Como
a mudança climática impacta as águas das diferentes regiões do Brasil?
Para
responder a essa e outras perguntas, a Agência Nacional de Águas e Saneamento
Básico (ANA) lançou a primeira edição do estudo Impacto da Mudança Climática
nos Recursos Hídricos do Brasil em 31/01/24. O lançamento aconteceu durante a
live da ANA que deu início à Jornada da Água 2024 e que revelou o tema do Dia
Mundial da Água (22 de março) no Brasil neste ano: A Água nos Une, o Clima nos
move.
O
novo levantamento da ANA apresenta de forma inédita, considerando a escala de
sub-bacia, os efeitos da mudança climática na disponibilidade de água no Brasil
e pode ser utilizado como referência para o planejamento e a gestão dos setores
de recursos hídricos e de saneamento básico por parte de comitês de bacias,
órgãos públicos que cuidam dessa temática, pesquisadores e usuários de água.
Esse estudo indica um cenário com tendência de redução na disponibilidade
hídrica para quase todo o País, incluindo grandes centros urbanos e regiões
importantes para produção agrícola, como a bacia do rio São Francisco,
considerando cenários de curto, médio e logo prazo – respectivamente os
períodos de 2015 a 2040, de 2041 a 2070 e de 2071 a 2100.
Segundo a publicação, a disponibilidade hídrica pode cair até 40% em regiões hidrográficas do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e parte do Sudeste até 2040. Com essa redução, existe uma tendência de aumento do número de trechos de rios intermitentes (que secam temporariamente) especialmente na região Nordeste. Essas situações demandam preparação e podem afetar a geração hidrelétrica, a agricultura e o abastecimento de água nas cidades dessas regiões. Por outro lado, o Sul possui uma tendência de aumento da disponibilidade hídrica em até 5% até 2040, mas com uma maior imprevisibilidade e um aumento da frequência de cheias e inundações, como vem ocorrendo na região nos últimos anos.
Mapa sobre cenário de redução na disponibilidade hídrica até 2040
As tendências dos impactos da mudança do clima por bacia hidrográfica, indicadas no estudo, são apresentadas na escala adequada para a decisão por autoridades e usuários e podem ser usadas para aprimorar medidas de adaptação a esse cenário a partir do aperfeiçoamento da gestão de recursos hídricos, da busca por fontes alternativas de água, do uso mais racional desse recurso e da infraestrutura diante dos possíveis cenários de mudança climática, tornando as populações mais resilientes a esse quadro. Saiba mais os destaques regionais desse estudo da ANA.
Destaques regionais
Centro-Oeste
Dentre
as cinco regiões, o Centro-Oeste possui uma maior divergência entre as
tendências das projeções dos diversos modelos climáticos, o que traz incertezas
nas condições futuras do clima da região. Ainda assim, é necessário avaliar a
adoção ou não de medidas que considerem possíveis cenários de escassez hídrica
na região. Com a necessidade de aprimoramento dos instrumentos de tomada de
decisão mesmo sob incertezas, o Centro-Oeste é uma região estratégica por ter
nascentes de importantes rios – como o Tocantins, o Araguaia, o Paraguai e
afluentes formadores do rio Paraná– e por concentrar grandes áreas de produção
agrícola.
Nordeste
No
Nordeste há uma tendência de redução das vazões dos rios e dos volumes médios
de chuvas, trazendo uma perspectiva de diminuição da disponibilidade de água da
região e intensificação da seca tanto no Semiárido quanto na faixa litorânea.
Com isso, o estudo indica a necessidade de medidas de convívio com períodos de
seca mais severos e prolongados, que levem ao aumento da oferta de água e à
racionalização dos usos na região semiárida e no litoral nordestino.
Norte
De
acordo com o estudo da ANA, o Norte possui tendência de redução nas vazões e
volumes médios de chuvas e a perspectiva de secas mais frequentes e intensas
nessa região que abriga grande parte da Amazônia. Esse quadro requer medidas de
gestão da demanda hídrica no Norte, incluindo o aprimoramento da infraestrutura
da região para possibilitar a mobilidade para comunidades mais isoladas que
dependem da navegação em rios para se locomoverem e serem abastecidas, além de
preparação para a proteção dos ecossistemas em um cenário de maior escassez de
água.
Sudeste
O
Sudeste ainda apresenta certa divergência entre os resultados dos modelos, mas
predomina, sobretudo na faixa litorânea, a tendência de redução nas vazões em
função da mudança climática, ocasionando a diminuição da disponibilidade de
água nas bacias hidrográficas do Sudeste. Como a região concentra a maior
população regional e grandes centros urbanos – como São Paulo, Rio de Janeiro e
Belo Horizonte –, é necessário investir em estratégias de adaptação à mudança
do clima, maior eficiência no uso e na gestão de recursos hídricos e ampliação
da infraestrutura hídrica para as populações mais vulneráveis.
Sul
Diferente do restante do Brasil, o Sul possui uma tendência de aumento na disponibilidade hídrica. No entanto, há uma tendência de aumento de imprevisibilidade climática na região, com eventos concentrados de cheias e secas, e, por isso, será necessário adotar medidas de preparação para oscilações desde excesso de água até a escassez do recurso. Será necessário, ainda, adotar medidas de gestão da demanda hídrica e considerar a questão da infraestrutura de proteção contra cheias.
Relatório da ANA revela que a disponibilidade de água no Brasil pode ser reduzida em 40% até 2040.
Por
causa das drásticas mudanças climáticas, as reservas de água no Brasil podem
cair em mais de 40% até 2040. Os dados alarmantes foram revelados no estudo
“Impacto da Mudança Climática nos Recursos Hídricos do Brasil”, da Agência
Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
(ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário