De acordo com o pesquisador Humberto Barbosa, fundador e coordenador do Laboratório de Processamento de Imagens de Satélite da Universidade Federal de Alagoas (Lapis), ainda em 2024 o Brasil está sujeito a outros eventos extremos climáticos em função das massas de ar provocadas naturalmente e por ação do homem. Isso reforça nosso papel nessas tragédias, visto que enquanto não cessarmos de fato práticas que colaboram potencialmente para a ampliação das mudanças climáticas, episódios como este do Sul se tornarão cada vez mais frequentes.
Cidades enfrentam efeitos da crise climática e buscam adaptação.
Embora existam diversos
acordos e movimentos para descarbonização, transição energética, proteção de
solos e biomas, já vivemos em um estado de emergência que demanda adaptações.
Mas, até mesmo esse período em que deveríamos nos preparar para eventos
inevitáveis como os que presenciamos no Rio Grande do Sul e em São Paulo, está
sendo negligenciado. De acordo com relatório global publicado Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o progresso na adaptação climática
está desacelerando, justamente quando deveríamos estar acelerando e, assim,
conseguir acompanhar os crescentes impactos de mudança climática e seus riscos
para a humanidade, a natureza e a economia mundial. Segundo a ONU, o
financiamento da adaptação às mudanças climáticas nos países em desenvolvimento
registrou uma queda de 15% em 2021.
Este retrocesso trata-se de
um grande equívoco do ponto de vista ambiental, social e econômico. Para
demonstrar o quanto o investimento em adaptação climática é urgente e
necessário, estudos recentes indicam, por exemplo, que para cada bilhão de dólares investido na adaptação
contra inundações costeiras, a redução em danos chega a aproximadamente 14
bilhões. Quando olhamos para a produção de alimentos, 16 bilhões investidos em
agricultura sustentável por ano podem evitar que 78 milhões de pessoas passem
fome ou fome crônica devido aos impactos climáticos.
Ainda que os investimentos
para as necessárias adaptações climáticas sejam realmente significativos, se
não acelerarmos o ritmo de redução de emissões, aliando à adaptação climática,
a conta certamente será muito maior. É preciso mudar o presente para garantirmos
o futuro desta e das próximas gerações. (ecodebate)
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