"Os dados coletados em
2024 demonstram um aumento além do que previam nossos modelos", explicou
Josh Willis, pesquisador especializado em níveis oceânicos do Laboratório de
Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA. "Embora existam
variações anuais naturais, a tendência geral é inequívoca: os oceanos estão
subindo e a velocidade desse processo está se acelerando progressivamente".
O levantamento da NASA indica
também uma importante alteração no padrão dos fatores contribuintes para a
elevação do nível do mar. Tradicionalmente, ⅔ do aumento são atribuídos ao
acréscimo de água proveniente do derretimento de geleiras terrestres, enquanto
que apenas ⅓ vem da expansão térmica das águas oceânicas.
Em 2024, no entanto, essa
tendência se inverteu. ⅔ da elevação do nível dos mares foram causadas pela
expansão térmica das águas.
"O ano de 2024 registrou
as temperaturas do ar mais elevadas já documentadas e os oceanos do planeta
responderam diretamente ao fenômeno, alcançando seus níveis mais altos em 3
décadas de monitoramento", afirmou Nadya Vinogradova Shiffer, responsável
pelos programas de oceanografia e pelo Observatório Integrado do Sistema
Terrestre da NASA, em Washington.
Segundo relatório da ONU, o
Brasil tem duas cidades entre as mais vulneráveis do mundo à elevação do nível
das águas, ambas no Rio de Janeiro: a capital do Estado e Atafona, distrito de
São João da Barra, no norte fluminense. Ilhotas do Pacífico estão entre as mais
ameaçadas do mundo.
Atualmente, o monitoramento é
realizado pelo Sentinel-6, lançado em 2020, o primeiro de 2 satélites idênticos
que serão responsáveis pela continuidade da série histórica ao longo da próxima
década.
A NASA explicou, em
comunicado, que a transferência de calor para os oceanos, responsável pela
expansão térmica da água, acontece por meio de diferentes mecanismos. Em
condições normais, a água marinha se organiza em camadas, determinadas por
temperatura e densidade, com as águas mais quentes sobre as camadas mais frias
e densas.
Na maior parte dos oceanos, o
calor da superfície das águas atravessa essas camadas muito lentamente até
chegar às profundezas. No entanto, em regiões com ventos intensos, as camadas
oceânicas podem sofrer agitação suficiente para promover uma mistura muito mais
acelerada. Grandes correntes oceânicas provocam a inclinação dessas camadas,
facilitando ainda mais o deslocamento das águas superficiais para regiões mais
profundas.
Fenômeno El Niño também contribui para esse processo, uma vez que o deslocamento de grandes massas de água quente, normalmente localizadas na região oeste do Oceano Pacífico, para as regiões central e leste, resulta em movimentos verticais de calor através das camadas oceânicas.
Cidades como Los Angeles, São Francisco, San Rafael e Foster City estão entre as mais vulneráveis ao afundamento do solo e à elevação do nível do mar. A NASA identificou que essas áreas podem enfrentar inundações severas até 2050, com bairros inteiros ameaçados pelo avanço do oceano.
NASA revela novo mapa: cidades
costeiras estão afundando e 40 milhões de pessoas podem ser impactadas pelo
avanço do oceano!
O estudo reforça a crescente
preocupação da comunidade científica com os impactos das mudanças climáticas,
especialmente para as comunidades costeiras que já enfrentam episódios mais
frequentes de inundações durante os períodos de maré alta, como é o
caso da Flórida, nos EUA, e de regiões da Indonésia. (uol)
Nenhum comentário:
Postar um comentário