Desastres climáticos de bilhões de dólares nos EUA em 2023 já
batem recordes históricos.
“O colapso climático global já começou” - António Guterres,
Secretário-Geral das Nações Unidas (setembro/2023).
Os Estados Unidos da América (EUA) sofreram 371 desastres meteorológicos e ambientais desde 1980, onde os danos/custos globais atingiram ou excederam um bilhão de dólares (ajustados pela inflação).
O custo total destes 371 eventos ultrapassa a cifra de US$ 2,62 trilhões, segundo a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA).
Faltando quatro meses para o final do atual ano, os EUA foram atingidos por 23 desastres que custaram pelo menos US$ 1 bilhão cada um, de acordo com novos dados da NOAA, superando o recorde anterior anual de 22 eventos em 2020. Esses desastres incluíram 2 eventos de inundação, 18 eventos de tempestade severa, 1 evento de ciclone tropical, 1 evento de incêndio florestal e 1 evento de tempestade de inverno, conforme mostra o gráfico abaixo.

No geral, estes acontecimentos resultaram na morte de 253 pessoas e tiveram efeitos econômicos significativos nas áreas afetadas. A média anual de 1980–2022 foi de 8,1 eventos e a média anual dos últimos 5 anos (2018–2022) foi de 18 eventos. A NOAA ainda está analisando se outros eventos, incluindo a seca no Sul e Centro-Oeste e a tempestade tropical Hilary, que atingiu o sul da Califórnia neste verão, podem ter ultrapassado a marca de um bilhão de dólares.
O impacto dos desastres climáticos nos EUA não se limita apenas às consequências imediatas, como danos à propriedade e risco à vida, mas também inclui custos econômicos significativos, como gastos com recuperação, seguro, perda de produção agrícola e danos à infraestrutura. Além disso, esses eventos têm implicações para a saúde pública, segurança alimentar, segurança da água e qualidade de vida das comunidades afetadas.
O fato é que a conjuntura climática mudou e as sociedades estão tendo de relacionar com eventos deseconômicos. Como disse o sociólogo Ulrich Beck, no livro Sociedade de Risco (2010): “O que estava em jogo no velho conflito industrial do trabalho contra o capital eram positividades: lucros, prosperidade, bens de consumo. No novo conflito ecológico, o que está em jogo são negatividades: perdas, devastação, ameaças”.

As tragédias climáticas não atingem apenas os EUA – um dos países
mais ricos do mundo – mas se espalham por todo o globo. O ano de 2023 tem sido
marcado por incêndios florestais nas florestas boreais do Canadá e da Rússia
(locais frios e com grande presença de gelo durante grande parte do ano),
incêndios e inundações catastróficas na Grécia, enchentes na China, Vietnã,
Índia, etc. Destruição de uma cidade histórica, Lahaina, na ilha de Maui, no
Havaí. Inundações apocalípticas na cidade de Derna, na Líbia. Inundações nunca
vista na bacia do Rio Taquari no Rio Grande do Sul. A lista de desastres
climáticos e ambientais é interminável.
Todos estes acontecimentos parecem dar razão ao jornalista David
Wallace-Wells que publicou, no dia 09/07/2017, uma matéria denominada “The
Uninhabitable Earth”, na revista New York Magazine (NYMag), pintando um cenário
apocalíptico para o Planeta – um Armagedon climático – caso as tendências
correntes se mantivessem ao longo do século. O artigo se tornou viral e foi
comentado amplamente em diversos países do mundo e passou a ser o artigo mais
lido da revista.
O texto começou de forma bem pessimista, “Prometo, é pior do que
você pensa”, e foi criticado pelo tom alarmista (ALVES, 26/12/2019). Porém,
contou com amplo apoio e se tornou um livro de grande repercussão dois anos
depois, mostrando que áreas crescentes da Terra estão se tornando inabitáveis.
Evidentemente, existem muitas dúvidas sobre o desenrolar do
colapso climático. Mas há uma certeza inquestionável que evidencia que os
desastres atuais vão piorar na medida em que a humanidade continue emitindo, em
grande quantidade, gases de efeito estufa que aceleram o aquecimento global e
que fazem dos últimos 10 anos (2014 a 2023) os mais quentes do Holoceno. Portanto,
“o que está em jogo são negatividades: perdas, devastação, ameaças”.

Mulher caminha em rua com asfalto destruído após enchente em Nova
York.
EUA registram ao menos um desastre climático por dia de uma costa
a outra: bem-vindos ao ‘novo normal’.
Vermont que frequentemente encabeça as listas de ‘melhores estados
para se viver’ longe dos efeitos do aquecimento global, sofreu com enchentes
catastróficas no país. (ecodebate)
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