Com derretimento de geleiras
do Ártico, ursos polares invadiram vila no Norte da Rússia em busca de comida.
Como usar a terra de uma
maneira mais eficiente e sustentável e, ao mesmo tempo, produzir
biocombustíveis e comida para a população do nosso planeta, que não para de
crescer e deve chegar a 10 bilhões até 2050? “Ou a gente descobre como fazer
isso de forma sustentável ou esquece, estamos todos fritos”, resume Paulo
Eduardo Artaxo Netto, professor do Instituto de Física da Universidade de São
Paulo.
Artaxo é um dos 108
pesquisadores de 52 países que assinam o novo relatório do Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas órgão da ONU. O documento lista
pesquisas sobre o uso da terra e suas causas e efeitos nas alterações do clima
global. Pontos observados são a desertificação, a degradação do solo e seu uso
sustentável, a segurança alimentar e as emissões de gases de efeito estufa em
ecossistemas terrestres.
“Enquanto os outros
relatórios do IPCC tratavam apenas da redução da emissão por combustíveis
fósseis, este é o primeiro que coloca a questão do uso da terra na agenda da
política científica de mudanças climáticas globais”, explica o físico, para
quem o documento deixa “claro que temos que frear o desmatamento das florestas
tropicais, descobrir maneiras de produzir alimentos e carne com menor emissão
de gases de efeito estufa e menor impacto ambiental, além de produzir
biocombustíveis de maneira eficiente”. Na opinião de Artaxo, o relatório “caiu
como uma luva” para o Brasil no momento em que se discute a alta no
desmatamento da Amazônia.
“O Brasil pode olhar este
relatório do IPCC como uma oportunidade para o agronegócio, pra produção de
biocombustíveis e recomposição florestal. E, sobretudo para mudar a atual visão
negativa que está tendo internacionalmente como um total destruidor de
floresta, que basta anunciar a taxa de desmatamento para causar uma crise
institucional enorme”, disse.
Segundo o relatório, hoje o
desmatamento corresponde a cerca de 10% das emissões de gás carbono no ar. O
Brasil, diz o documento, perdeu 55,3 milhões de hectares de 1990 até 2010. E
essa situação pode transformar a região amazônica, por exemplo, em uma
potencial emissora de gás carbono, em vez de ser o tradicional ponto de
absorção de CO2.
“O desmatamento pode ter
efeitos cascata e maiores que os previstos. Por exemplo, se mais de 40% da
floresta amazônica for desmatada, corremos o risco de passar de pontos
irreversíveis que comprometeriam toda a sua extensão”, cita o relatório, que
conclui que “projeções sugerem que o risco de ultrapassar esses limiares
crescem com as temperaturas elevadas”.
Alimentar uma população
mundial crescente é um desafio cada vez maior, já que a produção de alimentos
global deve cair 12% nos próximos anos com a degradação do solo. Além disso,
250 milhões de pessoas vivem em lugares com processo de desertificação.
No Brasil, estresse hídrico
deve atingir 74 milhões de pessoas.
Mudanças climáticas: a maior
ameaça ao planeta.
Cerca de 40% do território
nacional apresenta níveis de ameaça aos corpos hídricos de moderado a elevado.
É o que mostra um relatório divulgado pelo Painel Brasileiro de Biodiversidade
e Serviços Ecossistêmicos.
A seca recente que afetou as
regiões Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, provocou uma perda de cerca de R$
20 bilhões na receita agrícola, queda de 7% em relação ao ano anterior. Para o
futuro, se não houver investimentos em infraestrutura, faltará água para 74
milhões de pessoas até 2035, com impacto em vários setores, em especial a
indústria, que pode sofrer 84% das perdas econômicas previstas.
O trabalho mostra que as
principais ameaças às águas no país são as mudanças climáticas, as mudanças no
uso do solo, a fragmentação de ecossistemas e a poluição.
Os alimentos que podem
desaparecer com as mudanças climáticas.
Centenas de milhares de
pessoas que perderão seus empregos e os preços de alimentos aumentam quando as
colheitas falham ou produzem menos. (otempo)
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