Temperatura média da Terra na
Era do Gelo era de 7,8ºC, estima estudo.
Estudo
liderado pela Universidade do Arizona, dos Estados Unidos, estima que a
temperatura média da Terra durante o Último Período Glacial (ocorrido há
aproximadamente 20 mil anos) era de 7,8ºC. Publicado na Nature em 26/08/2020, o
artigo pode ajudar climatologistas a entenderem melhor a relação entre a
temperatura global média e o atual aumento dos níveis de dióxido de carbono na
atmosfera.
Cientistas
calculam que a temperatura média do planeta durante a Era do Gelo era 6ºC mais
fria do que a do último século, que era de 14ºC. “Por experiência própria, isso
pode não parecer uma grande diferença, mas, na verdade, é uma grande mudança”,
afirma Jessica Tierney, professora associada do Departamento de Geociências da
Universidade do Arizona e principal autora do estudo, em nota.
Segundo Tierney, apesar do Último Período Glacial ter sido muito estudado pela ciência, descobrir qual exatamente era a temperatura dessa época ainda era um desafio. Para acabar com esse mistério, ela e sua equipe desenvolveram modelos computacionais que traduziram dados provenientes de fósseis de plâncton para temperaturas equivalentes da superfície do mar. Por meio de uma técnica de assimilação, eles combinaram as informações fósseis com modelos de simulações climáticas da época.
Era do gelo
O
Último Período Glacial foi caracterizado pelas informações de grandes geleiras
que cobriram metade das Américas do Norte e do Sul, além da Europa e partes da
Ásia. "Mas o maior resfriamento ocorreu em altas latitudes, como o Ártico,
onde foi cerca de 14ºC mais frio do que hoje", estima Tierney. Nessa
época, flora e fauna adaptadas ao frio prosperaram.
As
conclusões do artigo são compatíveis com o que se sabe sobre o comportamento
dos polos terrestres em relação às mudanças climáticas. "Os modelos
climáticos preveem que as latitudes altas ficarão mais quentes mais rápido do
que as latitudes baixas", explica Tierney. "Quando você olha para as
projeções futuras, fica muito quente no Ártico. Isso é conhecido como
amplificação polar. Da mesma forma, durante o Último Período Glacial,
encontramos o padrão reverso. Latitudes mais altas são apenas mais sensíveis às
mudanças climáticas e permanecerão assim no futuro."
Falando
em futuro, os pesquisadores pretendem usar os mesmos modelos criados para a
descobrir a temperatura da era glacial para aprender mais sobre antigos
períodos quentes do planeta e, assim, compreender melhor as consequências do
aquecimento global atual. "Se pudermos reconstruir climas quentes do
passado, então podemos começar a responder a perguntas importantes sobre como a
Terra reage a níveis realmente altos de dióxido de carbono e melhorar nossa
compreensão do que as mudanças climáticas futuras podem trazer", avalia
Tierney.
Entendendo
o passado e o presente
Saber
a temperatura da era do gelo é importante para se estudar a sensibilidade do
clima do planeta, principalmente em relação às mudanças de temperatura em
resposta ao carbono na atmosfera.
Segundo
o novo estudo, para cada duplicação do carbono atmosférico, a temperatura
global deve aumentar em 3,4ºC, valor que está de acordo com a média prevista
por outros modelos climáticos, que fica entre 1,8 e 5,6ºC.
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