sábado, 31 de julho de 2010

Tempos de insustentabilidade

Insustentabilidade é o que define melhor o estágio que a humanidade alcançou. Enquanto a preocupação rodeava a carência de alimentos para uma população mundial galopante (Malthus foi generoso na época), temos hoje indícios de que o planeta está em colapso. Talvez a profecia de “2012″ não seja tão alarmante a ponto de frear a ação de seres covardes e canalhas, que nada temem senão o decréscimo de seus lucros e o risco de que seus gozos terrenos sejam socializados por algum presidente de tendência esquerdista. Podemos acreditar que o ápice da maldade ainda está por alcançar-se antes da guinada vibratória que este planeta sofrerá (súbita ou lentamente?) afim de que sejam expulsos os maus elementos, que obstinam em caminhos funestos. Estiveram enganados os maias? Muitos deles dirigiram ou ainda gerem, a contragosto dos bem-intencionados, comunidades e países inteiros; inclusive há os que se intrometem noutras nações soberanas como se fossem policiais do mundo. Tentaram convencer, embora anacronicamente, que puderam ser representantes fieis do povo ou autoridades da causa comum. A história e a razão desmentem estes mitos. O dinheiro estimula o pecado, mas peca aquele que fraqueja. Caso contrário, não haveria espaço para alguns dos negócios mundiais mais rentáveis: tráfico de armas, de drogas, e exploração sexual e laboral. A maldade verte insaciavelmente. Cabeças rolam por causa do narcotráfico. Falta bom senso na política, ainda que sua arena desmistifique qualquer tentativa de consenso. Uma das expressões é a de que líderes sindicais do setor bananeiro protestam no Panamá contra uma nova lei que prejudica esta categoria de trabalhadores e prevê, por exemplo, a suspensão em caso de greve e o recurso à Polícia para proteger a empresa. A hierarquia social é opressiva. A sensação é de que aumenta a irreversibilidade da pobreza entre aqueles que sonham em abandonar a categoria. Manifestações populares confundem-se com baderna nas cidades latino-americanas. Assim se criminalizam movimentos sociais e passeatas que pretendem somente mostrar que há quem pensa diferentemente. O laboratório de fenômenos políticos e sociais na Bolívia recebe um novo experimento. Há vozes discrepantes sobre a participação da USAID na Bolívia: alguns acusam que a agência estadunidense intromete-se na vida política do país, como sustentam o presidente Evo Morales e parlamentares do partido Movimiento al Socialismo (MAS), enquanto outros são favoráveis ao resultado benéfico da transferência vultosa de recursos dos EUA a projetos de desenvolvimento, como de conservação de biodiversidade e promoção da saúde. Enquanto se grafitam estas linhas, pulula a recordação de quanta coisa poderia ser diferente na organização social, mas não só para agradar a mim ou a você senão ao maior número possível de cidadãos. As decisões mais importantes, no entanto, dependem de “representantes” ensimesmados ou grupos pequeníssimos que pensam de outra forma. Estão convictos de que, se houver mérito, alguns poderão enriquecer a despeito do empobrecimento de outros, que assistem à liquidação das poucas oportunidades com que contavam. É crença de muitos que o planeta tem-se degradado moralmente como se houvesse regressão do nível evolutivo. Um olhar mais atento deduziria que um número excedente de seres humanos tem tido a oportunidade de mostrar se merece ou não a “vibra” de “2012″ que se avizinha. Portanto, a maldade não piorou, mas há um número maior de humanos praticando-a. Quando a turma não é legal, procura-se outra. Ou se dispensam seres que não se enquadram. O planeta Terra é diverso, rico e estupendo. Sua riqueza, contudo, é tão incomensurável que destoa do que se acreditou que estivesse na cana, o ouro, o diamante, o petróleo, o dólar, o entorpecente, ou qualquer outro bem que descarrilou a humanidade. Cuidem-se aqueles que depositaram toda sua fé nestes bens materiais porque os terão em abundância em planos de existência onde não valem nada. O eco do vazio será ensurdecedor, assim como a visão de um paraíso de que não se pode desfrutar. O planeta virou um prostíbulo do que há de pior na evolução de qualquer espécie. Contudo, ainda há indivíduos com ideias vivificantes, entre tantos carrapatos da humanidade. Enquanto se deixa um planeta em frangalhos para a posteridade, não é justo que seus protagonistas colham o que estiveram longe de semear. Prestemos atenção nos exemplos edificantes que partem de onde menos esperávamos. Há seres bons entre tantos ruins. Você poderá ser um deles. Valorize-se. (EcoDebate)

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