segunda-feira, 29 de setembro de 2025

O calor extremo que ameaça as salas de aula

A exposição prolongada ao calor extremo pode causar desde desconforto térmico e desidratação até doenças cardiovasculares e respiratórias mais graves. Em casos extremos, pode levar à exaustão térmica, insolação e morte.
Europa já debate adaptação climática escolar enquanto Brasil mantém inércia perigosa

Ondas de calor afetaram 242 milhões de estudantes globalmente em 2024, mas escolas brasileiras seguem sem infraestrutura adequada para enfrentar temperaturas extremas que podem ultrapassar 40°C.

Enquanto a Europa desperta para a necessidade urgente de adaptar suas escolas às ondas de calor cada vez mais intensas, o Brasil permanece em um silêncio perigoso diante de um desafio que já bate à nossa porta.

A questão não é mais se as mudanças climáticas afetarão nossas crianças e professores nas salas de aula, mas quanto tempo ainda levaremos para agir.

Na Itália, onde apenas 6% das escolas possuem ar-condicionado, o debate sobre adaptação climática escolar ganhou contornos de política pública. A Sardenha convocou discussões nacionais sobre o tema, reconhecendo que “o clima mudou e não podemos continuar com a infraestrutura escolar de 50 anos atrás”. França, Espanha e Inglaterra seguem caminhos similares, repensando não apenas a infraestrutura física, mas também calendários e horários escolares.

O cenário brasileiro, contudo, revela uma inércia preocupante. Apesar de enfrentarmos ondas de calor de severidade crescente e temperaturas que frequentemente ultrapassam os 40°C em várias regiões, a discussão sobre adaptação escolar às mudanças climáticas é praticamente inexistente.

Ondas de Calor e Educação: Impactos e Estratégias para enfrentar o calor nas Escolas

Nossas prefeituras, historicamente omissas no combate ao aumento das temperaturas urbanas e à formação de ilhas de calor, estendem essa negligência às instituições de ensino.

As consequências dessa inação são alarmantes. A exposição prolongada ao calor extremo pode causar desde desconforto térmico e desidratação até doenças cardiovasculares e respiratórias mais graves. Em casos extremos, pode levar à exaustão térmica, insolação e morte.

Crianças e idosos – grupo no qual se enquadram muitos de nossos professores – são particularmente vulneráveis a esses efeitos.

As ondas de calor já matam mais de 150 mil pessoas anualmente no mundo. No Brasil, a inadequação de nossa infraestrutura urbana intensifica esses efeitos, comprometendo não apenas a saúde pública, mas também a qualidade da educação. Como esperar que estudantes e professores mantenham o rendimento em salas abafadas, com temperaturas que podem ultrapassar os 35°C?

A urbanização desordenada, a falta de planejamento urbano sustentável e a escassez de áreas verdes em nossas cidades agravam exponencialmente o problema. O resultado é um sistema educacional cada vez mais pressionado por condições ambientais adversas, enquanto o sistema de saúde enfrenta sobrecarga crescente devido ao aumento de internações relacionadas ao calor.

A adaptação climática das escolas não é apenas uma questão de conforto, mas de direitos fundamentais: à educação, à saúde e à vida. Envolve desde a instalação de sistemas de refrigeração adequados até o redesenho de espaços escolares com mais ventilação natural, áreas verdes e materiais construtivos apropriados. Inclui também a revisão de calendários escolares e a criação de protocolos de emergência para dias de calor extremo.

O momento de agir é agora. Não podemos esperar que tragédias nos forcem a despertar para uma realidade que a ciência já comprovou e que nossos termômetros confirmam diariamente. A Europa nos mostra que é possível e necessário repensar a educação em tempos de mudanças climáticas.

Salas de aula ou sauna???

A pergunta que fica é simples, mas urgente: quando o Brasil começará a proteger verdadeiramente suas crianças e professores dos efeitos do aquecimento global?

Nossas escolas – e nossas futuras gerações – não podem mais esperar por uma resposta. (ecodebate)

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