A emergência climática que
assola o planeta, tem nome e sobrenome dos maiores responsáveis por esta
tragédia anunciada. São as emissões dos gases de efeito estufa (GEE’s)
produzidas em sua grande maioria pelas atividades da indústria dos combustíveis
fósseis (petróleo, carvão e gás), que chegam a produzir em toda a cadeia
produtiva, desde a prospecção, extração, transporte, conversão e uso final, em
torno de ¾ de todas as emissões.
A indústria petrolífera e suas
ramificações, dentre os combustíveis fósseis, é aquela que está levando o
planeta e toda sua biodiversidade, incluindo os seres humanos, para uma
catástrofe sem precedentes.
Reproduzindo as palavras do
secretário Geral das Organizações das Nações Unidas (ONU), diante do novo
relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
indicando que as emissões de 2010-2019 foram as mais altas na história da
humanidade, afirmou “esta é prova de que o mundo está em um caminho rápido para
o desastre, que pode tornar o planeta inabitável. Isso não é ficção ou
exagero. É o que a ciência nos diz que resultará de nossas atuais políticas
energéticas. Estamos no caminho para o aquecimento global de mais que o dobro
do limite de 1,5°C que foi acordado em Paris em 2015.
Diante desta superlativa
responsabilidade como maiores causadores globais das mudanças climáticas,
principalmente as empresas petrolíferas; pesquisadores da Universidade do
Tohuku, no Japão, analisaram os anos de 2009 a 2020, os discursos e
compromissos relacionados à transição para energia “limpa” de quatro grandes
corporações, responsáveis por mais de 10% das emissões de carbono em todo o
mundo: British Petroleum (BP), Chevron, ExxonMobil e Shell. Os pesquisadores
concluíram que nenhuma destas empresas está atualmente fazendo a transição de
combustíveis fósseis para as fontes renováveis, e que os discursos não se
alinham com suas ações e investimentos realizados.
Portanto, o papel destas
empresas, concernente às responsabilidades de poluir o planeta, tem sido
lastimável, e contrário aos propósitos das Conferências do Clima (COP´s). Com
representação crescente a cada ano nestas conferências, estes lobistas criam
dificuldades, influenciam decisões, agem para adiar o necessário banimento dos
combustíveis fósseis; e que de forma alguma, deveria ser permitido estarem
presentes em tais eventos.
Uma destas empresas, a britânica BP, esteve recentemente arrolada em um episódio, com repercussão nacional, que mostra bem o ideário de seus mandatários, que se acham acima da lei. E que acabam confundindo liberdade de expressão, com liberdade de agressão.
O chefão, ‘il capo’, chamado pela empresa de ‘Head of Country’, Adriano Bastos, segundo a coluna da jornalista Mônica Bergano, da Folha de S. Paulo, agrediu verbalmente a juíza federal baiana Clara da Mota Santos Pimenta Alves, auxiliar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin. O caso teria ocorrido em 04/11/22, no interior de uma pizzaria de Cuiabá. Segundo boletim de ocorrência registrado pela magistrada, o executivo da BP teria se aproximado e dado início às agressões verbais xenófobas relacionadas à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atribuindo ao Estado da Bahia sua conquista. Um estado que ‘não produz nada’ e ‘não possui PIB’, afirmou. Além de bravejar, que o eleitorado do petista é formado por ‘assistidos’, e de ‘funcionários públicos’ que ‘não trabalham, não fazem nada’.
Esta empresa multinacional,
atua no Brasil na produção de lubrificantes (Castrol), biocombustíveis e
bioenergia (por meio da joint-venture BP-Bunge Bioenergia), energia solar (por
meio da joint-venture Lightsource BP), exploração e produção de petróleo e gás
natural (upstream), distribuição de combustíveis de aviação (Air BP) e marítimo
(BP Marine/NFX), e comercialização de energia (BP Comercializadora de Energia).
É conhecida também como a causadora de um dos piores desastres ambientais da
história dos Estados Unidos com a explosão da plataforma Deepwater Horizon. O
vazamento de petróleo no Golfo do México em 2010 atingiu os Estados da Flórida,
Alabama, Mississippi, Louisiana e Texas. A mancha de petróleo que encobriu aves
marinhas, danificou praias e provocou enormes perdas para as indústrias de
pesca e turismo.
Assim, como historicamente os
países desenvolvidos têm a maior responsabilidade pelas emissões que levam ao
aumento da temperatura global, as empresas petrolíferas têm responsabilidades
pelos danos ocasionados pelas mudanças climáticas em curso. Entre 1751 e 2017,
os Estados Unidos, a União Europeia e o Reino Unido foram responsáveis por 47%
das emissões cumulativas de dióxido de carbono, em comparação com apenas 6% dos
continentes africano e sul-americano.
É neste contexto que a fala de
um alto dirigente de uma companhia petrolífera multinacional, que tem passivos
ambientais e conduta ética e moral questionável, teve a devida repercussão.
Ao questionar o resultado das eleições presidenciais e a soberania popular, que a partir do voto deu majoritariamente a vitória incontestável ao candidato Lula, a fala preconceituosa e xenófoba merece toda nossa indignação, nossa repulsa.
A cidadania exige que sejam tomadas as devidas providências no sentido de responsabilizar, e impedir que este tipo de posicionamento fique impune. (ecodebate)
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