sábado, 17 de outubro de 2020

Queimadas na floresta alcançam número assustador

Amazônia – Queimadas na floresta alcançam número assustador.
Nuvem de fumaça durante incêndio em área da Floresta Amazônica.

Números alarmantes de novas queimadas foram detectados na Amazônia brasileira, aponta a Anistia Internacional. As autoridades públicas seguem omissas na proteção da terra e dos direitos humanos dos povos da floresta amazônica.

Antes do Dia da Amazônia, celebrado em 05/09/2020, cerca de 63 mil focos de incêndios foram identificados este ano, até 31/08/2020, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O Exército brasileiro está posicionado na Amazônia, desde maio, ostensivamente para combater o desmatamento e os incêndios ilegais.

A Anistia Internacional também destacou que o desmatamento aumentou em 43,5% entre agosto/2019 e julho/2020, comparado com o mesmo período de 2018 a 2019, destruindo um total de 9.205 km² de floresta. A destruição recente pode, na realidade, ser muito maior, depois que os dados forem corrigidos para levar em conta um erro de satélite que afetou a captura de alguns focos de incêndio desde 16/08/2020.

“Com os incêndios novamente se multiplicando rapidamente nesta estação de queimadas, está mais do que claro que as forças armadas brasileiras não possuem a experiência ou habilidade técnica necessária para barrar a ação daqueles que ateiam fogo na floresta e promovem invasões ilegais de terras protegidas”, disse Richard Pearshouse, diretor de Meio Ambiente e Crises da Anistia Internacional.

Richard continua: “O envio de forças do Exército encobre a estratégia do governo brasileiro de intencionalmente enfraquecer a capacidade operacional de seus próprios órgãos ambientais, com a finalidade de abrir a Amazônia para a exploração comercial”.

“O governo deveria devolver o controle da fiscalização ambiental e implementação das leis ambientais às autoridades civis apropriadas. A única maneira de proteger a maior floresta tropical do mundo é o governo demonstrar apoio político inequívoco à proteção ambiental civil na Amazônia, começando por restabelecer as verbas e outros recursos e apoiar as agências governamentais para que implementem a legislação ambiental”, explica ele.

Ao todo 74% dos focos de incêndios detectados pelo INPE foram registrados depois do governo brasileiro ter proibido queimadas, em meados de julho/2020. Os incêndios muitas vezes são iniciados intencionalmente por grileiros, indivíduos que desmatam áreas de floresta e invadem as terras para convertê-las, posteriormente, em pastagem. Essa atividade ilegal sustenta a multibilionária indústria pecuarista brasileira.

Imagens de satélite captadas nos últimos dois meses também revelaram a existência de novos incêndios nas três áreas protegidas que a Anistia Internacional visitou recentemente no Estado de Rondônia: o território indígena Uru-Eu-Wau-Wau e as reservas extrativistas do Rio Jacy-Paraná e Rio Ouro Preto.

Novas queimadas na floresta detectadas antes do Dia da Amazônia alcançam número assustador.

Fazendas de gado ilegais alimentam a destruição da Amazônia

A pecuária bovina é o principal fator causador das invasões e ocupações ilegais de terras em reservas extrativistas e territórios indígenas da Amazônia brasileira, alimentando o desmatamento e pisoteando os direitos dos povos indígenas e moradores tradicionais dessas áreas.

A região amazônica é palco do maior crescimento da lucrativa indústria pecuarista no Brasil. Desde 1988, o número de gado criado na região quase quadruplicou, chegando a 86 milhões de animais em 2018, ou seja, 40% do rebanho nacional total. Parte dessa expansão vem destruindo grandes áreas de floresta protegida em territórios indígenas e reservas extrativistas.

Ao todo 63% da área desmatada entre 1988 e 2014 tornou-se pastagem de gado – uma área cinco vezes maior que a superfície de Portugal. A Anistia Internacional documentou esse processo em detalhes em um relatório publicado em novembro/2019.

De acordo com dados governamentais, os territórios indígenas da Amazônia brasileira perderam 497 km² de floresta entre agosto/2018 e julho/2019 – um aumento de 91% em relação ao período correspondente de um ano antes.

Gado criado ilegalmente em áreas protegidas é encontrado na cadeia de fornecimento da JBS

Em investigação recente, a Anistia Internacional constatou que gado criado ilegalmente em áreas protegidas da Amazônia brasileira foi identificado na cadeia de fornecimento da JBS, a maior empresa de processamento de carnes.

A Anistia Internacional não encontrou evidências que indicassem envolvimento direto da JBS com violações dos direitos humanos, mas a organização está pedindo à JBS que implemente um sistema de fiscalização efetivo, incluindo de seus fornecedores indiretos, até o final de 2020, para assegurar que nenhum bovino criado ilegalmente em áreas protegidas ingresse em sua cadeia de fornecimento.

Tragédia anunciada: Amazônia continua ardendo em chamas.

A Anistia Internacional lançou uma petição online, “Diga não ao gado criado ilegalmente na Amazônia”, que pode ser assinada aqui. (ecodebate)

Nenhum comentário:

Ondas de calor devem diminuir em 2025

Ondas de calor devem diminuir em 2025, aponta Climatempo. O pico de emissões em 2025 é uma boa notícia, decerto, mas a física é implacável...