“Os organismos da ONU tem
mostrado anualmente a sobrecarga da Terra (The Earth Overshoot). Chegamos a ela
neste ano de 2023, no dia 22 de julho. Isto quer dizer: constatou-se o
esgotamento dos nutrientes essenciais que a Terra nos fornece para garantir a
continuidade da vida” – Leonardo Boff (11/12/2023)
A humanidade já ultrapassou a
capacidade de carga da Terra. A pegada ecológica global ultrapassou a
biocapacidade global desde 1970 e o déficit ambiental cresce ano após ano. Para
atender a demanda humana, os ecossistemas estão sendo degradados e a
sustentabilidade está definhando dia a dia.
Desta forma, não é inesperada
a divulgação dos dados da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação
(UNCCD) sobre a degradação dos solos de 126 países em todo o mundo.
O gráfico abaixo mostra a proporção de terras degradadas em 2015, com destaque para a Ásia Oriental e Sudeste Asiático com 21,62% das terras degradadas. A América Latina e Caribe aparece em segundo lugar com 15,67% das terras degradadas em 2015.
A degradação da terra é o resultado de atividades humanas que exploram os solos e as águas, levando a um declínio na sua utilidade, biodiversidade, fertilidade e na saúde em geral.
O crescimento da população e
da economia aumentam a demanda por produtos agrícolas, pecuários e de mineração
causando a erosão dos solos e o estresse hídrico em todo o mundo a uma taxa até
100 vezes mais rápida do que os processos naturais conseguem reabastecer e
recuperar.
De acordo com os novos dados globais da UNCCD, entre 2015 e 2019, uma área com aproximadamente o dobro do tamanho da Groenlândia passou de saudável e produtiva a árida e degradada. Isso equivale a aproximadamente 100 milhões de hectares de terra por ano, conforme mostra o gráfico abaixo. A proporção de terras degradadas, em 2019, na Ásia Oriental e Sudeste Asiático passou para 23,89% e na América Latina e Caribe passou para 21,89%. Houve piora em todas as regiões.
Os números alarmantes da UNCCD alertam para a necessidade de medidas urgentes para reverter a desertificação, uma vez que a crescente degradação dos solos continua desestabilizando os mercados e os ecossistemas em todo o mundo, aumentando o preço dos alimentos e comprometendo a segurança alimentar global.
O aquecimento global e a 6ª
extinção em massa das espécies contribuem para a degradação dos solos, o
estresse hídrico e para as tempestades de areia. O colapso das colmeias de
abelhas dificulta a polinização das culturas agrícolas e reduzindo as áreas
verdes da Terra. Isto aumenta o efeito de retroalimentação do aquecimento, pois
menos áreas verdes significam menos sequestro de carbono e a erosão dos solos
aumentam as emissões de CO2.
Pela primeira vez na história,
desde que se iniciou o monitoramento climático no país, o Brasil apresenta
regiões com clima árido. Um estudo feito pelo Centro Nacional de Monitoramento
e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e pelo Instituto Nacional de
Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que a falta de chuvas nos últimos 30 anos
desenvolveu um clima similar ao de deserto na Bahia.
A humanidade já ultrapassou 6 das 9 fronteiras planetárias e está prestes a desencadear a ruptura de diversos pontos de inflexão. O ano de 2023 foi o ano mais quente já registrado em 125 mil anos, colocando a civilização em uma trajetória desastrosa. Portanto, é urgente mudar de rumo aumentando a quantidade de árvores e diminuindo a quantidade de consumidores.
Planejar o decrescimento demoeconômico global é uma tarefa cada vez mais urgente para evitar uma catástrofe ambiental. Como disse François-René Chateaubriand (1768-1848): “A floresta precede os povos. E o deserto os segue”. (ecodebate)
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