Um artigo do International Journal of
Environmental Research and Public Health, de 2011, discute o crescimento de
consumo de águas envasadas nos EUA e as causas dessa opção em relação as águas
de torneiras provenientes de abastecimentos públicos.
Os autores dessa pesquisa científica comentam
que apesar da crença comum de que a água engarrafada é mais segura para beber e
tem um sabor melhor do que a água da torneira, estudos científicos mostraram
que a crença não é necessariamente verdadeira. A pesquisa também mostra que a
venda e o consumo de água engarrafada podem ter impactos ambientais e sociais
cujas consequências ainda não são totalmente compreendidas, especialmente
porque garrafas de plástico é um problema de desperdício, aumentando a
sobrecarga do aterro quando não recicladas.
Segundo o artigo, as percepções de que a água
engarrafada é de qualidade superior são desafiadas pelo número crescente de
incidentes de qualidade da água com água engarrafada. Um estudo mostrou que
apenas 5% da água engarrafada comprada em Cleveland, Ohio, tinha o flúor
recomendado pelo estado, enquanto a água da torneira amostrada 100% atendia a
esse requisito. Outro estudo com foco na temperatura e duração do armazenamento
da água engarrafada descobriu que o crescimento bacteriano na água engarrafada
era significativamente maior do que na água da torneira, especialmente em
temperaturas mais altas.
As conclusões dessa pesquisa científica, sintetizadas a seguir, são importantes registros de análise, com ressaltes de questões que devem ser densamente discutidas.
A água é essencial à saúde e à vida humana. O acesso ao abastecimento de água potável e a acessibilidade são preocupações centrais da saúde pública e dos consumidores individuais. Neste estudo, constatou-se que as percepções da qualidade da água subterrânea e da segurança do abastecimento de água local estão associadas às decisões de comprar água engarrafada versus usar sistemas públicos de água para beber. Quando a água local não é considerada segura ou de alta qualidade, é mais provável que os consumidores dos EUA usem água engarrafada como fonte primária de água. Além disso, as percepções negativas de segurança aumentam a probabilidade de um consumidor comprar frequentemente água engarrafada, independentemente de sua fonte primária de água potável ser um pequeno sistema de abastecimento de água ou um grande sistema municipal de abastecimento de água.
Uma das implicações mais importantes das
observações da pesquisa é que as autoridades de saúde pública e os líderes
comunitários precisam trabalhar para garantir que o abastecimento público
municipal de água potável seja seguro; além disso, devem encontrar formas
eficazes de comunicar aos residentes locais a segurança do seu abastecimento de
água.
Além disso, o público deve estar empenhado em compreender a relação entre a qualidade da água e a capacidade dos sistemas hídricos locais de manter os padrões de segurança e bom gosto. A desconfiança do consumidor em relação à qualidade de suas águas subterrâneas deve ser aproveitada para criar ações comunitárias para lidar com preocupações legítimas.
Os dados e considerações dessa pesquisa nos EUA se encaixam perfeitamente às condições em outras regiões, inclusive no caso potiguar. É relevante a necessidade de dados transparentes, abrangentes e seguros da qualidade da água disponibilizadas nas torneiras e engarrafadas. Essa seria a maneira, sem dúvida, mais consistente para a população poder exercer seu o direito de opção entre os dois tipos de água, já que a escolha crescente, hoje, pelas águas envasadas se deve muito mais por uma concepção ou juízo pessoal de qualidade do que por uma decisão técnica. (ecodebate)
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