Em setembro, o presidente Xi
Jinping anunciou a primeira meta absoluta de redução de emissões da história
chinesa — entre 7% e 10% até 2035, em relação ao pico projetado. Essa diretriz
deverá trazer ao Plano Quinquenal metas mais rigorosas, mecanismos de
responsabilização regionais e integração tecnológica.
A China se tornou a nação
mais poluidora do mundo. Até 1980, a China emitia muito menos do que os EUA ou
a União Europeia. Mas o rápido crescimento demográfico e econômico fez a China
superar as emissões da União Europeia por volta do ano 2000 e cinco anos depois
superar as emissões dos EUA.
Porém, o período de
crescimento das emissões anuais de carbono da China já ficou para trás. O
artigo “Clean energy just put China’s CO2 emissions into reverse for
first time” (Lauri Myllyvirta, 15/05/2025), publicado no CarbonBrief, mostra
que, pela primeira vez, o crescimento da geração de energia limpa na China fez
com que as emissões de dióxido de carbono (CO2) do país caíssem,
apesar do rápido crescimento da demanda por energia. A análise dos últimos
dados mostra que as emissões da China caíram 1,6% em relação ao ano anterior no
primeiro trimestre de 2025 e 1% nos últimos 12 meses.
O crescimento da geração de
energia limpa ultrapassou o crescimento médio atual e de longo prazo da demanda
por eletricidade, reduzindo o uso de combustíveis fósseis.
As emissões do setor energético caíram 2% em relação ao ano anterior nos 12 meses até março de 2025. Se esse padrão se mantiver, isso anunciará um pico e um declínio sustentado nas emissões do setor energético da China. A tendência de queda nas emissões do setor energético provavelmente continuará em 2025, conforme mostra o gráfico abaixo:
Em 24/09/2025 a China anunciou a nova meta climática do país, conhecida como Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em inglês), prometendo reduzir as emissões de CO2 em até 10% e ampliar a energia limpa para 30%. O presidente Xi Jinping apresentou o plano do país na ONU e defendeu uma “sociedade climaticamente adaptável”.
O líder chinês afirmou que a
nação se compromete em reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre 7% e
10% até 2035, expandir as fontes de energia não fósseis para 30% da matriz (o
que representa 6 vezes mais do que em 2020) e ampliar a capacidade instalada de
usinas eólicas e solares em 3.000 gigawatts. O volume de reservas florestais
ultrapassará 24 bilhões m3. Os veículos de novas energias se
tornarão predominantes entre os novos carros vendidos e o mercado nacional de
comércio de carbono cobrirá os principais setores de alta emissão.
Evidentemente, o pico das
emissões da China, a redução das emissões, a grande ampliação das energias
renováveis e a restauração florestal são boas notícias vindas do país que mais
contribui para a concentração de gases de efeito estufa e para a aceleração do
aquecimento global.
Todavia, as metas climáticas
da China deveriam e poderiam ser mais amplas. Vários críticos mostraram que as
novas metas são tímidas. O aumento dos gastos militares contribui para a
continuidade das emissões de CO2. De fato, o esforço na redução das
emissões poderia ser mais efetivo.
Contudo, diante do quadro de
aumento do negacionismo climático e diante das políticas antiambientais
implementadas pelo presidente Donald Trump, as novas metas climáticas da China
vão no sentido correto e o esforço na produção de energia renovável contribui
para a descarbonização global.



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