sábado, 27 de setembro de 2025

Abordagem demográfica positiva para a Itália

Envelhecimento na Itália: os desafios e as oportunidades

Uma abordagem demográfica positiva para a Itália centra-se em transformar os desafios do envelhecimento e declínio populacional em oportunidades, promovendo uma economia prateada através de políticas que valorizem os idosos, estimulem a natalidade com apoio a jovens, e abram as portas para a imigração, especialmente de descendentes de italianos, para revitalizar a força de trabalho e a continuidade social da nação.

Estratégias para uma Abordagem Demográfica Positiva:

Valorização da População Idosa: Combater o etarismo e promover representações positivas de pessoas idosas.

Incentivar empregos flexíveis e adequados para idosos que desejam continuar trabalhando.

Garantir sistemas de aposentadoria e previdência social robustos.

Promover programas de voluntariado para que idosos contribuam e recebam apoio.

Facilitar a transferência social de conhecimento e habilidades entre gerações.

Estímulo à Natalidade: Implementar e reforçar políticas para aumentar a taxa de natalidade, como o bônus para cada criança nascida ou adotada.

Fornecer apoio econômico e infraestruturas adequadas para pais jovens e seus filhos.

Criar um clima social que veja o início de uma família como um empreendimento valorizado.

Promoção da Imigração e Integração: Facilitar a chegada e o acolhimento de imigrantes e descendentes de italianos.

Simplificar o processo de reconhecimento da cidadania italiana para descendentes.

Oferecer incentivos fiscais para pequenos municípios que recebam novos residentes.

Implementar políticas de inclusão e integração para reverter o colapso populacional.

Inovação e Desenvolvimento Sustentável: Promover a inovação tecnológica impulsionada pela economia prateada.

Incentivar o planeamento urbano sustentável, considerando as necessidades de uma população em envelhecimento.
Pirâmide Etária da Itália em 2025

Uma abordagem demográfica positiva para a Itália

Adotar a demografia positiva não significa negar ou minimizar os desafios demográficos reais que o país enfrenta. Em vez disso, exige uma mudança de perspectiva

Muitos veículos da mídia difundem uma visão alarmista sobre a dinâmica demográfica da Itália. Na última década, a população italiana diminuiu em quase 2 milhões de habitantes e o número de nascimentos cai há 16 anos consecutivos. Em média, as mulheres italianas estão tendo apenas 1,2 filho, o menor nível já registrado no país. Isso está abaixo da taxa média de fecundidade da União Europeia, de 1,4 filhos, e muito abaixo dos 2,1 necessários para a reposição da população.

Apesar dos esforços para incentivar a natalidade e de muitas discussões sobre políticas favoráveis ao aumento do tamanho das famílias, o governo de direita da primeira-ministra Giorgia Meloni não conseguiu reverter a baixa taxa de fecundidade e nem o decrescimento populacional.

Contudo, o e-book “Population Report 2025. Towards a Positive Demography” (Vignoli, Paterno, Strangers, 2025) — oferece uma interpretação distinta e, em muitos aspectos, inovadora da dinâmica sociodemográfica da Itália através da lente da demografia positiva. Em contraste com as narrativas alarmistas predominantes que dominam a mídia e o discurso público, apresenta uma perspectiva mais equilibrada sobre a mudança populacional.

Segundo os autores, adotar a demografia positiva não significa negar ou minimizar os desafios demográficos reais que o país enfrenta. Em vez disso, exige uma mudança de perspectiva: reconhecer que estamos passando por uma transição profunda para uma fase qualitativamente diferente — nem melhor nem pior, mas nova. Essa abordagem nos incentiva a reconhecer as oportunidades inerentes às mudanças demográficas, ao mesmo tempo em que nos engajamos ativamente com os desafios que elas acarretam

A Itália, como muitas sociedades avançadas, está testemunhando grandes transformações: aumento da longevidade e melhor saúde na terceira idade, uma lacuna persistente entre a fecundidade desejada e a real, mudanças nas estruturas familiares, fluxos migratórios internacionais, melhorias educacionais e padrões de autonomia juvenil em evolução.

Essas tendências estão remodelando não apenas as estruturas populacionais, mas também as expectativas sociais e as necessidades institucionais. Por exemplo, a taxa de evasão escolar e a proporção de jovens que não estudam nem trabalham diminuíram significativamente nos últimos anos — especialmente em algumas regiões — enquanto novas formas de vida familiar são cada vez mais aceitas. A migração, apesar de suas complexidades, ajudou a mitigar o declínio populacional no curto prazo. Além disso, algumas áreas do país estão começando a exibir sinais encorajadores de bem-estar demográfico.

Um recente estudo global de especialistas sobre mudanças demográficas (Comissão Europeia, 2023) ressalta a necessidade de concentrar as futuras políticas demográficas no desenvolvimento sustentável e nas capacidades humanas — em vez de perseguir metas numéricas. Especialistas concordam sobre a importância de estabilizar os sistemas de bem-estar social e saúde, ao mesmo tempo em que apoiam as gerações mais jovens. Fundamentalmente, o consenso mais forte na pesquisa não se concentrou em visões pessimistas sobre as tendências populacionais, mas sim na necessidade de alinhar o pensamento demográfico com objetivos sociais e de desenvolvimento mais amplos.

Itália registrou a menor taxa de nascimentos desde unificação

A Itália enfrentará, de forma inexorável, uma fase inédita de aumento do percentual de idosos, acompanhado pela diminuição absoluta e relativa dos demais grupos etários. A idade mediana da população italiana está projetada para atingir 53 anos em 2100, o que significa que a chamada geração prateada, formada por pessoas com 50 anos ou mais, será a maioria da população a partir da próxima década.

Contudo, o envelhecimento populacional não deve ser visto apenas como um obstáculo. Ele também pode gerar oportunidades, desde que políticas públicas, iniciativas privadas e a sociedade civil abandonem a percepção de que a população idosa é um “peso morto” para o sistema produtivo. O combate ao etarismo e o investimento no potencial das gerações com 50 anos ou mais são fundamentais para aproveitar a base da economia prateada.

A economia prateada, embora ainda em processo de consolidação como conceito, refere-se ao conjunto de atividades econômicas relacionadas à população idosa, considerando seu consumo, trabalho e contribuição social. Essa oportunidade está intimamente ligada a um envelhecimento populacional ativo e saudável.

Um fator fundamental é refutar as discriminações e o etarismo, promovendo representações positivas e diversificadas de pessoas, desafiando estereótipos negativos e promovendo uma visão mais inclusiva e respeitosa dos idosos. Também, incentivar políticas que permitam aos idosos continuar trabalhando, se assim desejarem, por meio de empregos flexíveis e adequados, além de garantir sistemas de aposentadoria e previdência social robustos para proporcionar segurança econômica aos idosos. Incentivar programas de voluntariado onde idosos possam contribuir e, ao mesmo tempo, receber apoio da comunidade. Por fim, é essencial garantir a diversidade etária nas empresas e a transferência social de conhecimento e habilidades entre gerações.

Sem dúvida, a economia prateada pode ser um catalisador de mudanças positivas rumo à sustentabilidade social e ambiental, tanto por meio de redução das desigualdades e da implementação de padrões de consumo mais conscientes, quanto pelo incentivo à inovação tecnológica e ao planejamento urbano sustentável.

Ao alinhar as necessidades do envelhecimento populacional com práticas ecologicamente responsáveis, há a oportunidade de criar um futuro mais sustentável e inclusivo para todas as gerações. (ecodebate)

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