“É triste pensar que a
natureza fala e que a humanidade não a ouve” - Victor Hugo (1802-1885)
A Terra quebrou recordes de
calor e CO2 mais uma vez em maio de 2024. Nosso planeta está
tentando nos dizer algo. Os sinais são de um colapso ambiental. Mas será que os
8 bilhões de habitantes do mundo, ou, pelo menos, as elites econômicas e políticas,
estão escutando os recados da natureza?
O mês de maio de 2024 é o 12º mês seguido de recordes de temperatura. A temperatura média global em maio de 2024 foi 1,52°C acima da média pré-industrial de 1850–1900. Maio marca, também, o 11º mês consecutivo (desde julho de 2023) com temperatura igual ou superior a 1,5°C. Nos últimos 12 meses, apenas o mês de junho de 2023 ficou abaixo do limite mínimo do Acordo de Paris que é 1,5ºC, conforme mostra o gráfico abaixo do Instituto Copernicus.
Existe a possibilidade de a temperatura global em 2024 ser mais elevada do que a de 2023. A temperatura média global dos últimos 12 meses (junho de 2023 a maio de 2024) é a mais alta já registrada na história, com 0,75°C acima da média de 1991–2020 e com 1,63°C acima da média pré-industrial de 1850–1900, conforme mostra o gráfico abaixo também do Instituto Copernicus.
A área em destaque no gráfico abaixo mostra que entre os meses de junho de 2023 e maio de 2024 a temperatura dos oceanos bateu todos os recordes históricos, com uma larga margem, ficando bem acima da média do mesmo período de 2022 a 2023. No Dia Mundial dos Oceanos, que é celebrado anualmente a cada 8 de junho, é preciso reconhecer que os mares enfrentam uma tripla ameaça: calor extremo, perda de oxigênio e acidificação. A perda da vida marinha é uma ameaça existencial para a civilização humana.
Este aumento extraordinário da temperatura planetária é resultado da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento da cobertura vegetal da Terra. Antes da Revolução Industrial e Energética – que deu início ao uso generalizado e desregrado dos hidrocarbonetos – a concentração de CO2 na atmosfera, na média, permaneceu abaixo de 280 partes por milhão (ppm), por um largo período de tempo. Mas a queima de carvão, petróleo e gás turbinou o crescimento demoeconômico, ao mesmo tempo que jogava grandes quantidades de gases de efeito estufa na atmosfera.
O clima do Planeta ficou
praticamente estável durante todo o Holoceno (últimos 12 mil anos). Mas começou
a mudar rapidamente no Antropoceno – época em que os seres humanos se
transformaram em uma força geológica que está colocando em xeque as condições
de habitabilidade da Terra.
Nos últimos 250 anos houve um
grande aumento do volume populacional e um progresso extraordinário das
condições de vida da humanidade, com redução da mortalidade infantil, aumento
da esperança de vida, avanços significativos nos níveis de educação, com
significativa melhoria nas condições de moradia e no aumento padrão de consumo.
Tudo isto teve um custo
ambiental terrível, com a aceleração das mudanças climáticas e a perda de
biodiversidade. Entre 1773 e 2024, a economia global cresceu 157 vezes, população
mundial cresceu 9,1 vezes e a renda per capita cresceu 17 vezes. O conjunto das
atividades antrópicas ultrapassou a capacidade de carga da Terra e a Pegada
Ecológica da humanidade extrapolou a Biocapacidade do Planeta.
A emergência climática é a
principal ameaça à vida na Terra. Como disse o Secretário-geral das Nações
Unidas, António Guterres: “Estamos no caminho para o inferno climático”. Se
esta rota não for alterada, as consequências serão catastróficas para os
ecossistemas, a economia e a população mundial.
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