A
concentração de CO2 na atmosfera continua aumentando, a despeito de
todo o blá-blá-blá das COPs e da governança global.
A cada
dia aumenta a consciência das pessoas e das instituições nacionais e
internacionais sobre a gravidade da crise climática. Porém, as soluções
apontadas e os acordos assinados não são capazes de frear e reverter as
emissões de gases de efeito estufa.
A
Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (ou Conferência de
Estocolmo) foi realizada na capital da Suécia entre 5 e 16 de junho/1972.
Naquela ocasião, há 50 anos, a concentração de CO2 na atmosfera
estava em 330 partes por milhão (ppm) e a população mundial era de 3,85 bilhões
de habitantes.
O mundo
tomou conhecimento que o número de 280 ppm que era o máximo que havia
prevalecido antes da Revolução Industrial e Energética, durante todo o Holoceno
(últimos 12 mil anos). Entre os princípios acordados em Estocolmo estava o
reconhecimento de que os recursos naturais necessitavam de gestão adequada para
não serem esgotados e a necessidade do controle da poluição.
A 1ª
Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (a COP1) aconteceu na
cidade de Berlim em 1995. Dois anos depois, em 1997, aconteceu a COP3, quando
foi assinado o Protocolo de Kyoto, no Japão. Naquele ano a concentração de CO2
estava em 367 ppm e a população mundial tinha passado para quase 6
bilhões de habitantes.
A
Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida
também como Rio+20, foi realizada entre os dias 13 e 22/06/2012, na cidade do
Rio de Janeiro. Naquele ano a concentração de CO2 estava em 396 ppm
e a população mundial tinha ultrapassado 7 bilhões de habitantes.
Nos 70
anos da ONU, foi realizado a COP21, quando foi assinado o Acordo de Paris que é
um tratado ocorrido no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a
Mudança do Clima (CQNUMC). O acordo foi negociado na capital da França e
aprovado em 12/12/2015. Entre as principais medidas estão a redução das
emissões de gases estufa, a fim de conter o aquecimento global abaixo de 2º C
e, preferencialmente, abaixo de 1,5ºC, e garantir a perspectiva do
desenvolvimento sustentável. Naquele ano a concentração de CO2
estava em 404 ppm.
No
final de 2021 foi realizada a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança
Climática, na cidade de Glasgow, na Escócia. A tarefa mais urgente da COP26 foi
traçar metas mais ambiciosas de redução de gases de efeito estufa para evitar
um aquecimento global acima de 1,5ºC. No ano passado a concentração de CO2
estava em 419 ppm e a população mundial estava chegando a 8 bilhões de
habitantes. Portanto, a curva de Keeling continua a aumentar a despeito de todo
o blá-blá-blá da governança global, pois o crescimento demoeconômico do mundo
continua em sua marcha incessante e desregrada.
De
fato, as emissões globais de CO2 estavam em 2 bilhões de toneladas
em 1900, passaram para 6 bilhões de toneladas em 1950, chegaram a 25 bilhões de
toneladas no ano 2000 e atingiram 36 bilhões de toneladas entre 2019 e 2021. Em
consequência do efeito estufa, as temperaturas do Planeta estão subindo e
acelerando as mudanças climáticas e seus efeitos danosos sobre a vida na Terra.
No
passado foram os países desenvolvidos que mais emitiram CO2 em
função da queima de combustíveis fósseis. Mas no século XXI os países fora da
OCDE emitem mais do que os países da OCDE e a soma da China + Índia emite muito
mais do que a Europa + EUA, conforme mostra o gráfico abaixo de artigo do
climatologista James Hansen.
Segundo
análise do Carbon Brief, os cenários para os próximos anos são os seguintes:
• O
mundo provavelmente excederá 1,5ºC entre 2026 e 2042 em cenários onde as
emissões não são reduzidas rapidamente, com uma estimativa central em 2031;
• O
limite 2º C provavelmente será excedido entre 2034 e 2052 no cenário de
emissões mais altas, com um ano mediano de 2043;
• Em um
cenário de mitigação modesta – onde as emissões permanecem próximas aos níveis
atuais – o limite 2º C seria excedido entre 2038 e 2072, com uma mediana em
2052.
A crise
climática significa clima instável e com variações extremas, provocando mais
furacões, mais secas, mais inundações, mais incêndios e queimadas, além de mais
mortes relacionadas ao calor e mais prejuízos econômicos. Maiores temperaturas
significam maior degelo. O nível do mar aumentará alguns metros à medida que as
prateleiras de gelo dos polos derreterem. Milhões de pessoas serão forçadas a
mudar de área ou país. A agricultura terá perda de produtividade e a
insegurança alimentar deve aumentar.
Só existe um caminho para evitar os piores cenários e este caminho passa pelo fim das emissões de gases de efeito estufa e pela reversão da curva de Keeling. O crescimento precisa virar decrescimento. O mundo registrou uma concentração de CO2 de 321 ppm em maio/1962 e 360 ppm em maio1992 (um aumento de 39 ppm nos 30 anos anteriores à Cúpula da Terra no Rio de Janeiro). Em maio de 2022 deve atingir 422 ppm (um aumento de 62 ppm nos 30 anos posteriores à Cúpula do Rio). Ou seja, o aumento da curva de Keeling se acelerou nos últimos 30 anos a despeito de todas as Conferências, Tratados e Acordos da governança global.
Portanto, é urgente interromper a emissão de gases de efeito estufa e voltar o mais rápido possível ao patamar de 360 ppm, considerando o nível seguro para evitar um aquecimento global catastrófico. (ecodebate)
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