Para inúmeras pessoas, os
riscos de saúde decorrentes da poluição do ar dentro de casa (poluição indoor),
pode ser muito maior que o da poluição ao ar livre.
A Qualidade do Ar Interno
(QAI) surgiu como ciência a partir da década de 70 com a crise energética e a
consequente construção dos edifícios selados (desprovidos de ventilação
natural), principalmente nos países desenvolvidos, e ganhou dimensão mundial
após a descoberta de que a diminuição das taxas de troca de ar nesses ambientes
era a grande responsável pelo aumento da concentração de poluentes biológicos e
não biológicos no ar interno.
A rigor, pode-se dividir os
tipos de poluentes em: materiais particulados, aerossóis, vapores e gases.
Esses, por sua vez, podem ser classificados em orgânicos, inorgânicos e
biológicos. Os 7 principais poluentes são:
1. Monóxido de carbonocarbon monoxide/CO: O monóxido de carbono
é um produto por combustão incompleta de combustíveis como o gás natural,
carvão ou madeira. Na presença de um suprimento adequado de O2 mais
monóxido de carbono produzido durante a combustão é imediatamente oxidado a
dióxido de carbono/CO2. Os maiores níveis de CO geralmente ocorrem
em áreas com tráfego intenso congestionado. Nas cidades, 85-95 % de todas as
emissões de CO geralmente são provenientes do escape dos veículos a motor.
Outras fontes de emissões de CO incluem processos industriais, queima
residencial de madeira para aquecimento, ou fontes naturais, como incêndios
florestais. Os fogões a gás e os fumos de cigarro são as principais fontes de
emissões de CO em espaços interiores. Dependendo de quanto é inalado, o CO pode
afetar a coordenação, doenças do coração fazem pior e causar fadiga, dor de
cabeça, confusão, náuseas e tonturas. Níveis muito altos pode causar a morte.
Idosos, bebês em desenvolvimento e pessoas com doenças cardiovasculares e
pulmonares são particularmente sensíveis a níveis elevados de CO.
2. Ozônio/O3: formado por reações químicas entre o
Óxido nitroso e composto orgânicos volátil. O Ozônio (não-medicinal) provoca vários problemas de saúde, tais como
dores torácicas, tosse e irritação da garganta, causando ainda vários danos nas
plantas . As reações químicas envolvidas na formação de ozônio troposférico são
uma série de ciclos complexos em que o monóxido de carbono e compostos
orgânicos voláteis são oxidados ao vapor de água e dióxido de carbono, através
de reações químicas e fotoquímicas.
3. Chumbo/Pb: A exposição humana ao chumbo causada por emissões
industriais é um problema de interesse mundial. As principais fontes de
exposição ao Pb são empresas do setor de reformadoras de baterias (RB), que
ainda utilizam processos e tecnologia obsoletos, em instalações precárias. O
monitoramento de Pb no ar, próximo a tais fontes estacionárias é necessário
para avaliar o nível de exposição ao Pb e prever possíveis efeitos nocivos à
saúde. Os efeitos mais críticos no ser humano são observados sobre o sistema
nervoso, e síntese do heme. Podendo ocorrer também distúrbios no sistema
nervoso periférico e nos sistemas renal, gastrointestinal, reprodutor e
cardiovascular. Os sintomas crônicos decorrentes da exposição excessiva são
encefalopatia, arterioesclerose, nefropatia saturnina crônica, fibrose
intersticial e hipertensão arterial.
4. Dióxido de nitrogênio (NO2): Esse gás oxidante é
normalmente produzido por processos de combustão.
5. Material particular (partículas finas = PM): As partículas
finas, ou inaláveis, são uma mistura complexa de substâncias orgânicas e
inorgânicas, presentes na atmosfera, líquidos ou sólidos, como poeira, fumaça,
fuligem, pólen e partículas do solo. O tamanho das partículas está diretamente
ligado ao seu potencial para causar problemas de saúde, sendo classificadas de
acordo com o seu tamanho: PM10 – partículas com diâmetro equivalente inferior a
10μm, e PM 2,5, para partículas com diâmetro equivalente inferior a 2,5μm. As
fontes primárias mais importantes destas substâncias são o transporte
rodoviário (25%), processos de não-combustão (24%), instalações de combustão
industriais e processos (17%), combustão comercial e residencial (16%) e o
poder público de geração (15%). As partículas com menos de 10 micrômetros (μm)
de diâmetro pode penetrar profundamente no pulmão e causar sérios danos na
saúde. São um dos principais poluentes com efeitos diretos na saúde humana,
pois quando inaladas, penetram no sistema respiratório causando sérios danos.
Estudos recentes comprovam que são responsáveis pelo aumento de doenças
respiratórias como a bronquite asmática.
6. Dióxido de Enxofre/SO2: Os óxidos de enxofre, em
especial o dióxido de enxofre, SO2 são maioritariamente emitido por
vulcões, produzido em grande escala por processos industriais e pelo tráfego de
veículos a motor. O enxofre é um composto abundante no carvão e petróleo, sendo
que a combustão destes emite quantidades consideráveis de SO2. Na
atmosfera, o SO2 dissolve-se no vapor de água, formando um ácido que
interage com outros gases e partículas ai presentes, originando sulfatos e
outros poluentes secundários nocivos. Uma maior oxidação de SO2,
normalmente na presença de um catalisador, como NO2, forma H2SO4
e, assim, a chuva ácida. Esta é uma das causas de preocupação sobre o impacto
ambiental da utilização destes combustíveis como fontes de energia.
7. Compostos orgânicos voláteis (COVs): São produtos químicos
orgânicos que facilmente evaporam à temperatura ambiente, como o metano,
benzeno, xileno, propano e butano. São chamados orgânicos porque contêm o
elemento carbono nas suas estruturas moleculares, e são de especial
preocupação, pois na presença do sol, sofrem reações fotoquímicas que podem
originar ozônio. A evaporação de COVs oriundos de materiais de construção,
acabamento, decoração e de mobiliário, é uma das principais fontes de COVs em
recintos fechados. Outras fontes importantes são os processos de combustão e
emissões metabólicas de micro-organismos. Contribuem ainda para agravar o quadro,
os processos que melhoram o transporte desses compostos para a fase vapor, tais
como umidificadores, uso de produtos à base de aerossol e até mesmo os sistemas
de ar condicionado, supostamente purificadores e condicionadores de ar, que
podem ser uma das causas principais de poluição no ar indoor.
8. Fumaça do cigarro: A fumaça do cigarro contém milhares de constituintes químicos, e ela pode ser, em casos extremos, a maior fonte de matéria particulada respirável do ar em recintos fechados. Portanto, a queima de tabaco produz uma mistura complexa de poluentes, muitos dos quais são irritantes respiratórios. Sabe-se que concentrações altas de fumaça de tabaco incomodam e irritam os indivíduos, e que existe uma preocupação com relação aos efeitos potenciais na saúde. Portanto, onde existe alta incidência de fumantes e mínima ventilação pode haver acúmulo da fumaça do tabaco, causando irritação, particularmente no sistema respiratório superior.
Há um número de fontes de poluição do ar que são mais comumente conhecidas, como o perigo dos produtos de limpeza e purificadores de ar. O site Ciclo Vivo escolheu sete fontes de poluição do ar interior que podem ser menos conhecidas.
1. Carpete novo: Materiais do carpete podem emitir uma variedade de compostos orgânicos voláteis (COVs). Dica: Ao comprar um carpete novo, areje-o por alguns dias antes de instalá-lo. Procure por aquele com baixas concentrações de COVs – com adesivos sem formaldeído. Depois de colocado, mantenha as janelas na sala abertas e deixe um ventilador ligado por dois ou três dias.
2. Lâmpadas fluorescentes
compactas quebradas: Quando essas lâmpadas quebram, podem emitir no ar, em
pequenas quantidades, o mercúrio (uma neurotoxina). Carpetes e tapetes não
podem ser totalmente limpos de mercúrio e aspiradores de pó não devem ser
usados para limpá-lo. Dica: Não use lâmpadas fluorescentes compactas em
luminárias que poderiam facilmente tombar, especialmente em casas com crianças
ou mulheres grávidas. Se a lâmpada quebrar, abra uma janela e limpe o quarto
por 15 minutos.
3. Novos componentes
eletrônicos e produtos de plástico: Produtos feitos com cloreto de polivinila
(PVC) podem emitir ftalatos, que têm sido associados a alterações hormonais e
problemas reprodutivos. Plásticos também podem liberar produtos químicos
retardadores de chama, como éteres difenil-polibromados, que têm sido
associados a alterações neuro-comportamentais em estudos com animais. Dica:
Ventile o espaço até o odor dos produtos químicos se dissipar. Aspire em torno
de computadores, impressoras e televisores regularmente.
4. Colas e adesivos: Elas
podem emitir COV, como acetona ou metil etil cetona, que podem irritar os olhos
e afetar o sistema nervoso. Cimento de borracha pode conter n-hexano, uma
neurotoxina. Adesivos podem emitir formaldeído tóxico. Dica: Procure por cola a
base de água, livre de formaldeído. Trabalhe em um espaço bem ventilado.
5. Equipamento de aquecimento
(fogões, aquecedores, lareiras e chaminés): Equipamento de aquecimento,
especialmente fogões a gás, podem produzir monóxido de carbono, capaz de causar
dores de cabeça, tontura, fadiga e até mesmo a morte se não for ventilado
corretamente. Pode também emitir dióxido de azoto (nitrogênio) e partículas,
que podem causar problemas respiratórios e inflamação dos olhos, nariz e
garganta.
6. Tintas e decapante: Tintas
látex são uma grande melhoria às tintas a base de óleo porque emitem menos
química. Mas, à medida que seca, todas as tintas podem emitir COV, o que pode
causar dores de cabeça, náuseas ou enjoos. Decapantes, removedores de adesivos
e tintas em spray aerosol também podem conter cloreto de metileno, que é
conhecido por causar câncer em animais. Dica: use tintas com baixo teor de COV.
Ao aplicar a pintura, abra janelas ou portas, areje o espaço com ventilador, e
use um respirador ou máscara. Mulheres grávidas devem evitar o uso de
decapantes com cloreto de metileno.
7. Móveis estofados e
produtos de madeira prensada (compensado de madeira, painéis de parede,
aglomerado, MDF): Quando novas, muitas mobílias e produtos de madeira podem
emitir formaldeído, uma provável substância cancerígena que também pode causar
irritação nos olhos, nariz e garganta; chiado e tosse, fadiga, erupções
cutâneas e reações alérgicas graves. Dica: aumente a ventilação, principalmente
depois de trazer novas fontes de formaldeído em sua casa. Use produtos de
madeira prensada, eles são de baixa emissão, pois contêm resinas de fenol, não
resinas de ureia. Procure por móveis sem formaldeído e produtos de madeira.
8. Nunca deixe que fumem na
sua casa. (ecodebate)
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