Poluição e Saúde: Má
qualidade do ar aumenta risco de infartos e AVCs no inverno.
No inverno, pessoas acima de
65 anos são mais suscetíveis a contrair doenças que podem gerar complicações.
Com a chegada do inverno, a
exposição a baixas temperaturas pode representar riscos inclusive a indivíduos
saudáveis. Se não estiverem bem agasalhados, há chances de o organismo entrar
em hipotermia, condição em que não se consegue manter o próprio corpo aquecido.
Para quem tem aterosclerose ou hipertensão, o frio intenso aumenta ainda mais a
probabilidade de ocorrerem eventos cardiovasculares, como infarto ou derrame,
conhecido como AVC (Acidente Vascular Cerebral). Estima-se em mais de 50% o
aumento do número de internações e de mortes por infarto agudo do miocárdio,
durante o inverno, em comparação com o verão, sendo que pessoas com mais de 65
anos são as mais afetadas.
O doutor Luiz Antônio Machado
César, diretor da Unidade de Coronariopatias Crônicas do Instituto do Coração
(InCor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP,
contou ao Jornal da USP no Ar os motivos pelos quais os riscos são maiores para
idosos. “Nesse período, ocorre a mudança do perfil das substâncias que são
produzidas no tecido respiratório pela traqueia e pelos brônquios pulmonares,
que reduzem nossa capacidade de combater infecções. Com isso, é no inverno que
ocorrem mais casos de resfriados, viroses e gripe, que é o maior problema: o
vírus influenza desencadeia um processo de inflamação do organismo como reação
à infecção e, se a pessoa tiver placas de aterosclerose, essa inflamação pode
fazer com que essas placas se rompam e culminem num infarto. Além disso, com o
frio, o fígado passa a produzir substâncias do sangue que aumentam os riscos de
coagulação”, conta.
Frio na cidade faz os paulistanos
saírem à rua com suas roupas de inverno para se proteger – Foto: Paulo Pinto
via Fotos Públicas
Algo que contribui com os fatores
apresentados pelo especialista é a qualidade do ar, que tende a piorar nessa
estação, o que faz com que pessoas com problemas respiratórios sejam mais
suscetíveis. “Um detalhe que se percebe ao olhar o céu é a inversão térmica.
Nos dias frios, a concentração de poluentes na nossa atmosfera é muito maior
porque eles não são dissipados, principalmente em metrópoles e cidades
industriais. Esses poluentes favorecem não só a infecção respiratória, como
reduzem a concentração de oxigênio no nosso sangue”, explica.
Mesmo sendo mais comum em
idosos, infartos e derrames também podem ocorrer em outras faixas etárias. Os
principais sintomas são caracterizados por mal-estar súbito, perda de
consciência e dificuldades em pronunciar as palavras e mexer pernas ou braços.
O doutor alerta que “mesmo que esses sintomas tenham sido passageiros, durando
apenas alguns minutos, eles ainda indicam que algo está acontecendo em algum
vaso cerebral da pessoa. É algo que começa de forma súbita e passa a aumentar
de intensidade, como um desconforto no tórax, indo para a região chamada
vulgarmente de ‘boca do estômago’ e irradiando para os braços – isso pode
indicar o início de um infarto do miocárdio”.
Segundo o médico, é preciso
se agasalhar bem durante os dias frios, protegendo principalmente o rosto. No
entanto, isso não é tão efetivo, já que a principal prevenção que pode
resguardar uma pessoa é tomar a vacina da gripe. “Em temperaturas frias, você
só consegue combater ficando em ambientes aquecidos, mas a maior proteção
conhecida na atualidade é se vacinar contra a gripe, principalmente a população
de mais de 65 anos. Com isso, a incidência de infarto é reduzida, pois impede a
concentração e desenvolvimento do vírus influenza“, alerta. (ecodebate)
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