Parte
das florestas deram espaço para áreas de pastagem com manejo, que saltaram de
248.794 km² para 426.424 km² no período, diz IBGE.
Biomas
terrestres brasileiros perderam cerca de 500 mil km² de sua cobertura natural
entre 2000 e 2018.
Em
números absolutos, a maior perda neste período aconteceu no bioma Amazônia
(269,8 mil km²), seguido pelo Cerrado (152,7 mil km²), mas, em termos
percentuais, o Pampa foi o que mais perdeu área natural, -16,8%.
A
cobertura florestal representava 81,9% da área total da Amazônia em 2000,
proporção que se reduziu para 75,7% em 2018. Essa área foi substituída,
principalmente, por áreas de pastagem com manejo, que passaram de 248,8 mil km²
para 426,4 mil km² nesse período.
Entre
2000 e 2018, o Pantanal teve as menores perdas, em área (-2,1 mil km²) e em
percentual (-1,6%), mas desde 2010, cerca de 60% das mudanças foram de áreas
naturais campestres para pastagem com manejo.
A
Mata Atlântica, que sofre a ocupação mais antiga e intensa, conservava apenas
16,6% de suas áreas naturais, em 2018, o menor percentual entre os biomas.
Todos
os biomas brasileiros tiveram saldo negativo, mas a tendência nacional foi de
diminuição da magnitude ao longo dos anos, com exceção do Pampa e do Pantanal.
A pesquisadora da Diretoria de Geociências do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Maria Luíza Fonseca,
disse que a atividade agropecuária ocupa considerável extensão de terra no
Bioma Amazônia, mas não tem expressividade no valor da produção nacional.
Segundo
ela a atividade está em expansão ao longo da série histórica da pesquisa Contas
de Ecossistemas: Extensão por Biomas (2000-2018). O levantamento foi
divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
Entre 2016 e 2017, o setor agropecuário cresceu em volume de Produto interno Bruto (PIB) cerca de 14% e, na Região Norte, esse crescimento foi negativo.
“Sabemos que a Região Norte e o Bioma Amazônia não têm limites conscientes, contudo é o limite do sistema de contas regionais que mais se aproxima dele. Os estados do Pará, de Rondônia e Mato Grosso são exceções desse quadro e têm variações positivas, disse Maria Luíza, lembrando que Mato Grosso é um estado limítrofe entre a Amazônia e o Cerrado e divide a sua extensão territorial entre os dois biomas”.
Conhecida
como 'Pan-Amazônia', a área tem 8,47 milhões de km² e envolve Brasil, Bolívia,
Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname, Guiana e Guiana Francesa.
Conforme
os dados da pesquisa do IBGE, o Bioma Cerrado, o segundo do Brasil em número de
alterações decorrentes do avanço de usos antrópicos compondo a frente de
expansão da fronteira agrícola, é considerado um dos maiores concentradores
mundiais da biodiversidade, abrigando as maiores bacias hidrográficas da
América do Sul. A maior conversão nesse bioma é a expansão contínua e acelerada
da agricultura, com acréscimo de 102.603 km² tanto sobre as áreas naturais
quanto para a conversão de áreas de manejo em área agrícola.
Maria
Luíza afirmou que o Bioma Mata Atlântica é um dos mais ameaçados do planeta e
onde se concentram, no Brasil, diversos projetos socioambientais. “O
destaque nesse bioma é que ele é o único terrestre em que a classe predominante
não é cobertura natural. Em 2018 apenas 12,6% do seu território eram cobertos
por florestas”.
Na
Caatinga, considerada área suscetível à desertificação, existem muitas espécies
endêmicas que só ocorrem lá, sensíveis do ponto de vista ambiental. Nesse
bioma, a característica de ocupação do território é de pequenos
estabelecimentos rurais e sistemas agroflorestais. A área agrícola teve aumento
de 74,9%, expandindo-se sobre áreas naturais, sendo apenas 2,5% convertidos em
pastagem com manejo.
No
Bioma Pampa predominam os campos e, em 2018, 37,4% eram de vegetação campestre,
seguida pela classe de área agrícola (36,3%), além de 19,3% da área natural
descoberta do Brasil.
O
Bioma Pantanal, apesar de ser em expansão territorial o menor do Brasil, está
entre as maiores extensões úmidas do planeta. Segundo a pesquisadora, a
predominância investigada entre 2000 e 2018 nesse bioma, é uma conversão de
vegetação campestre, ou seja, o pasto nativo, em que 59,9% das alterações correspondem
em pastagem por manejo. “O Pantanal tem como atividade tradicional o pasto
nativo, mas ele vem sendo substituído pela pastagem por manejo, por meio da
substituição por forrageiras exóticas, ou seja, gramíneas que não são originais
do Pantanal”, observou.
Maria
Luíza informou ainda que a pesquisa não trata das causas das mudanças, mas
avalia as conversões. “Por exemplo, no Pantanal a gente observou que houve
alguma substituição do pasto nativo pelo pasto com manejo. Inclusive a
atividade econômica predominante, a pecuária, é mantida, mas com outras formas
e outras técnicas pecuaristas. Então, a gente identifica essa mudança”.
Para
a pesquisadora, existe grande parte de benefícios gerados pela natureza,
chamados de serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos, que não são
capturados pelos sistemas de contas nacionais, porque não constituem um
processo econômico de produção. Contudo, os serviços alimentam diversas
atividades de consumo de produção e estão em função da extensão da condição do
ecossistema.
“Por
fim, vão gerar benefícios que fazem parte do bem-estar social e individual. O
desafio dessa metodologia é conseguir identificar, mapeando os ecossistemas e
os serviços. Para isso, são sugeridas algumas etapas metodológicas, que são
divididas em termos físicos e análises em termos econômicos”, observou.
Maria
Luíza disse ainda que a primeira etapa para cumprimento dessa metodologia é
analisar a extensão dos ecossistemas, ou seja, o estoque que o capital natural
tem e, no segundo momento, a condição dele para, então, serem atribuídos os
valores de uso ou de não uso que os serviços ecossistêmicos representam na
contabilidade.
As Contas de Ecossistemas: Extensão por Biomas (2000-2018) integram a pesquisa Contas de Ecossistemas no Brasil e fazem parte de um projeto que segue as recomendações da ONU para a inclusão das variáveis ambientais nas Contas Nacionais. A publicação retrata a extensão das áreas naturais e antropizadas do Brasil nos seis biomas do território.
(ecodebate)
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