálcãs Ocidentais,
nos quais as centrais elétricas emitem 45 milhões de toneladas métricas de
dióxido de carbono por ano. Os custos diretos da poluição do ar para a saúde
podem ser medidos em bilhões de dólares.
Juntamente com a necessidade
de mudar para fontes de energia limpa, as florestas são aliadas efetivas e
naturais na luta por um ar mais limpo — e essenciais para garantir um futuro
sustentável para as comunidades que dependem delas. (ecodebate)
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