Duzentos mil empregos “verdes” já criados e mais de 800 mil por chegar. As energias renováveis que continuam crescendo e cobrem 11% do consumo energético. Doze bilhões de euros de faturamento produzido pelos alívios fiscais para a construção ecológica. Esse é o retrato da “Green Italy”, para usar o título da pesquisa aos cuidados da Fundação Symbola e da Unioncamere [União Italiana das Câmeras de Comércio, Indústria, Artesanato e Agricultura] que será apresentada na sexta-feira em Monterubbiano, nas Marchas da Soft Economy que conjugam inovação ambiental e defesa das raízes territoriais.
A divisão se refere só a uma parte da Itália, mas é a parte que cresce. Se em nível global o estudo da Unep [Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em sua sigla em inglês] “Global Trends in Sustainable Energy Investiment 2009″ mostra como as empresas que escolheram as energias limpas em 2008 receberam investimentos de 155 bilhões de dólares, ultrapassando aquelas ligadas aos combustíveis fósseis, em nível nacional a relação entre sucesso e capacidade de inovação ambiental é confirmado pelo relatório sobre a “Green Italy”.
O dado de partida é uma divisão entre pequenas e médias empresas italianas, as que têm entre 20 e 499 empregados: 30% indica a “green economy” como instrumento para superar a crise. Já é um número alto, mas se formos ver como se chega a essa média de 30%, descobriremos que quanto mais se investe em inovação ambiental, mais as performances das empresas melhoram. O percentual das empresas verdes sobe para 33,6% nas firmas que olham para o mundo visando as exportações, para 41,2% nas empresas que cresceram economicamente também em 2009, e para 44,3% naquelas que elevaram a qualidade dos seus produtos.
“A Itália que surge desse relatório é um país que tem um papel a ser desenvolvido no palco internacional contanto que desenvolva suas potencialidades”, explica Ermete Realacci, presidente da Symbola. “Se o pavilhão italiano na Expo Xangai foi o mais visitado depois do chinês é porque ele representava o desafio que temos pela frente: apontar para as qualidades italianas, do hi-tech do cimento ao artesão que produz beleza e sentido, para sair da crise. Infelizmente, a lei financeira em discussão vai em direção oposta: não há traços dos alívios fiscais de 55% para a construção sustentável, os transportes públicos são penalizados, a confiança nos certificados verdes é minada. Aponta-se para a remissão em vez da inovação, aos ecoespertos em vez dos empresários capazes de competir no mundo”.
O relatório Symbola-Unioncamere documenta como as vantagens que seriam anulados pela lei financeira são consistentes. Por exemplo, o alívio fiscal de 55%, além da inversão de negócios de 12 bilhões, levou a um saldo positivo do ponto de vista dos benefícios econômicos, também levando-se em conta o fracassado bolo fiscal de 6,4 bilhões: em ativo, são calculados 3,3 bilhões de impostos, 3,8 bilhões de reavaliação dos imóveis, 3,2 bilhões de economia na conta energética. E o efeito-pêndulo que impediu o impacto da crise, transformando o trabalho sujo em trabalho verde.
A ecoreestruturação dos edifícios envolveu 600 mil famílias e levou à formação de um núcleo de operadores econômicos sintonizados nos novos padrões europeus: operários especializados nas técnicas de calafetagem, certificadores energéticos que emitem o atestado para a compra-e-venda das casas, pequenas indústrias para a produção dos materiais de baixo impacto ambiental, especialistas na recuperação dos rejeitos das demolições, “energy manager” [administradores de energia] para analisar os erros e abater os desperdícios.
E depois há as novas necessidades nos outros setores interessados na revolução verde (na Europa, já são contados 3,4 milhões de empregos “verdes”): os climatologistas que projetam as intervenções para enfrentar os efeitos do caos climáticos, os diplomatas do ambiente para acompanhar as negociações internacionais, os “faunistas” que trabalham na reconstrução dos habitats danificados, os pedólogos que intervêm na reorganização territorial e em sua melhoria, os especialistas de risco que propõem soluções para reduzir o perigo.
Justamente a riqueza da tipologia dos “green jobs” (mais de 80 figuras profissionais) demonstra que a economia verde não é um setor, mas sim um novo modo de pensar o sistema produtivo. De um lado, as mercadorias são re-projetadas levando-se em conta todo o ciclo de vida (design, produção, distribuição, descarte, reciclagem). De outro, nasce um equilíbrio diferente entre objetos e serviços com a agulha da balança que se desloca lentamente da posse ao uso, da aquisição de um bem ao de uma função (mais “car sharing” [carona] e menos carros, mais Web e menos DVDs).
“Trata-se de um salto tecnológico comparável ao da revolução da informática”, explica Ferruccio Dardanello, presidente da Unioncamere. “A economia verde é uma ocasião única para tornar mais competitivo o sistema empreendedor italiano, reorganizando-se em torno àqueles valores de qualidade e de proteção do território que, historicamente, determinaram o seu sucesso”.
Os sinais dessa mudança já são visíveis. No campo das energias renováveis, entre 2000 e 2009, o consumo de energia de fontes renováveis passou de 6,9% a 10,7%. No setor têxtil, cresce o mercado do tecido biológico. Na cerâmica, aponta-se para a reutilização dos descartes da produção. No setor do papel, se chegou ao recorde de 56,5% de matérias-primas que veem do processo de reciclagem. Na agricultura, a Itália é o maior exportador mundial de produtos biológicos em um valor de 900 milhões de euros. (EcoDebate)
O entendimento vem de acordo com o nível cultural e intelectual de cada pessoa. A aprendizagem, o conhecimento e a sabedoria surgem da necessidade, da vontade e da perseverança de agregar novos valores aos antigos já existentes.
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