A araucária (Araucaria
angustifolia), também conhecida como pinheiro-brasileiro ou pinheiro-do-paraná,
é uma planta nativa da região sul do Brasil que está em risco crítico de
extinção, segundo a lista vermelha da União Internacional para a Conservação da
Natureza e dos Recursos Naturais. Estima-se que atualmente a floresta de
araucárias ocupe 3% de sua área original. Um estudo publicado em 2019 na
revista Global Change Biology prevê o fim da espécie até 2070 se nenhuma
estratégia de conservação for posta em prática.
Uma espécie de conífera, a
araucária remonta a 200 milhões de anos, no período Jurássico, e pode chegar a
50 metros de altura. No Brasil, predomina no Rio Grande do Sul, Santa Catarina
e Paraná (do qual é a planta-símbolo), e está presente de forma mais esparsa em
São Paulo e Minas Gerais. É a principal espécie da floresta ombrófila mista,
ecossistema da Mata Atlântica que ocorre em regiões de maior altitude, com
chuva no ano inteiro.
Sua principal característica é a copa em formato de candelabro, no topo do tronco. A semente, o pinhão, é utilizado na culinária regional e é um complemento de renda de produtores locais. A madeira de alta qualidade é muito versátil para a indústria e, no século 19, representou tanto uma fonte de renda extra para os colonos europeus que chegaram ao país, quanto a própria matéria-prima de suas casas. Mais tarde, durante a Segunda Guerra Mundial, foi o principal produto de exportação do Paraná — o apogeu foi no ano de 1963, quando a araucária foi responsável por 92% das exportações madeireiras do Brasil.
Araucárias no Parque Nacional Aparados da Serra, Rio Grande do Sul.
Conforme as reservas naturais
diminuíram, a produção madeireira também declinou. Ainda hoje, nenhuma ação de
reflorestamento conseguiu superar a derrubada. De acordo com o Atlas dos
Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, em 2019 o desmatamento no bioma
cresceu 27,2%, com uma perda total de 14.500 hectares de floresta. A madeira da
Araucária ainda é usada ilegalmente para abastecer de tábuas a construção
civil.
Além da ameaça pela ação
humana direta, as mudanças climáticas no século 21 representam um risco para as
araucárias. Segundo o estudo publicado na Global Change Biology, o ecossistema
da floresta ombrófila mista depende de um clima com temperatura anual média de
12 a 20ºC e frequentes geadas, condições que seriam raras em um cenário de
aquecimento global.
“Lembrando que o que está em
jogo não é apenas uma espécie, mas todo um ecossistema com uma grande
diversidade de plantas, como imbuias e canelas, e animais, como o
papagaio-de-peito-roxo”, disse Guilherme Karam, coordenador de Negócios e
Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, em
comunicado à imprensa.
Entre as práticas adotadas,
estão a não retirada da totalidade do pinhão (garantindo uma parte para a
alimentação da fauna nativa) e a retirada gradual do gado de áreas sensíveis. A
pecuária é outro fator de risco ao ecossistema, já que os animais pisoteiam e
compactam solo, dificultando a germinação de sementes nativas. Em
contrapartida, a iniciativa mobiliza sua rede para vender o pinhão e as folhas
de mate para novos mercados. (globo)
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