Ondas de calor afetaram 242
milhões de estudantes globalmente em 2024, mas escolas brasileiras seguem sem
infraestrutura adequada para enfrentar temperaturas extremas que podem
ultrapassar 40°C.
Enquanto a Europa desperta
para a necessidade urgente de adaptar suas escolas às ondas de calor cada vez
mais intensas, o Brasil permanece em um silêncio perigoso diante de um desafio
que já bate à nossa porta.
A questão não é mais se as
mudanças climáticas afetarão nossas crianças e professores nas salas de aula,
mas quanto tempo ainda levaremos para agir.
Na Itália, onde apenas 6% das
escolas possuem ar-condicionado, o debate sobre adaptação climática escolar
ganhou contornos de política pública. A Sardenha convocou discussões nacionais
sobre o tema, reconhecendo que “o clima mudou e não podemos continuar com a infraestrutura
escolar de 50 anos atrás”. França, Espanha e Inglaterra seguem caminhos
similares, repensando não apenas a infraestrutura física, mas também
calendários e horários escolares.
O cenário brasileiro, contudo, revela uma inércia preocupante. Apesar de enfrentarmos ondas de calor de severidade crescente e temperaturas que frequentemente ultrapassam os 40°C em várias regiões, a discussão sobre adaptação escolar às mudanças climáticas é praticamente inexistente.
Ondas de Calor e Educação: Impactos e Estratégias para enfrentar o calor nas Escolas
Nossas prefeituras,
historicamente omissas no combate ao aumento das temperaturas urbanas e à
formação de ilhas de calor, estendem essa negligência às instituições de
ensino.
As consequências dessa inação
são alarmantes. A exposição prolongada ao calor extremo pode causar desde
desconforto térmico e desidratação até doenças cardiovasculares e respiratórias
mais graves. Em casos extremos, pode levar à exaustão térmica, insolação e
morte.
Crianças e idosos – grupo no
qual se enquadram muitos de nossos professores – são particularmente
vulneráveis a esses efeitos.
As ondas de calor já matam
mais de 150 mil pessoas anualmente no mundo. No Brasil, a inadequação de nossa
infraestrutura urbana intensifica esses efeitos, comprometendo não apenas a
saúde pública, mas também a qualidade da educação. Como esperar que estudantes
e professores mantenham o rendimento em salas abafadas, com temperaturas que
podem ultrapassar os 35°C?
A urbanização desordenada, a falta
de planejamento urbano sustentável e a escassez de áreas verdes em nossas
cidades agravam exponencialmente o problema. O resultado é um sistema
educacional cada vez mais pressionado por condições ambientais adversas,
enquanto o sistema de saúde enfrenta sobrecarga crescente devido ao aumento de
internações relacionadas ao calor.
A adaptação climática das
escolas não é apenas uma questão de conforto, mas de direitos fundamentais: à
educação, à saúde e à vida. Envolve desde a instalação de sistemas de refrigeração
adequados até o redesenho de espaços escolares com mais ventilação natural,
áreas verdes e materiais construtivos apropriados. Inclui também a revisão de
calendários escolares e a criação de protocolos de emergência para dias de
calor extremo.
O momento de agir é agora. Não podemos esperar que tragédias nos forcem a despertar para uma realidade que a ciência já comprovou e que nossos termômetros confirmam diariamente. A Europa nos mostra que é possível e necessário repensar a educação em tempos de mudanças climáticas.
Salas de aula ou sauna???
A pergunta que fica é
simples, mas urgente: quando o Brasil começará a proteger verdadeiramente suas
crianças e professores dos efeitos do aquecimento global?
Nossas escolas – e nossas
futuras gerações – não podem mais esperar por uma resposta. (ecodebate)
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