Máquina
recicladora desenvolvida pela Braskem será enviada à Estação Espacial
Internacional em 02/11/19.
Recicladora de plástico que será usada por
astronautas na Estação Espacial Internacional feita com tecnologia brasileira.
Não
saber para onde vai o lixo que produzimos é um luxo de terráqueos. No espaço,
onde cada grama e cada centímetro quadrado precisam ser bem utilizados, os
astronautas cortam um dobrado para lidar com seus resíduos.
Agora,
com o auxílio de uma tecnologia brasileira de reciclagem, os astronautas
da Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em
inglês) vão ganhar uma mãozinha para lidar ao menos com os detritos plásticos,
já que dentro de poucos dias deve chegar por lá um "pacote" contendo
uma máquina recicladora de plásticos, desenvolvida pela brasileira Braskem em
parceria com a norte-americana Made in Space.
Com
a recicladora a bordo, os astronautas poderão reaproveitar embalagens e
ferramentas plásticas que já tenham cumprido sua função na Estação, moendo e
fundindo esses resíduos para a produção de novos filamentos plásticos, tudo de
forma automática e com mínima intervenção da tripulação. Mais tarde, esses
filamentos poderão ser reutilizados na impressora 3D que eles já tem por
lá desde 2016, produzindo novos objetos com novas utilidades.
A
recicladora será despachada dos EUA em 02/11/19 às 10h59 (horário de Brasília),
como parte da 12ª missão comercial de reabastecimento da Northrop Grumman (NG12),
com previsão de chegada à ISS dois dias após o lançamento.
A
promessa é que a recicladora possa aumentar a autonomia das missões e otimizar
o peso que a estação precisa transportar. "A recicladora fecha o ciclo do
plástico na Estação Espacial, permitindo que os astronautas possam repor
ferramentas ou peças com menor dependência do envio de matéria prima vinda da
Terra", explica Fabiana Quiroga, diretora de economia circular da Braskem.
Do
tamanho de um micro-ondas grande (com 50 cm de largura, 43 cm de profundidade e
22 cm de altura) e capaz de transformar restos de plástico em filamentos em
menos de dez horas, a recicladora é parte de uma nova fase da cooperação entre
a Made in Space e a Braskem, que já trabalham juntas desde 2015. A parceria
começou por conta do interesse da norte-americana, que é contratada da NASA
para o desenvolvimento de tecnologias que operem em gravidade zero, no
"plástico verde" da Braskem.
Chave fabricada com impressora 3D na ISS.
"Eles
buscavam um material que tivesse flexibilidade, resistência química e
reciclabilidade, e o nosso polietileno verde tem essa característica",
explica Everton Simões Van-Dal, responsável pelos negócios de químicos
renováveis da Braskem. De quebra, por ser produzido a partir da cana de açúcar
em vez do petróleo, o plástico verde é renovável e tem uma pegada de carbono
muito menor do que outros plásticos advindos de fontes fósseis. "Cada
tonelada de polietileno verde captura 3 toneladas de gás carbônico da
atmosfera", frisa Van-Dal.
Apesar
da origem em fonte renovável, o plástico verde não é biodegradável, e por isso
existe a preocupação com o desenvolvimento de melhores técnicas de
reaproveitamento de resíduos. Como a tecnologia de reciclagem do polietileno
ainda é nova, exigindo maiores testes para garantir a qualidade dos produtos
confeccionados com o material reciclado, a ISS infelizmente ainda não poderá se
tornar autossuficiente em plástico.
Isso
porque, segundo Van-Dal, as técnicas de reciclagem atuais ainda exigem a adição
de materiais virgens para garantir a resistência dos produtos confeccionados
com o plástico reciclado. Ou seja, os astronautas ainda precisarão receber
matéria-prima plástica para a impressora que tem por lá, mas agora em menores
quantidades.
Plástico
Verde da Braskem chega ao espaço.
Com
o avanço das experiências de reciclagem espaciais, a expectativa é que possam
ser obtidos novos aprendizados que melhorem a tecnologia, trazendo um maior
interesse do mercado pelo processo de reciclagem do plástico. "Hoje já
existem recicladoras pequenas no mercado, capazes de alimentar uma impressora
3D, mas não são muitas, e elas ainda estão restritas a lojas mais
técnicas", pondera Van-Dal.
Saiba
mais sobre a criação da recicladora da ISS no vídeo, em inglês: https://www.youtube.com/watch?time_continue=14&v=ukGKsymnR6Y
(globo)
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