domingo, 17 de julho de 2011

Aumento do desmate na Amazônia

Estudo do Imazon prevê aumento do desmate na Amazônia até julho de 2012
Ao longo de um ano, 7.134 km2 de florestas deverão ser derrubadas, um crescimento de 10,5% em relação ao período 2009-2010; sistema de previsão é importante para que o governo possa intensificar o combate ao desmatamento, afirma especialista.
Um estudo do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) mostra que o desmatamento do bioma deve subir no período de agosto deste ano a julho de 2012. A maior parte das florestas sob-risco está no Pará.
Em campo
Funcionário do IBAMA fiscaliza assentamento Praia Alta-Piranheira, no Pará, Estudo que deve concentrar a maior parte do desmatamento futuro
O boletim, obtido com exclusividade pelo Estado, estima para o período analisado uma taxa de desmatamento anual de 7.134 km² - um aumento de 10,5% em relação ao observado em 2009/2010, quando foram destruídos 6.451 km² de floresta.
A previsão reflete as últimas informações sobre desmatamento, que apontam alta no corte de árvores da Amazônia.
De acordo com o estudo, as áreas com maior probabilidade de desmatamento se concentram ao longo da Rodovia Transamazônica (BR-230) e Cuiabá- Santarém (BR-163), além da região da Terra do Meio, no Pará.
O mapeamento foi feito por meio de um modelo computacional que levou em conta o padrão do desmatamento ocorrido no passado na Amazônia e as condições de acesso às áreas.
O pesquisador do Imazon Márcio Sales, estatístico e mestre em geografia pela Universidade da Califórnia em Santa Barbara (EUA), explica alguns fatores incluídos nesse modelo. A distância para estradas e rios navegáveis é importante, pois, quanto mais perto deles, mais fácil é para chegar ao local e escoar a madeira explorada.
A topografia das áreas também foi observada - áreas com muita declividade são mais difíceis de aproveitar para outras atividades, como agricultura.
O Amazonas, por exemplo, aparece no levantamento com risco baixo de desmate. "O Estado não tem histórico forte de desmatamento e grande parte das florestas ainda está em regiões de difícil acesso", conta Sales.
As áreas mais problemáticas são as privadas - correspondem a 65% das que estão sob-risco. Os assentamentos aparecem em segundo lugar (24%).
Os três municípios que mais preocupam estão no Pará. No primeiro, Pacajá, podem ser desmatados 250 km² - o equivalente a metade do município de Bertioga (SP). Altamira pode perder 170 km² de floresta (área maior que o município de Guarujá) e São Félix do Xingu, 140 km² (área semelhante à de Cubatão).
Importância
Para o consultor Tasso Azevedo, ex-diretor do Serviço Florestal Brasileiro (SFB), o estudo segue uma linha muito importante: a de "antecipar o desmatamento".
Ele lembra que já temos o Programa de Cálculo do Desflorestamento da Amazônia (Prodes), que dá a informação do passado. Ele mede, desde 1998, as taxas anuais de desmatamento da floresta. E há outros dois programas que ajudam a ver, com satélites, o desmatamento no presente - o Sistema de Detecção de Desmatamentos em Tempo Real (Deter), do governo federal, e o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Imazon.
"Este estudo dá a informação do futuro. Com isso, temos um sistema muito robusto como ferramenta para intensificar o combate ao desmatamento", afirma.
O pesquisador do Imazon concorda. "A ideia é que esses dados façam parte da caixa de ferramentas do controle do desmatamento", diz Sales, ressaltando que as áreas com maior risco devem ser priorizadas pelo governo.
O Ministério do Meio Ambiente preferiu não comentar o estudo, "por considerar que ainda não foi divulgado oficialmente". O Estado do Pará não respondeu até o fechamento desta edição.
PARA LEMBRAR
Em maio houve o desmate de 267,9 km² na Amazônia, segundo o sistema Deter, do INPE. O aumento foi de 144,4%, comparado ao mesmo mês de 2010. Mas a situação foi ainda pior em março e abril - o desmate chegou a 480,3 km² só em Mato Grosso. Com a explosão, o governo criou um gabinete de crise e intensificou a fiscalização. (OESP)

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