O degelo da Antártida já
começou e apenas 5% de perda serão suficientes para inundar grandes áreas
urbanas e rurais. A maior parte do litoral brasileiro está ameaçada pelas
inundações.
“Em nossa opinião, a
evidência dos pontos de inflexão sugere que estamos em um estado de emergência
planetária: tanto o risco quanto a urgência da situação são acentuados” -
Timothy Lenton (27/11/2019)
Nos últimos 250 anos, a
economia global cresceu cerca de 135 vezes, a população mundial cresceu 9,2
vezes e a renda per capita cresceu 15 vezes. Este crescimento demoeconômico foi
maior do que o de todo o período dos 200 mil anos anteriores, desde o
surgimento do Homo sapiens e provocou a ultrapassagem da capacidade de carga da
Terra. Segundo o relatório do IPCC: “As mudanças climáticas induzidas pela
humanidade, incluindo eventos extremos mais frequentes e intensos, causaram
impactos adversos generalizados e perdas e danos relacionados à natureza e às
pessoas, além da variabilidade climática. Alguns esforços de desenvolvimento e
adaptação reduziram a vulnerabilidade”.
A temperatura da Terra já aumentou 1,2ºC desde o período pré-industrial e a meta estabelecida no Acordo de Paris, em 2015, era limitar o aquecimento global a 2ºC, com esforços para que ele não ultrapasse os 1,5ºC. Mas, as gerações que estão nascendo agora e que terão muitas pessoas sobreviventes no ano de 2100, vão passar por 4 vezes mais extremos climáticos do que passam agora, no cenário de 1,5ºC. Mas se as temperaturas aumentarem por volta de 2ºC, elas terão 5 vezes mais inundações, tempestades, secas e ondas de calor do que agora.
Segundo o IPCC, pelo menos 3,3 bilhões de pessoas são altamente vulneráveis às mudanças climáticas e 15 vezes mais propensas a morrer por condições climáticas extremas.
O degelo da Antártida já
começou e apenas 5% de perda será suficiente para inundar grandes áreas urbanas
e rurais. A maior parte do litoral brasileiro está ameaçada pelas inundações,
como mostrei em artigo do Ecodebate (Alves, 19/03/21). Assim, o degelo da
Antártida é uma péssima notícia para a humanidade.
O nível do mar deve subir
dezenas de centímetros no século XXI, dependendo dos níveis das emissões
futuras e da aceleração do aquecimento global. As gerações que ainda nascerão
irão herdar um mundo mais complicado e mais inóspito, podendo haver uma
mobilidade social descendente em um mundo com muitas injustiças ambientais,
apartheid climático e conflitos de diversas ordens.
O fato é que o degelo dos
polos, da Groenlândia e dos glaciares já começou e tende a se acelerar nas
próximas décadas. Os indicadores da crise climática e ambiental estão piores do
que o esperado.
Toda a vida na Terra é
vulnerável ao aquecimento global, incluindo os ecossistemas e a civilização
humana. Mitigação e adaptação são fundamentais.
Todavia, se a humanidade não alterar o estilo de vida e a maneira de produzir e consumir, as mudanças podem inviabilizar a capacidade de adaptação e o colapso ecológico seria inevitável.
A inflexão da Antártida: aquecimento e aceleração do degelo. (ecodebate)
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