quinta-feira, 5 de novembro de 2020

Setembro teve aumento de 180% de fogo no Pantanal e 60% na Amazônia

Setembro/2020 registrou aumento de 180% de fogo no Pantanal e 60% na Amazônia.

2020 é o pior ano para o Pantanal desde o início das medições do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1998; e o segundo mais dramático para a Amazônia desde 2010.
Setembro/2020 registra aumento de 180% de fogo no Pantanal e 60% na Amazônia.

Dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) em 30/09/2020 apontam que, em setembro deste ano, foram registrados mais focos de calor em comparação com o mesmo período de 2019. No Pantanal, o aumento foi de 180,7%, enquanto na Amazônia o crescimento chegou a 60,6%.

Comparando com a série histórica, as queimadas deste ano foram as mais severas para o Pantanal desde o início das medições, em 1998, com 18.259 focos de incêndio registrados. Já na Amazônia, 2020 é o segundo pior ano desde 2010.

"A gravidade da situação é, sobretudo, reflexo da política anti-ambiental do governo Bolsonaro que, apesar da previsão de um período mais seco no Pantanal, não empregou esforços para prevenir os incêndios", disse Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia e gestora ambiental do Greenpeace Brasil, em declaração à imprensa. "Além disso, tem estimulado deliberadamente a impunidade e o crime ambiental, a partir do enfraquecimento da capacidade de fiscalização dos órgãos competentes como IBAMA e ICMBio. Essa política desastrosa coloca em xeque o futuro ambiental e econômico do país."

Na Amazônia, grande partes das queimadas e dos incêndios florestais estão relacionadas ao processo do desmatamento na região. Enquanto isso, no Pantanal, novas investigações apontam para origem criminosa dos incêndios em poucas fazendas, prática que é potencializada pela pior seca das últimas décadas na área.

Mato Grosso, setembro de 2020.

"De um lado, a crise ambiental que estamos vivendo agrava a emergência climática e pode intensificar a perda de biodiversidade", pontuou Mazzetti. "De outro, o aumento das queimadas, incêndios e desmatamento tem colocado o Brasil em maus lençóis com investidores e importantes relações comerciais, já que a cada dia está mais difícil garantir que os produtos brasileiros não estejam relacionados à destruição ambiental."

Os impactos econômicos da devastação ambiental que vem ocorrendo no Brasil já estão sendo sentidos. Na Cúpula da Organização das Nações Unidas de Biodiversidade realizada na quarta-feira (30), o presidente da França, Emmanuel Macron, reforçou que não assinará o Acordo entre União Europeia e MERCOSUL devido ao desmatamento na Amazônia.

Mato Grosso, setembro de 2020.

Já o Reino Unido e a União Europeia estão discutindo legislações para controlar a entrada de commodities em seus países cuja proveniência possa estar ligada ao desmatamento. Além disso, a rede de supermercados ParknShop, de Hong Kong, China, anunciou que não comprará mais carne bovina da empresa JBS em decorrência do seu envolvimento com desmatamento.

"Ao invés de assumir a gravidade da crise ambiental no Brasil e direcionar esforços contundentes para resolver o problema, Bolsonaro se esquiva da sua responsabilidade nessa crise dizendo que as narrativas e os dados que indicam a destruição seriam falsos, além de atacar mais uma vez as ONGs", pontuou Mazzetti. "Os satélites, porém, não o deixam mentir e estampam nos números de focos de calor os efeitos dessa política desastrosa e do seu descaso com o meio ambiente". (globo)

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