terça-feira, 17 de janeiro de 2023

Número de árvores por pessoa nos países e no mundo

Mapa mostra como é amplo o desmatamento no mundo e, em especial, mostra que o Brasil lidera o ranking dos países que mais desmatam.

“Tentamos proteger as árvores, esquecidos de que são elas que nos protegem” - Carlos Drummond de Andrade (1902-1987).

O mundo tinha cerca de 6 mil árvores por habitante antes da Revolução Industrial e Energética. Mas com o crescimento demoeconômico e a antropomorfização do mundo as florestas foram derrubadas para dar lugar à agricultura, à pecuária e à expansão urbana e humana. O resultado foi a redução do número de árvores por pessoa que ficou em 422 árvores por habitante em 2014.

O gráfico abaixo, do site Our World in Data, mostra a relação árvore por habitantes em todos os países. Entre os grandes países, o Canadá se destaca, pois tem quase 9 mil árvores por habitante. Também se destacam Rússia, com 4.461 árvores por habitantes e a Austrália com 3.266 árvores por habitantes. Na América Latina se destaca Suriname com 15.279 árvores por habitante.
A tabela abaixo mostra os 70 países com maior quantidade de árvores por habitantes e alguns outros com menor quantidade. A média mundial é de somente 422 árvores por habitante. O Brasil aparece em 31º lugar no ranking, com 1.494 árvores por habitante e os EUA aparecem em 52º lugar, com 716 árvores por habitante. A China que é o país mais populoso do mundo tem apenas 102 árvores por habitante e a Índia que será, em 2023, o país mais populoso do mundo tem míseras 28 árvores por habitante. O Haiti – que é o país mais pobre das Américas e tem tradição de desmatamento – tem mínimas 14 árvores por habitante. Mas uma das piores situações encontra-se no Iêmen com apenas 1 árvore para cada habitante.
O mundo está em um caminho insustentável, pois cresce o número de pessoas e diminui o número de árvores, sendo que as pessoas, quando mais consomem, mais emitem dióxido de carbono (que aumenta o efeito estufa e acelera o aquecimento global), enquanto as árvores utilizando a luz do sol – por meio da fotossíntese – transformam o dióxido de carbono em oxigênio. Ou seja, o impacto humano acelera o aquecimento global e o impacto vegetal ameniza o aquecimento global. Assim, reduzir as áreas ecúmenas e aumentar as áreas verdes anecúmenas pode manter o Planeta habitável, evitando tanto o ecocídio, quanto o suicídio civilizacional.

Reportagem da BBC (17/08/2022), com base nos dados do Instituto Global Forest Watch, mostram que, em todo o mundo, a quantidade de cobertura florestal queimada quase dobrou nos últimos 20 anos. A mudança climática é um fator chave no aumento, pois leva a temperaturas mais altas e condições climáticas mais secas. Dos 9 milhões de hectares de árvores consumidos pelo fogo em 2021, mais de cinco milhões estavam na Rússia.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse a ministros de 40 países reunidos para discutir a crise climática na metade de julho de 2022: “Metade da humanidade está na zona de perigo, de inundações, secas, tempestades extremas e incêndios florestais. Nenhuma nação está imune. No entanto, continuamos a alimentar nosso vício em combustíveis fósseis”. A maior frequência e intensidade dos incêndios florestais e das ondas de calor causando estragos em várias partes do globo mostram que a humanidade caminha, alertou Guterres, para um “suicídio coletivo”.

Plantar árvores e reflorestar o mundo é essencial. Mas como mostrou Greta Thunberg: “Plantar as árvores certas no solo certo é muito útil”. Elas eventualmente sequestram o dióxido de carbono da atmosfera e precisamos fazer isso onde seja adequado para o solo e para as pessoas que vivem aí e cuidam dessa terra. Mas o reflorestamento não deve ser confundido com compensação climática ou o carbono offsetting, que é algo completamente diferente. Vejamos: o principal problema é que já temos pelo menos 40 anos de emissões de dióxido de carbono para “compensar”.

Que países perderam e ganharam mais árvores desde 1990?

Embora existam 3 bilhões de árvores no mundo, nos últimos 25 anos, o planeta perdeu 1,3 milhões de  km2 de floresta.

Está tudo aí em cima, na atmosfera, e é lá que vai ficar, provavelmente por muitos séculos. É nesse CO2 histórico que deveríamos nos focar quando usamos nossas formas atuais e muito limitadas de remover o CO2 da atmosfera por meio de vários projetos, como o plantio de árvores. Mas a compensação como a concebemos não tem a intenção de fazer isso. Nunca foi criada para que limpemos o nosso desastre. Muitas vezes é usada como desculpa para continuar a emitir CO2 como habitualmente fazemos, business as usual, e, no entanto, enviar o sinal de que temos uma solução e de que não há necessidade de mudar” (IHU, 20/10/2022).

IPCC divulgou relatório em 26/12/2022 mostrando que os países signatários do Acordo de Paris estão longe do prometido para conter crise climática global. Em um levantamento independente divulgado em outubro/22, pela Forest Declaration Assessment (Avaliação da Declaração Florestal), o mundo está longe das metas internacionais de suspensão da perda e da degradação florestal para 2030.

Na conferência do clima de Glasgow, em 2021, o Brasil e mais de 100 países firmaram um acordo para proteger florestas, reverter o desmatamento e a degradação de terra até o fim da década, mas os números atuais de redução apontam que o mundo não está no caminho certo para esse marco. De acordo com o estudo, o desmatamento global diminuiu “modestos” 6,3% em 2021 em comparação com a taxa de base de 2018-20. Com isso, a área degradada de florestas pelo mundo chegou a quase 7 milhões de hectares no ano passado, uma região equivalente ao tamanho da Irlanda.

Apesar dessa queda, impulsionada muito pelo progresso de países como a Indonésia e a Malásia, uma redução de 10% no desmatamento a cada ano é necessária para interromper completamente o desmatamento até 2030, segundo o levantamento. O mapa abaixo mostra como é amplo o desmatamento no mundo e, em especial, mostra que o Brasil lidera o ranking dos países que mais desmatam.

Mundo precisa restaurar a biocapacidade dos ecossistemas e voltar ao velho equilíbrio de menos gente e mais árvores. Brasil, República Democrática do Congo e Indonésia começaram a atuar em conjunto para proteger as maiores florestas tropicais do mundo.

Mas a civilização humana também precisa abandonar a queima de combustíveis fósseis e abandonar os hábitos do consumismo que fazem o conjunto das atividades antrópicas ultrapassarem a capacidade de carga da Terra. (ecodebate)

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