Ainda
na linha do mentiroso recorrente, e de que a mentira tem perna curta, conforme
o dito popular; é também conhecido que o mentiroso contumaz inventa a segunda,
depois outra, mais outra, enfim dezenas, centenas, milhares. Mas vindo de
Portugal, outro ditado, avisa: “a esperteza, quando é muita, vira bicho e come
o dono”.
Assim
tem se comportado o (des) governo atual, um mentiroso contumaz. Pinóquio deu
cara (de pau) à mentira e seu personagem-símbolo universalizou. No Brasil de
hoje, Bolsonaro é nosso Pinóquio-mor, vindo a seguir seus ministros
subservientes, indignos e sem nenhuma altivez.
Talvez
pelo fato de dizerem que o brasileiro é “bonzinho”, fala com humor, raramente
com raiva, dos grandes mentirosos, inclusive do atual presidente. Suas mentiras
não são responsabilizadas pelo tamanho do despautério, pelos prejuízos impostos
ao povo, e a nação. Em outras culturas, a mentira é punida com mais rigor,
inclusive na memória popular. Mas já que foi citado alguns, provérbios, ditos
populares, não devemos esquecer o proverbio mendax et furax (mentiroso e
ladrão), que associa quem mente, a quem rouba.
O
desmatamento na região Amazônica não é uma prática atual. O bioma, que ocupa
cerca de 49,29% (4.196.943 milhões de km2) do território brasileiro está
presente nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Rondônia, Mato
Grosso, Maranhão e Tocantins; sofre com a retirada da cobertura vegetal a
partir da década de 1970.
A
história recente mostra que sabemos como fazer para diminuir o desmatamento,
como controlá-lo. No ano de 2004, o governo federal criou o Plano de Ação para
Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal-PPCDAm, visando reduzir
o desmatamento na Amazônia, e buscar maneiras de desenvolver a região. Nesse
período, foi criado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais-INPE, o
DETER, sistema expedito de alerta para suporte à fiscalização, utilizando
imagens de satélite, que detectam em tempo real o desmatamento. A partir de
então houve uma significativa redução das taxas de desmatamento.
Essa
redução perdurou entre os anos de 2008 a 2015, ficando entre 7.989km2 e 6.207km2.
Para registro, o ano de 2012 foi o de menor índice de desmatamento desde 1988.
Foram desmatados cerca de 4.571 km2, de acordo com o Projeto de
Monitoramento do Desmatamento da Amazônia Legal por Satélite-PRODES,
desenvolvido em 1988 para monitorar o desmatamento do bioma. A criação de
diversas unidades de conservação também contribuiu para esta importante redução
no desmatamento nesse período.
A
partir de 2016, as taxas de desmatamento voltaram a aumentar. Nesse ano foram
desmatados cerca de 6.947km2, aumentando para 7.900km2
entre os anos de 2017 e 2018, um aumento de 13,7% de áreas devastadas.
Em 10/01/2019, com a posse do atual (des) governo, apoiando e incentivando a mineração ilegal na região, a exploração agropecuária extensiva, e com um discurso de que as fiscalizações provocam impacto negativo nas atividades do campo; foram tomadas medidas efetivas para reduzir os poderes dos órgãos de controle e fiscalização, como o ICMBio, IBAMA, Policia Federal. O que ocorreu com o IBAMA mostra o desmonte em curso destes órgãos, sua anulação, diante de suas funções/obrigações institucionais.
O Decreto 9.760/2019 instituiu no IBAMA o Núcleo de Conciliação Ambiental, cujo papel é o de analisar, mudar o valor ou anular a multa aplicada pelo órgão. As ações do (des)governo e o aumento do desmatamento, estão intrinsecamente interligadas, os dados demonstram. De acordo com o IBAMA, em 2019 foram aplicadas menos multas a infratores ambientais do que em 2018. A redução da fiscalização foi acompanhada pelo aumento do desmatamento e das queimadas, que estão associadas não só às questões naturais, mas também às atividades humanas, como a manutenção das terras cultiváveis ou expansão das pastagens.
Esta
breve retrospectiva, nos leva ao que disse o atual ministro do Meio Ambiente,
Joaquim Leite, substituto de Ricardo Salles (o governo trocou “seis por meia dúzia”),
e que ocupava o cargo, antes de ser nomeado ministro, de Secretário da Amazônia
e Serviços Ambientais, além de ter sido conselheiro por mais de 20 anos da
Sociedade Rural Brasileira (SRB). Na Cúpula do Clima em Glasgow anunciou de que
o Brasil está empenhado em eliminar completamente o desmatamento ilegal até
2028, e reduzir as emissões de gases de efeito estufa até 2030 em 50%.
Assim,
seguindo o caminho do Pinóquio-mor, contou ao mundo a mentira da hora, a mais
recente, aquela que trata sobre o desmatamento da Amazônia, hoje a principal
causa das emissões de gases de efeito estufa pelo país, em particular o dióxido
de carbono (CO2). A de que o (des) governo que faz parte está
empenhado em eliminar o desmatamento daqui a 7 anos. Mentira deslavada diante
dos dados divulgados, que mostra o sentido contrário do que afirmou e se
comprometeu em Glasgow. Desde 2019, era Bolsonaro, a Amazônia perdeu cerca de
10.000 km2 de floresta por ano.
O
presidente, e seus ministros da área, mesmo sabendo bem antes do início da
Cúpula do Clima em Glasgow, que a taxa de desmatamento na Amazônia havia
disparado, com números alarmantes, preferiu reter as informações, como parte de
uma estratégia “infantil” ou “senil”, de tentar reconstruir uma credibilidade
ambiental diante da comunidade internacional, evitando críticas pela nefasta
gestão na área socioambiental.
Tudo
deu errado, conforme esperado. Após os dados de desmatamento vir à tona, todos,
sem exceção, órgãos da imprensa mundial estamparam reportagens sobre a
sonegação de informações, e o disparo do desmatamento nos últimos três anos,
que coincidem com a posse do atual presidente.
Não
se pode deixar de mencionar o papel, além do ministro Leite, do astronauta e
antiministro de Ciência, Tecnologia e Inovações. Marcos Pontes, que havia
recebido em seu gabinete o relatório do INPE, 15 dias antes da reunião de
Glasgow com informações sobre os catastróficos números do desmatamento, se
calou. Questionado em entrevista recente, aquele que é ministro sem nunca ter
sido, alegou que nada sabia, que não conhecia o relatório do INPE, pois estava
de férias. Figura nefasta, alçado a ministro de Estado, e cuja contribuição é
inequívoca para que a ciência se torne refém da política.
A participação desta tríade no episódio da tentativa de enganar, mentir e omitir dados alarmantes, que apontou o recorde de desmatamento na Amazônia, antes da COP26, foi um deboche mundial à inteligência alheia. Como ser levado a sério, se a determinação foi e é de enfraquecer os órgãos ambientais cortando o financiamento e pessoal? Como ser levado a sério se para fins de propaganda enviou militares e policiais despreparados, gastando centenas de milhões de reais para proteger a floresta Amazônica, sem que efetivamente o objetivo maior fosse atingido (mais um vexame para as forças armadas)? E como fica, a credibilidade, com a declaração do Presidente, de que a floresta tropical não pega fogo por ser úmida? Então quem vai investir num país cujos governantes se omitem, e mesmo compactuam diante de ações criminosas, e por essa razão, o desmatamento bate recordes?
A mentira tem perna curta, e este atual (des) governo foi uma grande mentira contada a população brasileira. Uma “fake news” que se revelou um desastre. Está chegando a hora de desbolsonarizar a máquina pública e suas ideias retrógradas e perniciosas, que tem conduzido o país a se tornar um pária no concerto das nações. Já vai tarde, para o limbo da história, e para o bem do país. (ecodebate)
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