Garantir a posse da terra
às comunidades indígenas da Amazônia pode ser vital para conter
o desmatamento na maior floresta tropical do mundo, constataram
pesquisadores americanos. Um estudo publicado em 10/08/20 sugere que
territórios sobre os quais comunidades indígenas obtiveram plenos direitos de
propriedade apresentam taxas bem menores de desmatamento.
O trabalho foi publicado na
revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), publicação
oficial da Academia Nacional de Ciências dos EUA. Ele corrobora pesquisas anteriores publicadas
em 2019 sobre a Amazônia da Colômbia e em 2017 sobre a Amazônia do Peru,
que mostraram que a concessão de títulos de propriedade às comunidades
indígenas ajudou na preservação florestal.
Os pesquisadores combinaram
informações sobre títulos de propriedade para terras indígenas demarcadas,
concedidos pelo governo nas últimas três décadas, com imagens de satélite da
floresta e da sua cobertura vegetal que mostram o impacto nas taxas de
desmatamento de 1982 a 2016.
Coautora do estudo, Kathryn Baragwanath, doutoranda da Universidade da Califórnia, disse que territórios com plenos direitos de propriedade apresentaram uma taxa 66% menor de desmatamento anual em comparação com terras fora de suas fronteiras.
“Uma vez que os direitos de propriedade plenos são garantidos aos territórios indígenas, as populações indígenas são realmente eficazes na contenção do desmatamento”, disse ela à Fundação Thomson Reuters.
Cientistas consideram a
proteção da Floresta Amazônica vital
para desacelerar as mudanças climáticas globais por causa das grandes
quantidades de dióxido de carbono, gás que aquece o planeta, absorvidas
pelas suas árvores.
Pesquisadores alertam que com
o aumento das taxas de desmatamento, principalmente no Brasil, a proteção da
floresta se tornou uma prioridade urgente, o que inclui aumentar os esforços
para proteger as terras indígenas.
Na Amazônia brasileira, o
desmatamento atingiu o maior nível em 11 anos em 2019 e aumentou 25% no
primeiro semestre de 2020 em relação ao mesmo período do ao passado, de acordo
com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Segundo os cientistas, cerca
de 2 milhões de hectares de terras indígenas aguardam para receber designação
oficial como território tribal, processo normalmente demorado.
Desmatamento na Amazônia
brasileira é ⅔ menor em terras indígenas.
Garantir o direito pleno das
terras indígenas é uma forma eficaz de preservar as florestas porque dá
proteção legal, tornando menos provável que sejam ocupadas, contestadas e cobiçadas
por empresas que procuram extrair recursos naturais, afirma Baragwanath. (ecodebate)
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