Mudanças Climáticas: Há regiões na Índia onde poderá
ser impossível sobreviver, mostra estudo do MIT.
Algumas áreas da Índia poderão ficar inabitáveis
dentro de alguns anos, dizem investigadores do Massachusetts Institute of
Technology (MIT).
Os
cientistas preveem que, num cenário de aumento das temperaturas médias globais
de 4,5°C, regiões da Índia não serão seguras para a sobrevivência humana.
As
ondas de calor tornaram-se realidade incontestável na vida dos indianos. Em
2018, 5 mil pessoas morreram vítimas das 484 ondas de calor oficiais por todo o
país, que ocorrem entre março e julho. A cidade de Churu, próxima de Nova Deli,
registou o recorde de temperatura – 50,6°C.
Investigadores
do MIT estudaram a questão da capacidade de sobrevivência no Sul da Ásia,
analisando dois cenários apresentados pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas.
O
primeiro cenário considera um aumento das temperaturas médias globais de 4,5°C
até 2100. O segundo, mais otimista, prevê um aumento de 2,22°C até o fim do
século. Os dois valores são superiores ao objetivo estabelecido no Acordo de
Paris – menos de 2°C.
No
cenário mais otimista, nenhuma parte do Sul da Ásia ultrapassaria os limites da
capacidade de sobrevivência até 2100. No caso do primeiro cenário, as emissões
globais de dióxido de carbono permanecerão elevadas.
Se
as temperaturas globais subirem 4,5°C, algumas áreas do noroeste da Índia e de
Bangladesh serão inabitáveis. Outras regiões do país estarão próximas do limite
da inabitabilidade, assim como outros países do Sul da Ásia. É o caso de partes
do Sri Lanka e do Paquistão.
A
capacidade de sobrevivência ou habitabilidade é determinada com base na “wet
bulb temperature”, um tipo de termômetro que considera a umidade e a
temperatura exterior.
Os
seres humanos só podem sobreviver dentro de um determinado leque de
temperaturas. Quando elas são excessivas, as pessoas podem baixar a temperatura
do corpo pela transpiração.
Para
os investigadores do MIT, mesmo que o mundo reduza as emissões de dióxido de
carbono, algumas regiões da Índia ficarão tão quentes, que a capacidade de
sobrevivência humana será questionada.
Mais pobres
As
zonas da Índia em risco de sobrevivência são também algumas das mais
vulneráveis, devido a economias pobres, fortemente dependentes da agricultura e
da pesca, e devido à significativa densidade populacional, com mais de 4
milhões de habitantes.
Para
essas pessoas, os efeitos da crise climática, como as temperaturas extremas,
são particularmente sentidos.
Com
a subida da temperatura e a seca, as terras tornam-se inférteis, diminuindo a
produção alimentar. A poluição marítima afeta também os peixes, que podem ser
contaminados e, por sua vez, se consumidos, poderão levar ao aparecimento de
novas doenças.
O
preço dos alimentos aumenta, fazendo com que o acesso a eles se torne mais
difícil, podendo levar à fome milhões de pessoas. Por outro lado, a competição
pelos recursos pode intensificar-se, aumentando a probabilidade de conflitos.
Inevitavelmente,
os locais afetados terão de fechar escolas, comprometendo a educação e o futuro
emprego de milhares de pessoas.
Crise humanitária
A
Índia é o segundo país mais populoso do mundo, com cerca de 1,3 bilhão de
habitantes. Bangladesh, outro país que será potencialmente afetado, tem cerca
de 163 milhões.
Com
a previsão da comunidade científica sobre o agravamento das ondas de calor,
cresce também o medo de uma crise humanitária, resultando na deslocação forçada
de milhões de pessoas e a capacidade de vários países de acolher os futuros
refugiados climáticos.
A
Índia ou Bangladesh não são os únicos fortemente afetados pela crise climática.
Outros, como o Tuvalu, as Maldivas e as Seychelles estão em risco de
desaparecer devido à subida do nível do mar e seus efeitos nos recursos
naturais. Prevê-se que as ilhas se tornem inabitáveis nos próximos 50 a 100
anos – possivelmente mais cedo que partes da Índia. (ecodebate)
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