O fenômeno do branqueamento
está avançando em recifes de corais do Nordeste brasileiro.
“As espécies mais
resistentes, a gente observa que estão começando a ficar pálidas, mas não estão
totalmente branqueadas. Algumas poucas espécies ainda resistem”, afirma
Beatrice, que coordena o Programa Ecológico de Longa Duração Tamandaré
Sustentável (Pels-Tams), responsável pelo monitoramento nesse trecho de
litoral.
Na última semana, a Agência
Brasil informou que uma nova onda global de branqueamento começava a afetar os
recifes brasileiros, em locais como Tamandaré, Porto de Galinhas (PE) e a costa
de Sergipe.
Os corais são animais
invertebrados marinhos capazes de se alimentar sozinhos, mas grande parte de
sua dieta é obtida por meio de simbiose, ou seja, uma relação mutuamente
benéfica, com as algas zooxantelas. A partir da realização da fotossíntese,
esses seres unicelulares fornecem nutrientes para seus hospedeiros animais.
As zooxantelas também são
responsáveis pelas cores dos corais. Quando a temperatura do mar sobe, no
entanto, elas abandonam os animais e os deixam esbranquiçados. Sem os
nutrientes oferecidos pelas algas, os corais podem até continuar vivos e se
alimentando de micro-organismos por meses, mas sua saúde fica prejudicada, o
que os torna mais suscetíveis a doenças e à morte.
“O branqueamento é um fenômeno natural que ocorre de várias maneiras, mas o branqueamento mais extenso geralmente se dá por uma anomalia térmica, quando a temperatura fica acima da média climatológica”, explica a pesquisadora. “A gente monitora o evento e o percentual da população que está sendo atingido. Acima de 50%, por exemplo, já é considerado branqueamento em massa”.
Foto do Programa PeldTams, que monitora o branqueamento de corais em Tamandaré/PE.
Alerta
O alerta para um
branqueamento em massa global partiu da agência de meteorologia e oceanografia
norte-americana, a NOAA, que monitora a temperatura dos oceanos. O comunicado
mais recente, publicado na semana passada, adverte para 90% de probabilidade de
branqueamentos em várias partes do mundo, de março a julho deste ano.
“Ultimamente a gente tem tido eventos cada vez mais frequentes. Se considerarmos os últimos dez anos, teve em 2016, 2019, 2020. Agora, em 2024, a gente vem com um evento que parece que vai ser bastante importante. Além da frequência maior, também há intensidade e persistência elevadas. É um aviso que a gente está tendo dos corais sobre a questão climática que afeta todo o mundo”, destaca a pesquisadora. “Eles podem nos dar alertas importantes sobre as mudanças climáticas. Não vão ser só os recifes de coral que serão afetados. É um alerta para a humanidade”.
Além de combater as mudanças climáticas que contribuem para a elevação da temperatura dos oceanos, outras medidas são importantes para melhorar a saúde dos recifes de corais, entre elas evitar o lançamento de esgoto no mar, reduzir o uso de plástico (que acaba chegando aos oceanos) e preservar ecossistemas associados como o manguezal e a restinga. (ecodebate)
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