Pantanal em chamas: Fogo já
destruiu 3,461 milhões de hectares.
Cada hectare corresponde, aproximadamente,
às medidas de um campo de futebol oficial. Convertida, a área incinerada
equivale a 34,6 mil quilômetros quadrados. Um território maior que Alagoas, com
seus 27,8 mil km².
Os dados foram apresentados
pelo chefe do Centro de Proteção Ambiental do Corpo de Bombeiros do Mato Grosso
do Sul, tenente-coronel Waldemir Moreira Júnior. Segundo ele, o tamanho da área
do Pantanal queimada até 27/09/20 confirma que este tem sido um ano atípico não
só para o bioma, como para toda região. Em 2019, no mesmo período, as chamas
consumiram 1,559 milhão de hectares em todo o Pantanal, nos dois estados. Ou
seja, menos da metade do último período.
“Desde março, extrapolamos a
máxima histórica mensal de focos de calor no Pantanal”, comentou Moreira,
comparando os 18.259 focos de calor registrados no bioma entre 01/01 e
30/09/20, com os 12.536 focos registrados no mesmo período de 2005, pior
resultado até então. “Este ano já superamos o recorde histórico. E tudo indica
que em outubro não será diferente”, acrescentou Moreira.
Durante a apresentação dos
números, o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e
Agricultura Familiar do Mato Grosso do Sul, Jaime Verruck, reforçou o prenúncio
feito pelo tenente-coronel. “[Nos próximos dias] Teremos um incremento enorme
do número de focos de incêndios no Mato Grosso do Sul”, afirmou o secretário,
que disse considerar “assustador” o atual número de focos de incêndio
registrados no estado.
Focos de Calor
O calor e a baixa umidade
dificultam o trabalho dos bombeiros, brigadistas e voluntários que tentam
apagar as chamas. Ao participar de uma audiência pública na Assembleia
Legislativa, o secretário Jaime Verruck comentou que, na semana passada, haviam
sido extintos 42 focos de calor só ao longo da linha de trem entre Campo Grande
e Água Clara (um percurso de cerca de 190 quilômetros). Em 25/09/20 havia
apenas 19 focos de calor em todo o Pantanal sul-mato-grossense. Em 27/09/20, no
entanto, estes já passavam de mil.
“Até fomos conferir para ver
se não tínhamos errado, mas isso é pra gente ver como o fogo se alastra rápido,
como é difícil o combate”, comentou Verruck durante a audiência pública desta
quarta-feira. “Isso demonstra de forma clara a gravidade da perda de
biodiversidade para o bioma. E temos alertado que a situação não está
controlada, até para depois do feriado ainda é considerada crítica”,
acrescentou o secretário estadual.
De acordo com os números
apresentados pelo tenente-coronel Moreira, entre 01/01 e 30/09/20 foram
registrados 9.637 focos de calor em todo o Mato Grosso do Sul. Este total
coloca o estado na quinta posição entre as unidades da federação com maior
número de focos. Em primeiro, segundo Moreira, está o Mato Grosso, com 39.918
focos. Em seguida vem o Pará (25.397); Amazonas (14.915) e Maranhão (9.714).
“Normalmente, o nosso estado
fica em 12º, 16º, mas este ano, realmente, os incêndios, principalmente na
região do Pantanal, de Corumbá e de Porto Murtinho nos colocaram nesta quinta
posição”, disse Moreira, acrescentando que Corumbá/MS ocupa o topo da relação
das cidades brasileiras com maior número de focos de calor no período. Os 6.570
pontos identificados no último período representam um aumento de 11,5% sobre o
resultado do mesmo período do ano passado.
Consultado pela Agência
Brasil, o governo de Mato Grosso informou números diferentes dos apresentados
pelo estado vizinho. A área atingida pelo fogo no Pantanal não ultrapassa o
1,861 milhão de hectares (e não os 2,053 milhões citados no balanço
sul-mato-grossense). O total de focos de calor registrados em todo o estado
desde o início do ano somou, até ontem, 20.312 (bem abaixo dos 39.918).
Enquanto no Pantanal foram registrados 5.859 focos. (ecodebate)
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