Mapa mostra como é amplo o
desmatamento no mundo e, em especial, mostra que o Brasil lidera o ranking dos
países que mais desmatam.
“Tentamos proteger as
árvores, esquecidos de que são elas que nos protegem” - Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987).
O mundo tinha cerca de 6 mil
árvores por habitante antes da Revolução Industrial e Energética. Mas com o
crescimento demoeconômico e a antropomorfização do mundo as florestas foram
derrubadas para dar lugar à agricultura, à pecuária e à expansão urbana e
humana. O resultado foi a redução do número de árvores por pessoa que ficou em
422 árvores por habitante em 2014.
Reportagem da BBC
(17/08/2022), com base nos dados do Instituto Global Forest Watch, mostram que,
em todo o mundo, a quantidade de cobertura florestal queimada quase dobrou nos
últimos 20 anos. A mudança climática é um fator chave no aumento, pois leva a
temperaturas mais altas e condições climáticas mais secas. Dos 9 milhões de
hectares de árvores consumidos pelo fogo em 2021, mais de cinco milhões estavam
na Rússia.
O secretário-geral da ONU,
António Guterres, disse a ministros de 40 países reunidos para discutir a crise
climática na metade de julho de 2022: “Metade da humanidade está na zona de
perigo, de inundações, secas, tempestades extremas e incêndios florestais.
Nenhuma nação está imune. No entanto, continuamos a alimentar nosso vício em
combustíveis fósseis”. A maior frequência e intensidade dos incêndios
florestais e das ondas de calor causando estragos em várias partes do globo
mostram que a humanidade caminha, alertou Guterres, para um “suicídio
coletivo”.
Plantar árvores e reflorestar o mundo é essencial. Mas como mostrou Greta Thunberg: “Plantar as árvores certas no solo certo é muito útil”. Elas eventualmente sequestram o dióxido de carbono da atmosfera e precisamos fazer isso onde seja adequado para o solo e para as pessoas que vivem aí e cuidam dessa terra. Mas o reflorestamento não deve ser confundido com compensação climática ou o carbono offsetting, que é algo completamente diferente. Vejamos: o principal problema é que já temos pelo menos 40 anos de emissões de dióxido de carbono para “compensar”.
Que países perderam e ganharam mais árvores desde 1990?
Embora existam 3 bilhões de
árvores no mundo, nos últimos 25 anos, o planeta perdeu 1,3 milhões de km2 de floresta.
Está tudo aí em cima, na
atmosfera, e é lá que vai ficar, provavelmente por muitos séculos. É nesse CO2
histórico que deveríamos nos focar quando usamos nossas formas atuais e muito
limitadas de remover o CO2 da atmosfera por meio de vários projetos,
como o plantio de árvores. Mas a compensação como a concebemos não tem a
intenção de fazer isso. Nunca foi criada para que limpemos o nosso desastre.
Muitas vezes é usada como desculpa para continuar a emitir CO2 como
habitualmente fazemos, business as usual, e, no entanto, enviar o sinal de que
temos uma solução e de que não há necessidade de mudar” (IHU, 20/10/2022).
IPCC divulgou relatório em
26/12/2022 mostrando que os países signatários do Acordo de Paris estão longe
do prometido para conter crise climática global. Em um levantamento
independente divulgado em outubro/22, pela Forest Declaration Assessment
(Avaliação da Declaração Florestal), o mundo está longe das metas
internacionais de suspensão da perda e da degradação florestal para 2030.
Na conferência do clima de
Glasgow, em 2021, o Brasil e mais de 100 países firmaram um acordo para
proteger florestas, reverter o desmatamento e a degradação de terra até o fim
da década, mas os números atuais de redução apontam que o mundo não está no
caminho certo para esse marco. De acordo com o estudo, o desmatamento global
diminuiu “modestos” 6,3% em 2021 em comparação com a taxa de base de 2018-20.
Com isso, a área degradada de florestas pelo mundo chegou a quase 7 milhões de
hectares no ano passado, uma região equivalente ao tamanho da Irlanda.
Apesar dessa queda, impulsionada muito pelo progresso de países como a Indonésia e a Malásia, uma redução de 10% no desmatamento a cada ano é necessária para interromper completamente o desmatamento até 2030, segundo o levantamento. O mapa abaixo mostra como é amplo o desmatamento no mundo e, em especial, mostra que o Brasil lidera o ranking dos países que mais desmatam.
Mundo precisa restaurar a biocapacidade dos ecossistemas e voltar ao velho equilíbrio de menos gente e mais árvores. Brasil, República Democrática do Congo e Indonésia começaram a atuar em conjunto para proteger as maiores florestas tropicais do mundo.
Mas a civilização humana
também precisa abandonar a queima de combustíveis fósseis e abandonar os
hábitos do consumismo que fazem o conjunto das atividades antrópicas ultrapassarem
a capacidade de carga da Terra. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário