Semana final do inverno, no que até então os registros das
temperaturas máximas já registradas em várias partes do Brasil, inclusive em
nossa famosa Cuiabrasa (Cuiabá + brasa), que em mais de 80% dos dias do ano é a
capital mais “calorenta” de nosso país, uma pessoa amiga enviou-me esta foto de
um termômetro que fica na Praça da República, onde estava registrada a marca de 48°C, mas há quem afirme que a
sensação térmica seria de pelo menos 55°C, igual ao que costuma fazer nos
vários desertos mundo afora.
Novamente nesses últimos dias o serviço de meteorologia está
alertando a população de 13 estados, principalmente do Centro-Oeste e alguns de
outras regiões que uma onda de calor extremo vai acontecer no Brasil.
Também as autoridades de saúde de todos os níveis: federais,
estaduais e municipais estão alertando e recomendando que a população tenha o
máximo cuidado em relação às consequências para a saúde humana e animal que
está aonde de calor pode acarretar.
Quando as pessoas se reúnem ou mantém contato com parentes e
amigos que estão em outras regiões ou até no exterior, a conversa é sempre a
mesma, a onda de calor que a cada dia mais esquenta, obrigando as pessoas,
individual ou coletivamente, a buscarem formas de mitigação para atenuar os
impactos de temperaturas que ano após ano vem aumentando e batendo recorde em
cima de recorde, como se costuma dizer e já tem sido comum, não apenas no
Brasil, como também em diversos outros países, os termômetros indicarem
temperatura de 45°C; 48°C ou até mais de 50°C ou 55°C, na sombra, além de
baixíssimos índices de umidade relativa do ar e muita fumaça oriunda das
queimadas que, mesmo proibidas continuam impunemente, afetando a saúde humana,
aumentando os problemas e as doenças respiratórias, principalmente em crianças
e pessoas idosas, a grande maioria das quais pobres e excluídos que buscam
desesperadamente por atendimento médico hospitalar, esperando em longas filas,
exatamente embaixo de sol escaldante, em frente a unidades de saúde de um
sistema sucateado, falido e por isso moroso e precário.
Enquanto isso, os marajás da República, os donos do poder e os barões da economia, em gabinetes refrigerados ou em mansões com muito conforto, luxo e climatização dia e noite, bem alimentados, em ambientes requintados, inclusive, boa parte desses, graças `as mordomias e privilégios, “discutem” formas de equacionar esses problemas socioambientais que , em princípio, afetam a população inteira, mas de uma maneira mais drástica os pobres e excluídos, sempre dizendo que as preocupações com a ecologia não podem atrapalhar o desenvolvimento do país, os lucros empresariais e a vida política nacional.
Brasil terá onda de calor excepcional com 40ºC a 45ºC e risco à vida na semana final do inverno de 2023.
Sempre nessas discussões a ênfase é que o discurso dos ambientalista é coisa de comunista,
esquerdista, vendilhões da pátria, jogo de interesses internacionais, enfim, o
velho discurso de que primeiro é preciso destruir a natureza para garantir o
lucro e, depois, bem mais tarde, busca-se a “solução” mitigada, que nunca
chega, para evitarmos essas catástrofes que há décadas vem sendo muito bem
anunciadas e documentadas por cientistas, pesquisadores e estudiosos da
ecologia integral no mundo inteiro.
Diante disso, fico refletindo sobre a estupidez humana. Destroem
as florestas, poluem os rios, os córregos, os lagos, os mares e os oceanos,
degradam impiedosamente os biomas e ecossistemas, destroem o solo e subsolo e a
natureza em geral, acabam com a biodiversidade, provocam erosões e
desertificação, queimam combustíveis fósseis, enchem todos os espaços urbanos
com concreto, cimento, ferro, vidro, asfalto e depois ficamos reclamando do
clima, culpando os deuses ou demônios, como os povos e civilizações primitivas
há milênios e implorando, rezando, as vezes de forma histérica, para que Deus,
São Pedro ou São José ou qualquer outro santo, os orixás ou outras divindades
venham em nosso Socorro.
Enquanto isso, os barões da indústria, do comércio, do
agronegócio/agrobusiness, os desmatadores, contrabandistas da natureza, os
mineradores, os donos do poder, os marajás da república e seus apoiadores
continuam vivendo nababescamente, orgulhando-se de suas polpudas contas
bancárias, ávidos por lucros futuros que advêm, exatamente, da destruição da
natureza, da burla aos direitos dos consumidores e dos trabalhadores.
Em meio a tudo isso, uma massa esquálida de pobres, miseráveis,
famintos e excluídos, que vivem em locais e casas/residências sub-humanas, nas
periferias geográficas e existenciais, que não oferecem as mínimas condições de
dignidade, que tem que se locomover a pé ou em transportes urbanos piores dos
caminhões boiadeiros, estes sim, sofrem dia e noite, 24 h por dia as “agruras”
do tempo e são os mais atingidos pelo aquecimento global e pelas altas temperaturas
insuportáveis.
Essas mesmas camadas populacionais volta e meia são consideradas responsáveis por todas as desgraças socioambientais que recaem sobre um planeta doente, que está na UTI, clamando “aos céus”: pelo amor de Deus, parem de me destruir, por que comigo destruído vocês também serão destruídos.
Climatologia da temperatura máxima em agosto no Brasil, sendo que setembro/23 foi tão quente quanto agosto, senão pior.
Por que, nós cristãos, que temermos o inferno, onde dizem, o calor
é infernal e eterno (pleonasmo), se já estamos vivendo em nosso inferno
climático? Socorro, este planeta vai explodir, pulem desta nave especial sem
rumo, enquanto é tempo. Mas para onde vamos? Será que existe outro planeta
habitável, em melhores condições ecológicas para que a vida seja possível e que
ainda não foi destruído pela ganância humana, para onde podemos transferir
nossa morada?
Assim, mesmo aqui de longe nos EUA a milhares de km de distância
de nosso Brasil, passando alguns meses com minhas filhas, netos e neta, cujas
previsões são exatamente opostas às do Brasil e de outros países do hemisfério
sul, estamos à espera de um inverno rigoroso, com consequências também
desastrosas e devastadoras.
“Winter 2023/2024 is
starting to trend colder in the latest forecast, with large-scale El Nino
influence across the United States, Canada and Europe” By AuthorAndrej Flis
Posted onPublished: 24/09/2023, fonte: Site severe-weather.eu.
Traduzindo “o inverno está começando com tendência de ser mais frio, conforme a última previsão, com uma influência do El Nino através dos EUA, Canadá e Europa” (24/09/23).
Apesar da gravidade das mudanças climáticas em curso tanto aí no Brasil quanto aqui nos EUA, vejo esses alertas com um grande ceticismo, tendo em vista que os mesmos servem muito mais para apavorar e aumentar a ansiedade, o estresse e a angústia da população, sonegando às grandes massas as informações que possibilitem às mesmas uma reflexão mais crítica sobre as verdadeiras causas desta loucura em está se transformando o clima mundial, como bem enfatiza o Papa Francisco na Encíclica Laudato Si, escrita em maio/2015, de que “na raiz da degradação ecológica/Ambiental (incluindo as mudanças climáticas) estão, na verdade, as ações humanas” e, imagino eu, aí também residem as soluções para esta grave, complexa e controvertida “crise socioambiental” que estamos vivendo em todos os países, em alguns bem piores do que em outros, como acontece no Brasil, fruto da falta de políticas públicas de longo prazo voltadas para o meio ambiente.
Tempo quente no Brasil: o efeito de temperaturas extremas sobre nosso corpo não suporta temperaturas tão altas.
Todas as previsões de aumento da temperatura média mundial
prevista pelo Painel do Clima da ONU para 2040, segundo os últimos informes do
mesmo, deverá ocorrer em 2028. Estamos Diante de uma bomba relógio prestes a
explodir.
O imediatismo das ações governamentais, a omissão por parte significativa dos empresários em todos os países, as improvisações, a omissão e conivência por parte da população bastante alienada em relação às causas, consequências e onde estão as saídas para esta crise que se abate sobre o planeta, não permitem termos grandes esperanças, a menos que mudemos, rápida e estruturalmente os paradigmas de nossos sistemas de produção, de relações de trabalho e de consumo/consumismo.
Só com o despertar da consciência ecológica por parte da
população, dos governantes, dos empresários, das Igrejas e religiões, das
organizações da sociedade civil, através de um amplo processo de educação
ecológica libertadora e com ações concretas, racionais, integradas,
permanentes, planejadas e de longo prazo poderemos vislumbrar essas saídas.
Isto exige mudanças de hábitos de consumo e de estilo de vida, de
costumes perdulários e a substituição dos velhos paradigmas que nos trouxeram
até aqui e que são os grandes responsáveis por esta crise climática e
socioambiental, por novos paradigmas que possibilitem transformações profundas
das estruturas políticas, sociais e econômicas das sociedades e das nações.
É o que consta de dois dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU, integrantes com os demais da AGENDA 2030 de número 12 “produção e consumo responsáveis/sustentáveis” e 13 “ação contra a mudança global do clima”.
Fora disso, a choradeira vai continuar! (ecodebate)
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