As cidades foram incluídas na
investigação com base em dados de representatividade de área urbana e
distribuição regional, o que incluiu metrópoles e zonas urbanas de grande
extensão – indo de Durban, na África do Sul, a Milão, na Itália, passando
também por cidades brasileiras como Rio de Janeiro e Curitiba.
Durante o período avaliado,
cidades com altas emissões totais de gases de efeito estufa foram mapeadas
tanto em países desenvolvidos quanto em desenvolvimento, sobretudo as asiáticas
– como Handan, Xangai e Suzhou –, e de localidades na Europa, como Moscou, na
Rússia, e Istambul, na Turquia.
Mas o estudo pondera que as grandes quantidades de emissões provenientes de países ricos (como Japão, Estados Unidos e Alemanha) podem “levantar questões de equidade” relevantes. “As consequências das mudanças climáticas, como condições meteorológicas extremas, grandes incêndios e perda de biodiversidade são suportadas por todo o mundo, mas as regiões mais pobres são possivelmente mais vulneráveis a essas consequências”, escrevem os pesquisadores no estudo.
Na figura A, emissões totais de gases de efeito estufa e, em B, emissões per capita de 167 cidades. São apresentados os dados mais recentes das cidades, que podem ser de anos diferentes (2005-2016), dependendo da disponibilidade de dados.
Zonas urbanas europeias,
australianas e norte-americanas também apresentaram emissões per capita mais
altas do que a maioria das áreas em desenvolvimento e, embora a China ainda
seja considerada uma nação em desenvolvimento, a investigação revela que várias
cidades do país asiático (como Yinchuan, Urumqi e Dalian) tiveram emissões de
GEE per capita próximas às dos países desenvolvidos.
Energia estacionária e
transporte rodoviário
Entre as principais fontes de
emissões destacadas pelo estudo estão a energia estacionária e o modal de
transporte rodoviário. A primeira, que inclui a queima de combustível e o uso
de eletricidade em edifícios residenciais, comerciais e industriais, contribuiu
com 60% a 80% das emissões totais nas cidades norte-americanas e europeias. Em
cerca de um terço das 167 cidades, ainda, mais de 30% das emissões totais de
gases de efeito estufa foram provenientes do transporte rodoviário. Por outro
lado, menos de 15% das emissões totais vieram de ferrovias, hidrovias e
aviação.
“A divisão das emissões por
setor pode nos informar quais ações devem ser priorizadas para reduzir as
emissões de edifícios, transportes, processos industriais e outras fontes”,
avalia, em comunicado, Shaoqing Chen, pesquisador da Universidade Sun Yat-sen,
na China e coautor do estudo.
Rio de Janeiro e Curitiba na
lista dos piores
Os pesquisadores também
conseguiram monitorar a evolução das emissões de gases de efeito estufa em 42
cidades que tinham dados rastreáveis ao longo do tempo. Trinta delas, situadas,
sobretudo nas Américas e na Europa, reduziram suas emissões totais entre 2005 e
2016, a exemplo de Paris, na França, e Sydney, na Austrália. Entre as que
também tiveram redução per capita, destacam-se Seattle, nos EUA, Oslo, capital
da Noruega e Bogotá, na Colômbia.
Por outro lado, as emissões
de gases de efeito estufa aumentaram em várias cidades durante o período
avaliado, incluindo algumas no Brasil: Veneza, Rio de Janeiro, Curitiba e
Joanesburgo foram as quatro cidades que tiveram os maiores aumentos anuais nas
emissões per capita. As representantes brasileiras também estiveram entre as que
apresentaram as maiores emissões anuais totais. A maioria delas pertence a
países em desenvolvimento, cujas indústrias dependem principalmente de baixa
tecnologia e alto consumo de energia, avalia o estudo.
“Por exemplo, como a segunda
maior base industrial do Brasil, o Rio de Janeiro está passando por um rápido
desenvolvimento da indústria química e da mineração. Algumas dessas indústrias
de alto carbono são transferidas de cidades em países desenvolvidos”, avalia o
documento. “Essas cidades têm um grande potencial de redução de emissões ao
fazer planos de mitigação climática mais agressivos e ancorados em metas de
desenvolvimento sustentável local”, acrescentam os autores.
"Mais ambiciosas e
rastreáveis"
De acordo com o estudo, 13 das 167 cidades analisadas estabeleceram metas rastreáveis para a redução das emissões de gases de efeito estufa, sendo que 68 incluíam vários tipos de gases. Outras 40 estipularam metas de neutralidade de carbono – em alguns casos, foram mapeados os dois tipos de cenário.
Para limitar o aquecimento global a 1,5ºC neste século – valor estipulado pelo Acordo de Paris –, os pesquisadores consideram que “as cidades precisam sair de um caminho de industrialização dependente de recursos para um caminho de desenvolvimento sustentável impulsionado pela inovação”.
O estudo sugere que as
cidades devem definir metas de mitigação “mais ambiciosas e facilmente
rastreáveis. “Em um determinado estágio, a intensidade de carbono é um
indicador útil para a descarbonização da economia e fornece maior flexibilidade
para cidades de rápido crescimento econômico com aumento de emissões”. Em longo
prazo, mudar as metas de mitigação de intensidade para metas de mitigação
absolutas é essencial para alcançar a neutralidade global de carbono até 2050”,
acrescenta Chen, em nota. (revistagalileu)
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