Uma abordagem demográfica
positiva para a Itália centra-se em transformar os desafios do envelhecimento e
declínio populacional em oportunidades, promovendo uma economia prateada
através de políticas que valorizem os idosos, estimulem a natalidade com apoio
a jovens, e abram as portas para a imigração, especialmente de descendentes de
italianos, para revitalizar a força de trabalho e a continuidade social da
nação.
Estratégias para uma
Abordagem Demográfica Positiva:
Valorização da População Idosa: Combater o etarismo e promover representações positivas de pessoas idosas.
Incentivar empregos flexíveis
e adequados para idosos que desejam continuar trabalhando.
Garantir sistemas de
aposentadoria e previdência social robustos.
Promover programas de voluntariado
para que idosos contribuam e recebam apoio.
Facilitar a transferência
social de conhecimento e habilidades entre gerações.
Estímulo à Natalidade: Implementar e reforçar políticas para aumentar a taxa de natalidade, como o bônus para cada criança nascida ou adotada.
Fornecer apoio econômico e
infraestruturas adequadas para pais jovens e seus filhos.
Criar um clima social que
veja o início de uma família como um empreendimento valorizado.
Promoção da Imigração e Integração: Facilitar a chegada e o acolhimento de imigrantes e descendentes de italianos.
Simplificar o processo de
reconhecimento da cidadania italiana para descendentes.
Oferecer incentivos fiscais
para pequenos municípios que recebam novos residentes.
Implementar políticas de
inclusão e integração para reverter o colapso populacional.
Inovação e Desenvolvimento Sustentável: Promover a inovação tecnológica impulsionada pela economia prateada.
Uma abordagem demográfica
positiva para a Itália
Adotar a demografia positiva
não significa negar ou minimizar os desafios demográficos reais que o país
enfrenta. Em vez disso, exige uma mudança de perspectiva
Muitos veículos da mídia
difundem uma visão alarmista sobre a dinâmica demográfica da Itália. Na última
década, a população italiana diminuiu em quase 2 milhões de habitantes e o
número de nascimentos cai há 16 anos consecutivos. Em média, as mulheres
italianas estão tendo apenas 1,2 filho, o menor nível já registrado no país.
Isso está abaixo da taxa média de fecundidade da União Europeia, de 1,4 filhos,
e muito abaixo dos 2,1 necessários para a reposição da população.
Apesar dos esforços para
incentivar a natalidade e de muitas discussões sobre políticas favoráveis ao
aumento do tamanho das famílias, o governo de direita da primeira-ministra
Giorgia Meloni não conseguiu reverter a baixa taxa de fecundidade e nem o
decrescimento populacional.
Contudo, o e-book “Population Report 2025. Towards a Positive Demography” (Vignoli, Paterno, Strangers, 2025) — oferece uma interpretação distinta e, em muitos aspectos, inovadora da dinâmica sociodemográfica da Itália através da lente da demografia positiva. Em contraste com as narrativas alarmistas predominantes que dominam a mídia e o discurso público, apresenta uma perspectiva mais equilibrada sobre a mudança populacional.
Segundo os autores, adotar a demografia positiva não significa negar ou minimizar os desafios demográficos reais que o país enfrenta. Em vez disso, exige uma mudança de perspectiva: reconhecer que estamos passando por uma transição profunda para uma fase qualitativamente diferente — nem melhor nem pior, mas nova. Essa abordagem nos incentiva a reconhecer as oportunidades inerentes às mudanças demográficas, ao mesmo tempo em que nos engajamos ativamente com os desafios que elas acarretam
A Itália, como muitas
sociedades avançadas, está testemunhando grandes transformações: aumento da
longevidade e melhor saúde na terceira idade, uma lacuna persistente entre a
fecundidade desejada e a real, mudanças nas estruturas familiares, fluxos
migratórios internacionais, melhorias educacionais e padrões de autonomia
juvenil em evolução.
Essas tendências estão
remodelando não apenas as estruturas populacionais, mas também as expectativas
sociais e as necessidades institucionais. Por exemplo, a taxa de evasão escolar
e a proporção de jovens que não estudam nem trabalham diminuíram significativamente
nos últimos anos — especialmente em algumas regiões — enquanto novas formas de
vida familiar são cada vez mais aceitas. A migração, apesar de suas
complexidades, ajudou a mitigar o declínio populacional no curto prazo. Além
disso, algumas áreas do país estão começando a exibir sinais encorajadores de
bem-estar demográfico.
Um recente estudo global de especialistas sobre mudanças demográficas (Comissão Europeia, 2023) ressalta a necessidade de concentrar as futuras políticas demográficas no desenvolvimento sustentável e nas capacidades humanas — em vez de perseguir metas numéricas. Especialistas concordam sobre a importância de estabilizar os sistemas de bem-estar social e saúde, ao mesmo tempo em que apoiam as gerações mais jovens. Fundamentalmente, o consenso mais forte na pesquisa não se concentrou em visões pessimistas sobre as tendências populacionais, mas sim na necessidade de alinhar o pensamento demográfico com objetivos sociais e de desenvolvimento mais amplos.
Itália registrou a menor taxa de nascimentos desde unificação
A Itália enfrentará, de forma
inexorável, uma fase inédita de aumento do percentual de idosos, acompanhado
pela diminuição absoluta e relativa dos demais grupos etários. A idade mediana
da população italiana está projetada para atingir 53 anos em 2100, o que
significa que a chamada geração prateada, formada por pessoas com 50 anos ou
mais, será a maioria da população a partir da próxima década.
Contudo, o envelhecimento
populacional não deve ser visto apenas como um obstáculo. Ele também pode gerar
oportunidades, desde que políticas públicas, iniciativas privadas e a sociedade
civil abandonem a percepção de que a população idosa é um “peso morto” para o
sistema produtivo. O combate ao etarismo e o investimento no potencial das
gerações com 50 anos ou mais são fundamentais para aproveitar a base da
economia prateada.
A economia prateada, embora
ainda em processo de consolidação como conceito, refere-se ao conjunto de
atividades econômicas relacionadas à população idosa, considerando seu consumo,
trabalho e contribuição social. Essa oportunidade está intimamente ligada a um
envelhecimento populacional ativo e saudável.
Um fator fundamental é
refutar as discriminações e o etarismo, promovendo representações positivas e diversificadas
de pessoas, desafiando estereótipos negativos e promovendo uma visão mais
inclusiva e respeitosa dos idosos. Também, incentivar políticas que permitam
aos idosos continuar trabalhando, se assim desejarem, por meio de empregos
flexíveis e adequados, além de garantir sistemas de aposentadoria e previdência
social robustos para proporcionar segurança econômica aos idosos. Incentivar
programas de voluntariado onde idosos possam contribuir e, ao mesmo tempo,
receber apoio da comunidade. Por fim, é essencial garantir a diversidade etária
nas empresas e a transferência social de conhecimento e habilidades entre
gerações.
Sem dúvida, a economia prateada pode ser um catalisador de mudanças positivas rumo à sustentabilidade social e ambiental, tanto por meio de redução das desigualdades e da implementação de padrões de consumo mais conscientes, quanto pelo incentivo à inovação tecnológica e ao planejamento urbano sustentável.
Ao alinhar as necessidades do envelhecimento populacional com práticas ecologicamente responsáveis, há a oportunidade de criar um futuro mais sustentável e inclusivo para todas as gerações. (ecodebate)
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