Colniza, MT, Brasil: Área
degradada no município de Colniza, noroeste do Mato Grosso.
Políticas Ambientais – Estudo avalia que país tem a
segunda pauta exportadora mais dependente de capital natural no G20, atrás
apenas da Argentina.
Um
estudo feito pela London School of Economics em parceria com o Planet Tracker
avalia que haverá cada vez mais pressão para que títulos soberanos levem em
conta questões de meio ambiente e sustentabilidade em suas decisões de
investimento. Ao mesmo tempo, o documento ressalta que essa classe de ativos,
que inclui fundos de pensão bilionários de países ricos, está se consolidando
como um investimento que soma o desempenho macroeconômico de um país ao valor
de seus títulos públicos no mercado de capitais — e essas duas sinalizações são
sensíveis para o Brasil.
O
relatório avalia que nesse cenário, o país pode tanto se tornar um destino
pouco atraente para fundos soberanos devido a riscos de sustentabilidade do seu
setor produtivo, como pode ver depreciado seus próprios títulos públicos. Isso
ocorreria devido à desestabilização do cenário macroeconômico, afetando suas
classificações de crédito e dívida externa. Esse desajuste, segundo o
documento, é uma consequência esperada diante da elevada dependência das
exportações brasileiras em relação ao seu “capital natural”.
O relatório utiliza um instrumento de pesquisa desenvolvido pela entidade para afirmar que 28% dos títulos soberanos da Argentina e 34% dos títulos soberanos do Brasil estarão expostos a um maior fortalecimento de políticas climáticas e anti-desmatamento nos próximos dez anos. Após 2030, o cenário muda para 44% e 22% dos títulos soberanos desses dois países, respectivamente.
O
documento prevê que a próxima década será disruptiva em termos econômicos e
recomenda que os títulos públicos desenvolvam mais resiliência para enfrentar
essas turbulências. Para isso, o relatório orienta que emissores, investidores
e agências de classificação de crédito trabalhem para garantir a incorporação
do valor total da natureza na atividade produtiva. E sinaliza que pesquisadores
e sociedade civil farão cada vez mais pressão para que haja uma real
transparência em compromissos de empresas e governos com a sustentabilidade.
As
chamadas “soft commodities”, onde estão classificadas todas commodities
agrícolas, dependem fortemente de capital natural e foram quase 40% das
exportações do país entre 2008 e 2017 — e representaram US ? 897 bilhões. Entre
todos os países do G20, as exportações do Brasil estão em segundo lugar na
dependência em relação ao capital natural, atrás apenas da Argentina. A média
dos países do bloco é de 10%.
Na
avaliação do Planet Tracker, essa dependência é perigosa devido ao cenário
político internacional. Uma mudança global para uma economia de desmatamento
zero pode colocar em gerar uma desvalorização aguda de ativos do agronegócio, o
que teria efeitos negativos para todos os indicadores macroeconômicos — défice
de balanço de pagamentos, deterioração das reservas cambiais, aumento do
desemprego e diminuição da renda média nacional.
O
documento aponta como sinal desse movimento uma tendência mundial de rejeição
do biodiesel em favor de alternativas com menor risco de sustentabilidade. O
Brasil é o segundo maior produtor desse combustível, atrás dos EUA.
Segundo
a publicação, as primeiras ações concretas para políticas ambientais mais duras
já podem ser observadas na Nova Zelândia, onde uma alteração da lei deve taxar
emissões de carbono de produtos agrícolas em 2025. Outro exemplo citado é o
debate em curso na Holanda para criação de um imposto com mesmo recorte.
Sobre
o Planet Tracker
O
Planet Tracker é um think tank financeiro sem fins lucrativos que alinha o
mercado de capitais com os limites planetários. Foi lançado em 2018 pelo
Investor Watch Group, cujos fundadores, Mark Campanale e Nick Robins, criaram a
Carbon Tracker Initiative.
Empresas
precisam considerar questões ambientais e sociais na retomada pós-pandemia,
alerta Ramboll.
Princípios
Ambientais, Sociais e de Governança Corporativa (ASG) têm importância crescente
nas decisões de investimento.
(ecodebate)
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