sábado, 17 de abril de 2010

USP recebe descarte de material eletrônico

USP recebe descarte de material eletrônico em desuso da população.
Placas de circuitos eletrônicos se acumulam em Guangdong, China. Entre os materiais tóxicos presentes nos eletrônicos e baterias estão chumbo, mercúrio, cádmio, belírio, arsênio, retardantes de chamas (BRT) e PVC. Foto Basel Action Network (BAN)/IDG Now! Nos dias de hoje, quase todo mundo tem em casa algum equipamento eletrônico que não usa mais: celular, microcomputador ultrapassado, CDs. Fica difícil decidir o destino dessas coisas depois que estão fora de uso, algo que parece acontecer cada vez mais depressa. A partir do dia primeiro de abril de 2010, o Centro de Computação Eletrônica da Universidade de São Paulo (USP) passa a oferecer um novo serviço para a população de São Paulo: receber descarte de lixo eletrônico. No Brasil, em especial, a produção de lixo eletrônico por habitante foi recentemente considerada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como a maior entre os países emergentes. A preocupação envolve tanto a necessidade de fazer a reciclagem e reaproveitamento de parte desse material como a tentativa de minimizar os impactos desse descarte, para evitar que substâncias potencialmente tóxicas às pessoas e ao meio ambiente poluam ainda mais as nossas cidades. Os produtos eletrônicos possuem toda uma gama de componentes que, além de se decomporem muito lentamente na natureza, por um lado, podem também ser extremamente tóxicos para a saúde dos humanos, de animais e de plantas. Principalmente, os chamados metais pesados (mercúrio, chumbo, cádmio, manganêz, zinco) usados na manufatura desses equipamentos. Quando descartados em aterros sanitários ou lixões comuns, esses metais são liberados no ambiente e, carregados pela água das chuvas, contaminam córregos, rios e as águas subterrâneas dos lençóis freáticos. Na USP, o encaminhamento do lixo eletrônico é feito pelo Centro de Descarte e Reuso de Resíduos de Informática (Cedir), que iniciou suas atividades no ano passado, quando passou a cuidar do descarte eletrônico da própria universidade. Ele nasceu de uma necessidade percebida pelos funcionários do Centro de Computação Eletrônica (CCE), em relação ao lixo eletrônico ali produzido. Segundo Tereza Cristina Carvalho, diretora do CCE, as principais atividades do Cedir são a remanufatura de microcomputadores e o descarte sustentável de partes. “Nós verificamos a possibilidade de arrumar ou turbinar o micro, e essa máquina que ainda está funcionando, nós emprestamos para projetos sociais”, diz Carvalho. Quando as partes não podem ser reaproveitadas, o Cedir procura dar o encaminhamento necessário para cada tipo de material, uma vez que as empresas de reciclagem são especializadas por material. “O que nós fazemos é desmontar todo o micro e classificamos as diversas partes. Por exemplo, plástico tem diversos tipos, então tem que separar por tipo de plástico; feito isso, nós mandamos para as empresas de reciclagem”, explica. O Cedir recebe para descarte não apenas microcomputadores, mas todo tipo de material eletrônico, como impressora, equipamentos de rede, equipamentos de telefonia, celular e CD. De todo material recebido até agora, apenas a parte interna das fitas de vídeo cassete ainda não podem ser recicladas. Mas Carvalho ressalta que um laboratório está sendo montado na Escola Politécnica da USP para procurar soluções para esse problema. Embora a iniciativa do CCE em buscar alternativas para o destino do lixo eletrônico seja pioneira na forma como pretende trabalhar com o público, a questão a ser levantada é quanto desse descarte inteligente seria necessário para aplacar essa crescente preocupação no país. Para a diretora do CCE, o maior problema relacionado ao lixo eletrônico no Brasil é a falta de legislação. “Os fornecedores, os vendedores de equipamentos eletro-eletrônicos, no Brasil, não tem a obrigação de fazer o que a gente chama de logística reversa, que é a reciclagem. Então, se não existe obrigação, ninguém faz”, observa. As iniciativas existentes nessa área se limitam a alguns fabricantes de eletrônicos que aceitam o equipamento de volta após o uso. “Existem projetos sociais, ONGs vinculadas ao Ministério de Planejamento, que também repassam remanufatura de micros para projetos sociais. E existe também o Center for Digital Inclusion (CDI)”, completa Carvalho. Dessa forma, embora todas as iniciativas tenham grande importância, inclusive por revelar a maneira como a questão do descarte pode ser abordada para aumentar em muito a eficiência da reciclagem, é preciso uma maior participação, na forma de políticas públicas, para que essa questão tenha repercussão e resultados futuros abrangentes. Pois, como coloca Tereza Carvalho, “na realidade, o que as pessoas fazem é isso: ou elas guardam isso em casa ou elas acabam jogando no lixo normal”.O serviço oferecido pela USP começa no dia primeiro de abril, quando o Cedir passará a atender pessoas físicas que agendarem uma visita no seu Help Desk. Os agendamentos podem ser feitos pelos telefones (11) 3091-6455 ou (11) 3091-6454. Os funcionários do Cedir respondem às dúvidas pelo e-mail: cedir.cce@usp.br Mais informações no site: http://www.cce.usp.br/

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