O estudo do World Weather
Attribution aponta que a onda de calor recorde em maio na Groenlândia foi 3°C
mais quente devido às mudanças climáticas.
O derretimento do gelo na
Groenlândia foi 17 vezes mais rápido que a média, com impactos sérios nas
comunidades inuit e riscos para o equilíbrio climático.
Cientistas alertam sobre a
possível irreversibilidade do colapso das geleiras, o risco às nações insulares
e a necessidade urgente de abandonar combustíveis fósseis.
Um estudo divulgado hoje pelo grupo científico World Weather Attribution concluiu que a onda de calor recorde registrada em maio na Islândia e na Groenlândia foi, em média, 3°C mais quente por causa das mudanças climáticas provocadas pela queima de combustíveis fósseis. A pesquisa mostra que o aquecimento global já impõe riscos imediatos até a países de clima frio, com impactos diretos na saúde das populações locais e no equilíbrio climático global.
O que aconteceu?
- Onda de calor recorde na
Islândia e na Groenlândia. No dia 15 de maio, a estação do aeroporto de
Egilsstaðir, na Islândia, registrou 26,6°C — novo recorde nacional para o mês. Em
19/05/25, Ittoqqortoormiit, no leste da Groenlândia, marcou 14,3°C, muito acima
da média histórica de 0,8°C para o período.
- Perda massiva de gelo.
Segundo os cientistas, o aquecimento global tornou a onda de calor cerca de 3°C
mais quente na Islândia e até 3,9°C mais quente na Groenlândia, em comparação
com o clima pré-industrial. Na Groenlândia, o derretimento da camada de gelo
durante os 7 dias de calor foi 17 vezes superior à média para o mês.
- Impactos imediatos e
futuros. Além do derretimento acelerado, o calor precoce traz riscos para
populações vulneráveis. Na Islândia, o aumento súbito de temperatura pode
afetar especialmente pessoas com problemas de saúde, antes que o corpo se
acostume às mudanças. Na Groenlândia, o gelo marinho mais fino dificulta o
acesso das comunidades indígenas inuit aos territórios de caça tradicionais e
ameaça modos de vida milenares — inclusive provocando uma redução drástica no
número de cães de trenó, usados há séculos na região.
- Derretimento pode ser
irreversível. A pesquisa reforça o alerta sobre o ponto de não retorno do manto
de gelo da Groenlândia. Cientistas estimam que até mesmo 1,5°C de aquecimento
pode desencadear um colapso irreversível das geleiras, elevando o nível do mar
em vários metros nos próximos séculos. Isso colocaria em risco a sobrevivência
de nações insulares, como Vanuatu, Kiribati e Tuvalu.
- Derretimento afeta a
circulação oceânica global. A Corrente de Revolvimento Meridional do Atlântico
(AMOC), que regula o clima em várias partes do mundo, pode enfraquecer ou
colapsar com o avanço do aquecimento, provocando mudanças climáticas severas e
generalizadas.
- Cientistas reforçam alerta
sobre combustíveis fósseis. Se o aquecimento global atingir 2,6°C até 2100 —
como previsto caso as emissões sigam no ritmo atual — ondas de calor como a
registrada em maio poderão ser ainda 2°C mais intensas, advertem os
pesquisadores.
“O que acontece no Ártico não
fica no Ártico. Sabemos exatamente o que está causando o aquecimento e o
derretimento — a queima de petróleo, gás e carvão. A boa notícia é que podemos
impedir que o calor extremo piore ainda mais, o que exige abandonar os
combustíveis fósseis. Isso não requer mágica. Temos o conhecimento e a
tecnologia necessários — mas é preciso reconhecer que os direitos humanos são
para todos, não apenas para os ricos e poderosos” - Friederike Otto,
climatologista do Imperial College London.
- Ártico aquece mais do que o
dobro da média global. O fenômeno do "amplificação ártica" — no qual
o Ártico aquece mais rápido do que o restante do planeta — está diretamente
ligado à perda do gelo, que é substituído por oceano escuro, capaz de absorver
muito mais calor solar.
O manto de gelo da
Groenlândia perde uma Torre Eiffel de gelo a cada hora, o perturbador
paralelismo de um cientista.
A um ritmo vertiginoso e alarmante, a camada de gelo da Groenlândia está a perder uma quantidade de gelo equivalente à altura da icônica Torre Eiffel a cada hora. (uol)
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