Um
estudo sobre os impactos do aquecimento global na população, publicado em
17/12/21 na revista científica One Earth, revela que o aumento da temperatura
nos trópicos já está colocando em risco o bem-estar e a produtividade das
pessoas que trabalham ao ar livre.
O
estudo, conduzido por uma equipe multidisciplinar da Duke University,
University of Washington e da organização não governamental The Nature
Conservancy (TNC), teve por base as condições de trabalho consideradas seguras,
informações de satélite e dados populacionais. Ao cruzar as referências, o
estudo identificou que o aquecimento global, associado ao desmatamento recente
(2003-2018), aumentou a exposição ao calor para 4,9 milhões de pessoas ao redor
mundo, incluindo 2,8 milhões que trabalham ao ar livre.
Uma das conclusões mais significativas foi referente à segurança do trabalho considerando os impactos na saúde de um trabalhador em uma determinada umidade e temperatura. De acordo com os pesquisadores, houve reduções significativas nas horas seguras de trabalho em áreas desmatadas quando comparadas com as de floresta tropical intacta.
No Brasil, o estudo destaca a exposição desproporcional ao calor nos estados do Pará e Mato Grosso e alerta que as projeções de aquecimento devem agravar ainda mais a situação. O estudo projeta que o aquecimento global futuro de mais 2°C em relação ao presente pode afetar 250 mil pessoas com a perda de mais duas horas de trabalho seguro por dia em comparação com 2003.
Segundo
Luke Parsons, que liderou grande parte da pesquisa, os dados reforçam a
importância das florestas tropicais na mitigação dos efeitos do aquecimento
global. “Nossas descobertas destacam o papel vital que as florestas tropicais
desempenham como ‘ar-condicionado natural’, em especial para as populações mais
vulneráveis às mudanças climáticas, visto que são normalmente de regiões onde o
trabalho ao ar livre tende a ser a principal opção para muitos”, explica o
pesquisador da Duke University.
Já o coautor e cientista de mudanças climáticas da TNC, Nick Wolff, destacou a urgente necessidade de conter e reverter o desmatamento das florestas. “Já sabíamos que o desmatamento tropical está associado a aumentos localizados de temperatura, mas, devido ao aquecimento acelerado que está ocorrendo em todo o planeta, é urgente realizar mais pesquisas sobre como as mudanças estão afetando populações humanas vulneráveis em todos os trópicos. Os vários compromissos para conter e reverter o desmatamento que surgiram na COP 26, em Glasgow, foram apenas um começo. Agora precisamos ver esses compromissos se convertendo rapidamente em ações locais tangíveis”, explicou.
Wolff afirmou, ainda, que o estudo evidenciou que remover a floresta tropical não é ruim apenas para as mudanças climáticas globais, mas também para os ecossistemas e comunidades locais. E, assim, evitar o desmatamento trará um benefício tangível para as pessoas que vivem em áreas de floresta tropical. (ecodebate)
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