“Até 2100, 73,9% da população do
mundo enfrentará ondas letais de calor, pelo menos 20 dias
por ano” IPCC (2018).
Nos últimos 250 anos houve um
progresso fantástico da humanidade, com redução da mortalidade infantil,
aumento da esperança de vida, avanços significativos no nível de educação e
melhoria nas condições de moradia e no padrão de consumo. Mas tudo isto teve um
custo ambiental terrível. As externalidades econômicas se acumularam neste
período. Hoje, o mundo vive uma emergência climática devido ao aumento
imemorial da temperatura do Planeta. O vetor principal do aumento do efeito
estufa é a emissão de CO2 decorrente da queima de combustíveis
fósseis e de outras atividades antrópicas que liberam gases de efeito estufa
(GEE).
Turbinada pelos combustíveis
fósseis, a economia global cresceu 135 vezes, a população mundial cresceu 9,2 vezes
e a renda per capita cresceu 14,7 vezes, entre 1770 e 2020. Os ganhos sociais
foram tremendos, mas os custos ambientais foram funestos. O conjunto das
atividades antrópicas ultrapassou a capacidade de carga da Terra e a Pegada
Ecológica da humanidade extrapolou a Biocapacidade do Planeta.
As emissões globais de CO2
estavam em 2 bilhões de toneladas em 1900, passaram para 6 bilhões de toneladas
em 1950, chegaram a 25 bilhões de toneladas no ano 2000 e atingiram 37 bilhões
de toneladas em 2019. Em consequência, a concentração de CO2 que
estava abaixo de 280 partes por milhão (ppm) antes da Revolução Industrial e
Energética, iniciou uma trajetória de aumento ininterrupto. A concentração de
CO2 na atmosfera chegou a 300 ppm em 1920, atingiu 310 ppm em 1950,
350 ppm em 1987, 400 ppm em 2015 e chegou a 411,4 ppm em 2019, conforme mostra
a curva de Keeling do gráfico abaixo.
Na primeira década do século
XXI, a concentração de CO2 aumentava 2 ppm ao ano e na segunda
década (2010-2019) passou a aumentar 2,47 ppm ao ano. O mundo caminha para uma
situação inusitada e dramática de agravamento do efeito estufa.
Não existem mais dúvidas que
o aquecimento global é provocado pela emissão de gases de efeito estufa,
decorrentes das atividades antrópicas. Os últimos 6 anos (2014-19) foram os
mais quentes já registrados e a década 2011-20 é a mais quente desde 1880. A
atmosfera do Planeta está ficando mais quente e isto tem um impacto devastador
em diversos aspectos, pois vai deixar amplas áreas da Terra inapropriadas para
a vida humana e não humana.
O desafio da contemporalidade
é reduzir as emissões de GEE e reduzir a concentração de CO2 na
atmosfera de 411,4 ppm em 2019 para menos de 350 ppm (que é o nível seguro para
evitar o descontrole do aquecimento global) o mais rápido possível.
A crise climática significa
clima instável e com variações extremas. Mais furacões. Mais secas. Mais
inundações. Mais incêndios e queimadas. Mais mortes relacionadas ao calor.
Haverá mais doenças infecciosas à medida que os insetos se deslocarem para o
norte. O Ártico poderá ficar sem gelo no verão e a passagem do Norte poderá
ficar aberta a maior parte do ano. O nível do mar aumentará alguns metros à
medida que as prateleiras de gelo dos polos derretem, produzindo maiores
tempestades e inundações mais intensas em áreas baixas ao redor do mundo.
Milhões de pessoas serão forçadas a mudar de área ou país. A agricultura terá
perda de produtividade e a insegurança alimentar deve aumentar.
Portanto, não há como negar
que a maior concentração de CO2 está relacionada com maiores
temperaturas na Terra. O Copernicus Climate Change Service anunciou no dia 08
de janeiro que 2019 foi o segundo ano mais quente da série histórica (abaixo
apenas de 2016) e os últimos 5 anos foram os mais quentes já registrados,
ficando entre 1,1ºC E 1,2ºC em relação ao período pré-industrial. Mas alguns
locais aquecem em ritmo mais rápido como o Alasca.
As ocorrências de desastres
climáticos se espalham. As chuvas torrenciais que caíram na véspera de Ano Novo
causaram inundações e deslizamentos de terra na região de Jacarta. Mais de 60
pessoas morreram e mais de 170 mil pessoas que viviam nos bairros mais
atingidos foram para abrigos temporários. Na cidade do Rio de Janeiro a
sensação térmica chegou a 55ºC em 11/01/2019.
Outro exemplo de aquecimento
excessivo ocorre na Austrália, onde as altas temperaturas, o tempo seco e os
ventos estão espalhando os incêndios e transformando a ilha em um inferno. A
área devastada pelas chamas se aproxima de 100.000 km². Dezenas de pessoas
morreram, mais de duas centenas de milhares tiveram de abandonar suas casas e
estima-se que mais de 1 bilhão de animais foram mortos.
Tempestades, secas e
queimadas em várias partes do mundo mostram que os pontos de inflexão climáticos
já estão sendo ultrapassados e uma nova realidade de catástrofes ambientais
deve ocorrer de Leste a Oeste e de Norte a Sul. O fato é que a queima de
combustíveis fósseis e o aumento geral das emissões de gases de efeito estufa
estão acelerando o aquecimento global e tornando diversas partes da Terra
inóspitas ou até inabitáveis. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário