As temperaturas mundiais estão
subindo! Esse é um alerta repetidamente feito por cientistas e pesquisadores do
clima e que, a cada dia, está sendo mais percebido no nosso dia a dia. Segundo
estudo feito pela BBC, o número de dias com calor acima de 50ºC no mundo dobrou
em 40 anos; conforme levantamento do MapBiomas, o Brasil perdeu 15% da
superfície de água nos últimos 30 anos; dados do Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (ACNUR) apontam que cerca de 64 milhões de pessoas no
mundo foram obrigadas a se deslocar por conta das mudanças climáticas.
Alterações no regime das
chuvas, tempestades e inundações mais frequentes, ondas de calor, incêndios
florestais, desertificação, entre outros, são temas com maior frequência nos
noticiários nacionais e internacionais. Estima-se que o planeta Terra está
1,2°C mais quente do que no século 19, o que representa um aumento de 50% na
quantidade de CO2 na atmosfera.
Como aponta Diogo Taranto,
engenheiro e diretor de negócios do Grupo Opersan, tendo como base o livro
“Terra Inabitável”, um aumento de 2°C nas temperaturas mundiais potencializará
em 32 vezes a ocorrência de ondas de calor e pode levar mais 400 milhões de
pessoas a sofrerem com a escassez de água; uma elevação de 4°C provocará um
aumento de 8 milhões de novos casos de dengue na América Latina, crises
alimentares por todo o mundo e prejuízos na ordem de 600 trilhões de dólares
(maior do que a riqueza atualmente disponível). “Hoje se somente os
compromissos do Acordo de Paris forem cumpridos chegaremos à 3,2ºC de aumento
nas temperaturas mundiais”, destaca Taranto.
Segundo glossário da Associação
Latino-Americana de Dessalinização e Reúso de Água (ALADYR), “O aquecimento
global é muitas vezes usado como sinônimo de mudanças climáticas, mas isso é
impreciso, pois enquanto o primeiro se refere a variações prolongadas nos
estados climáticos, o segundo é usado, segundo a Agência de Proteção Ambiental
dos Estados Unidos, para se referir ao aumento das temperaturas devido à
concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Portanto, o aquecimento
global é apenas um aspecto da mudança climática”.
Taranto complementa que as
mudanças climáticas afetam diretamente o futuro da água no nosso planeta, uma
vez que o ciclo da água está diretamente ligado ao clima. As mudanças nos
regimes de chuvas, associadas à ocorrência de evento hidrológicos extremos como
inundações e secas, além do aumento significativo da demanda por água
interferem na oferta de água.
No caso do Brasil, o relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) aponta que 94% da região semiárida brasileira está sujeita à desertificação, fato que deve acelerar o êxodo de moradores para outras partes do país, regiões que também estão sendo impactadas pela crise hídrica. “É hora de focar nesse problema, temos as tecnologias, a experiência e toda a comunidade científica pronta para evitar mais uma crise mundial de saúde. A reutilização de águas residuais, a economia circular e a gestão de resíduos são uma solução óbvia para enfrentar o problema na fonte”, destaca o engenheiro.
Pouca água, mais contaminantes
Outro tema destacado por
Taranto é a presença cada vez mais frequente de contaminantes emergentes nos
mananciais utilizados para o abastecimento das cidades. Os poluentes ou
contaminantes emergentes são substancias potencialmente tóxicas, cujas
concentrações no ambiente e implicações no longo prazo ainda não estão
completamente mapeadas. Normalmente são oriundos de diferentes processos,
estando presentes em compostos de uso industrial, produtos de higiene pessoal,
medicamentos, fármacos de uso veterinário,
pesticidas, entre outros, e são despejados nos rios através do descarte de
esgoto e efluentes, tratados ou não.
Taranto destaca que cerca de
90% dos microplásticos encontrados nos ecossistemas costeiros sejam
provenientes da lavagem de roupas sintéticas, a estimativa é que 60% das roupas
sejam fabricadas a partir de fibras de plásticos como nylon, acrílico e
poliéster. Em cada lavagem, são liberadas microfibras que escapam dos filtros
das máquinas de lavar, acabam não sendo retidas nas estações de tratamento de
esgoto e chegam os rios utilizados como fonte de captação de água.
O tratamento convencional
biológico e físico-químico, quando realizado de acordo com as boas práticas, é
muito eficiente na remoção de patógenos e matéria orgânica; entretanto, para a
remoção de poluentes emergentes é necessária a implantação de etapas
complementares como, por exemplo, membranas, carvão ativado, carvão
biologicamente ativado e processos oxidativos avançados.
Um dos cases de sucesso apresentado por Taranto foi o de uma indústria têxtil, na região de Blumenau (SC), que enfrentava problemas como o alto custo de Opex, dificuldade de atendimento legal e uma operação deficitária. Neste exemplo, o Grupo Opersan projetou e construiu a solução técnica mais apropriada para o tratamento de águas e efluentes com capital próprio, sendo responsável pela operação e manutenção da planta durante o contrato. Além de redução de Opex, com a operação da planta foram alcançados os parâmetros necessários para atendimento legal do efluente descartado e a aplicação da água de reuso em fins sanitários (10%) e processos industriais (90%).
“O reuso de efluente sanitário tratado encaixa com a necessidade de melhorar a disponibilidade hídrica, principalmente no nordeste do país e grandes centros urbanos, e traz oportunidades de sinergia para fortalecer os setores hídricos e de saneamento no Brasil”, destacou Taranto durante sua apresentação no Congresso. (ecodebate)
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