O Brasil é o segundo país com a maior cobertura vegetal do mundo (o
primeiro é a Rússia), e está entre os cinco países que mais emitem gases de
efeito estufa. O desmatamento está reduzindo de forma significativa a cobertura
vegetal em todos os biomas do território nacional, o que acentua o risco de
eventos climáticos extremos. Estima-se em torno de 20 mil km2 de
vegetação nativa desmatada por ano, em consequência de derrubadas e incêndios,
na grande maioria ilegal. O que torna o desmatamento no país a principal causa
das emissões de gases de efeito estufa.
O desmatamento ocorre principalmente na agropecuária. Contudo, a construção de estradas, hidrelétricas, mineração, produção de energia, e o processo intensivo de urbanização, têm contribuído significativamente para a redução das matas. Esse processo acarreta vários fatores negativos ao meio ambiente (e as pessoas, certamente), entre eles se destacam: emissão de gás carbônico na atmosfera, alterações climáticas, perda da biodiversidade, empobrecimento do solo, erosão, desertificação, entre outros.
O que tem chamado atenção nos últimos 10 anos, é o aumento da contribuição ao desmatamento, pelos “negócios do vento” (e se inicia também nesta trágica trajetória, as mega usinas solares fotovoltaicas). Grandes complexos eólicos têm se instalado no Nordeste, em áreas do interior (mas também em áreas litorâneas), onde predomina a vegetação do tipo caatinga, único bioma 100% brasileiro, ocupando cerca de 10% do território nacional e 70% da região Nordeste.
Conforme cálculos do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE), a
Caatinga teve sua vegetação reduzida pela metade devido ao desmatamento. São
aproximadamente 500 mil hectares devastados por ano, principalmente para produzir
energia, criação de animais, entre outras atividades. E agora, os complexos
eólicos, com a instalação desenfreada, sem regulamentação, e com a conivência
de órgãos públicos que deveriam cuidar deste bioma.
Hoje, através de estudos técnicos-científicos, é possível identificar
inúmeros impactos causados pela modalidade de produzir energia elétrica em
larga escala, através do conceito de produção “centralizada”, cujos
beneficiários são aqueles que literalmente exploram este bem natural, os
ventos. Na concepção capitalista prevalece o lucro em primeiro lugar, sem a
preocupação com a preservação e proteção da natureza, deixando como herança os
malefícios provocados, não só para as populações locais, mas para todo o
planeta.
O que chama a atenção é o discurso e ações contraditórias e ambíguas
dos governos estaduais nordestinos em relação à emergência climática em curso
(a responsabilidade do atual desgoverno federal nem se fala, já que é
antiambiental, ecocida). Ao mesmo tempo em que discursam em prol da descarbonização, promovendo a expansão das fontes renováveis em seus
territórios, estes governos se curvam às exigências dos grandes
empreendimentos. Flexibilizam a legislação ambiental, omitem na fiscalização,
permitindo assim que os complexos eólicos sacrifiquem áreas de preservação, as
serras, os brejos de altitude, os fundos e fechos de pasto, territórios onde
vivem as populações originárias (índios, quilombolas), e a própria agricultura
familiar com a neo-expropriação (http://cersa.org.br/destaque/negocios-do-vento-arrendamento-ou-expropriacao-de-terra/)
de terras para a instalação dos equipamentos desta atividade econômica,
excludente, concentradora de renda e predatória.
A insanidade dos tomadores de decisão na área de energia tem que ser
combatida e contida, com informação, transparência e participação, com a
democratização no processo de escolhas das políticas energéticas. E não pela
ação dos lobistas que “capturam” os órgãos públicos para seus fins, sem se
importar com a população e a natureza. (ecodebate)
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