quarta-feira, 13 de março de 2024

Mundo está perdendo terras férteis a um ritmo alarmante

Desertificação: o mundo está perdendo terras férteis a um ritmo alarmante.
A degradação da terra é o resultado de atividades humanas que exploram os solos e as águas, levando a um declínio na sua utilidade, biodiversidade, fertilidade e na saúde em geral

“Os organismos da ONU tem mostrado anualmente a sobrecarga da Terra (The Earth Overshoot). Chegamos a ela neste ano de 2023, no dia 22 de julho. Isto quer dizer: constatou-se o esgotamento dos nutrientes essenciais que a Terra nos fornece para garantir a continuidade da vida” – Leonardo Boff (11/12/2023)

A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga da Terra. A pegada ecológica global ultrapassou a biocapacidade global desde 1970 e o déficit ambiental cresce ano após ano. Para atender a demanda humana, os ecossistemas estão sendo degradados e a sustentabilidade está definhando dia a dia.

Desta forma, não é inesperada a divulgação dos dados da Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação (UNCCD) sobre a degradação dos solos de 126 países em todo o mundo.

O gráfico abaixo mostra a proporção de terras degradadas em 2015, com destaque para a Ásia Oriental e Sudeste Asiático com 21,62% das terras degradadas. A América Latina e Caribe aparece em segundo lugar com 15,67% das terras degradadas em 2015.

A degradação da terra é o resultado de atividades humanas que exploram os solos e as águas, levando a um declínio na sua utilidade, biodiversidade, fertilidade e na saúde em geral.

O crescimento da população e da economia aumentam a demanda por produtos agrícolas, pecuários e de mineração causando a erosão dos solos e o estresse hídrico em todo o mundo a uma taxa até 100 vezes mais rápida do que os processos naturais conseguem reabastecer e recuperar.

De acordo com os novos dados globais da UNCCD, entre 2015 e 2019, uma área com aproximadamente o dobro do tamanho da Groenlândia passou de saudável e produtiva a árida e degradada. Isso equivale a aproximadamente 100 milhões de hectares de terra por ano, conforme mostra o gráfico abaixo. A proporção de terras degradadas, em 2019, na Ásia Oriental e Sudeste Asiático passou para 23,89% e na América Latina e Caribe passou para 21,89%. Houve piora em todas as regiões.

Os números alarmantes da UNCCD alertam para a necessidade de medidas urgentes para reverter a desertificação, uma vez que a crescente degradação dos solos continua desestabilizando os mercados e os ecossistemas em todo o mundo, aumentando o preço dos alimentos e comprometendo a segurança alimentar global.

O aquecimento global e a 6ª extinção em massa das espécies contribuem para a degradação dos solos, o estresse hídrico e para as tempestades de areia. O colapso das colmeias de abelhas dificulta a polinização das culturas agrícolas e reduzindo as áreas verdes da Terra. Isto aumenta o efeito de retroalimentação do aquecimento, pois menos áreas verdes significam menos sequestro de carbono e a erosão dos solos aumentam as emissões de CO2.

Pela primeira vez na história, desde que se iniciou o monitoramento climático no país, o Brasil apresenta regiões com clima árido. Um estudo feito pelo Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), mostra que a falta de chuvas nos últimos 30 anos desenvolveu um clima similar ao de deserto na Bahia.

A humanidade já ultrapassou 6 das 9 fronteiras planetárias e está prestes a desencadear a ruptura de diversos pontos de inflexão. O ano de 2023 foi o ano mais quente já registrado em 125 mil anos, colocando a civilização em uma trajetória desastrosa. Portanto, é urgente mudar de rumo aumentando a quantidade de árvores e diminuindo a quantidade de consumidores.

Planejar o decrescimento demoeconômico global é uma tarefa cada vez mais urgente para evitar uma catástrofe ambiental. Como disse François-René Chateaubriand (1768-1848): “A floresta precede os povos. E o deserto os segue”. (ecodebate)

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