terça-feira, 17 de março de 2020

Menor crescimento populacional de USA é boa notícia para meio ambiente

O menor crescimento populacional nos EUA é uma boa notícia para o meio ambiente.
“A população mundial precisa ser estabilizada e, idealmente, reduzida gradualmente”.
Alerta dos cientistas mundiais sobre a emergência climática (05/11/2019)
A taxa de crescimento populacional nos Estados Unidos, em 2018, foi a mais baixa em um século devido ao declínio do número de nascimentos, aumento de mortes e desaceleração da migração internacional, segundo dados divulgados no final de 2019 pelo US Census Bureau.
Os EUA cresceram cerca de meio por cento, ou quase 1,5 milhão de pessoas, com a população total atingindo 328 milhões, segundo as estimativas da população. Essa é a taxa de crescimento mais lenta nos EUA desde 1917 a 1918, quando o país esteve envolvido na primeira guerra mundial.
Pela primeira vez em décadas, o aumento natural – o número de nascimentos menos o número de mortes – foi inferior a 1 milhão de indivíduos, devido ao envelhecimento da população de Baby Boomers, cujos membros mais antigos entraram na casa dos 70 anos nos últimos anos. À medida que a grande população Boomer continua a envelhecer e ultrapassar o período reprodutivo, essa tendência de queda no número de nascimentos vai continuar, pois haverá um número maior de mortes no alto da pirâmide.
A migração internacional para os EUA que estava acima de 1 milhão de imigrantes por ano antes de 2017, diminuiu para 595 mil pessoas. As restrições de imigração do governo Trump combinadas com a percepção de que os EUA têm menos oportunidades econômicas do que antes da recessão de uma década atrás, contribuíram para o declínio.
A pirâmide populacional para 2020, da Divisão de População da ONU, mostra como as variações nas taxas de fecundidade e natalidade alteraram a distribuição de sexo e idade dos EUA nos últimos 100 anos. A taxa de fecundidade total (TFT) ficou estável em torno de 2 filhos por mulher entre 1990 e 2010 e caiu para algo em torno de 1,8 filhos por mulher na atual década, o que contribuiu para a redução da base da pirâmide.
Para o final do século XXI, a Divisão de População da ONU, faz 3 estimativas, conforme pode ser visto na pirâmide abaixo. Na projeção média estima-se uma população de 434 milhões de habitantes em 2100 (com TFT ficando estável ao redor de 1,8 filhos por mulher e a imigração em torno de 1 milhão de pessoas ao ano). Na projeção alta, estima-se uma população de 600 milhões em 2100 (com TFT ao redor de 2,3 filhos por mulher). Nas projeção baixa, estima-se uma população de 307 milhões de habitantes em 2100 (com TFT ao redor de 1,3 filhos por mulher).
Segundo o CDC (Center for Disease Control and Prevention), as taxas específicas de fecundidade (TEF) caíram para praticamente todas as idades entre o primeiro quadrimestre de 2017 e o segundo quadrimestre de 2018, com declínio consistente da gravidez na adolescência.
A TEF do grupo etário 15-19 anos caiu de 19,9 filhos (em cada 1 mil adolescentes) para 17,2. Na realidade a taxa de fecundidade entre os adolescentes nos EUA vem caindo consistentemente nos anos 2000 e a política de “abstinência sexual” implementada, principalmente, durante o governo George W. Bush se mostrou muito pouco efetiva (a ministra Damares Alves deveria fazer uma avaliação de todo o processo de redução da gravidez indesejada nos EUA e não somente copiar uma parte do que aconteceu por lá e que não foi a melhor parte).
No grupo 20-24 a queda foi de 73,1 para 67,9. No grupo 25-29 foi de 100,9 para 95,3. No grupo 30-34 de 101,9 para 99,9. No grupo 35-39 houve ligeira alta de 52,4 para 53,2, assim como no grupo 40-44 que passou de 11,4 para 12,0. No grupo 45 anos e mais a TEF ficou estável, mas em um nível muito baixo de apenas 0,9 filhos para cada mil mulheres.
O fato é que as taxas de fecundidade estão caindo nos EUA e o ritmo de crescimento populacional está desacelerando. Esta é uma boa notícia para o meio ambiente. Os EUA emitiram 5,4 bilhões de toneladas de CO2, em 2018. Em termos per capita, os EUA emitiram cerca de 16 toneladas por habitante. Supondo a permanência da mesma taxa de emissão per capita, as emissões totais de CO2 nos EUA, em 2100, seriam de 9,6 bilhões de toneladas na hipótese de 600 milhões de habitantes no final do século, de 6,9 milhões de toneladas na hipótese de 434 milhões de habitantes e de 4,9 milhões de toneladas na hipótese de 307 milhões de habitantes.
Ou seja, a diferença entre a projeção populacional alta e baixa (tudo o mais constante) pode significar uma redução anual de até 4,7 bilhões de toneladas de C02. Uma população menor significaria uma pegada ecológica total menor e um alívio da sobrecarga ambiental. O meio ambiente ficaria ainda mais agradecido se, paralelamente ao decrescimento populacional, houvesse também um decrescimento do padrão de consumo.
A China que é o maior emissor de CO2 do século XXI já apresentou uma grande queda da fecundidade e vai ter um grande decrescimento populacional até 2100. No quinquênio 1965-70 nasciam mais de 30 milhões de crianças por ano e esta quantidade foi caindo até ficar em torno de 16 milhões por volta de 2015. Com o fim da política de filho único, nasceram 17,2 milhões de bebês em 2017, mas este número caiu para 15,2 milhões em 2018 e 14,7 milhões em 2019, o menor nível desde a época da Segunda Guerra.
Se os EUA, que são o segundo maior emissor, também reduzir o volume de população, não só o país, mas todo o Planeta, sairia ganhando. Evidentemente, todo este debate repercutiu na mídia. O jornal Washington Post, de cunho liberal, fez um editorial (04/01/2020) repetindo a velha cantilena de que a queda da fecundidade e a redução do crescimento populacional prejudica a grandeza do país: “essas tendências podem significar menos crescimento econômico e uma base de suporte reduzida para uma grande coorte aposentada”.
Em contraponto, um leitor escreveu: “Uma população em declínio naturalmente daria aos Estados Unidos mais tempo para usar a quantidade limitada de recursos que temos, para encontrar um plano bipartidário de ataque contra as mudanças climáticas e criar legislação para proteger o meio ambiente. O futuro deste planeta está em perigo. Uma diminuição da população em um dos países mais influentes seria construtiva”.
Ou seja, o fundamentalismo religioso, o conservadorismo moral, os desenvolvimentistas dogmáticos e o tecnófilos cornucopianos continuam defendendo um pronatalismo disfarçado, antropocêntrico e ecocida, além de demonizar o decrescimento demoeconômico. Contudo, o mundo não suporta mais gente e mais consumo num cenário de menos vida selvagem e menos natureza.
Como mostrou o relatório do Fórum Econômico Mundial, de janeiro de 2020, a crise climática é o maior risco global da atualidade, pois se nos anos anteriores os problemas econômicos eram considerados as maiores ameaças, agora os temores de colapso climático ficaram no centro do palco, especialmente as condições climáticas extremas, os desastres ambientais, a perda de biodiversidade, as catástrofes naturais e a falha na mitigação das mudanças do clima.
Como disse o grande naturalista David Attenborough: “Todos os nossos problemas ambientais se tornam mais fáceis de resolver com menos pessoas e mais difíceis e, em última instância, impossíveis de resolver com cada vez mais pessoas”. (ecodebate)

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